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Agrotóxicos representam até 25% do custo variável do arroz

Relatório publicado nesta semana pela Conab mostra que margem de lucro no arroz é mínima. Quase todo dinheiro arrecadado se destina a agrotóxicos, fertilizantes e sementes

Foi lançado nesta quarta-feira (21) o 4º volume da série Compêndio de Estudos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A publicação faz uma análise sobre os custos de produção do arroz e revela algo que já temos alertado há tempos: o “espetacular PIB do agronegócio”, aquele que sempre “salva” a economia, na verdade salva apenas o bolso das empresas transnacionais. No final, bem pouco ou quase nada fica no bolso dos produtores.

O relatório faz uma análise dos custos variáveis, ou seja, aqueles custos necessários somente quando há produção: agrotóxicos, fertilizantes, operação com máquinas e sementes. Em alguns casos, esses itens abocanham quase tudo que o produtor recebe: em Itaqui/Uruguaiana (RS), os custos variáveis em 2016 foram em média de R$34 por saca de arroz, ao passo que o produtor ganhou apenas R$41 vendendo a mesma saca. O relatório não fala sobre o custo total, mas incluindo os custos fixos e de logística, é bem provável que haja prejuízo.

O primeiro ponto curioso é a relação entre custo variável e produtividade. Diriam os defensores do agronegócio: “É justo gastar mais com insumos e tecnologia, pois a produtividade será maior”. Pois o gráfico mostrado no relatório diz justamente o contrário: os dois municípios com maior gasto em tecnologia – Balsas (MA) e Sorriso (MT) – tiveram o pior desempenho em produtividade.

Em relação aos agrotóxicos, na produção em Sorriso (MT), 25% do custo variável foi gasto com agrotóxicos. No final das contas, dos R$54 reais recebidos por saca de 60kg, R$9 foram gastos com agrotóxicos. Vê-se claramente que o preço do veneno, profundamente dependente do mercado externo, impacta diretamente o preço do alimento. Sinop foi quem mais gastou com agrotóxico, e que teve o preço da saca mais caro. Com os fertilizantes, o efeito é ainda mais extremo: chega a representar 43% do custo variável.

Mais uma vez, fica provado a quem o modelo do agronegócio serve: às transnacionais da sementes, agrotóxicos, fertilizantes, logística, processamento, etc. Os ruralistas brasileiros, que defendem com unhas e dentes esse modelo, são na verdade patetas brigando pelas migalhas. Não somos nós que dizemos: é a própria Conab.

Fpmte – Alan Tygel, Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida de 25 de dezembro de 2017

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