Por Elton Alisson - Agência FAPESP - Um consórcio composto por pesquisadores de mais de…
Campanha não fracking Brasil inicia ofensiva no Maranhão
Vereadores que estavam na sessão ordinária da Câmara Municipal de São João dos Patos quando foi lido o Projeto de Lei Substitutivo N° 01/2016: Magão (à esquerda), Cidielson, José Wlisses, a presidente da Câmara, Rilda Lúcia, Raimundo Filho, Márcio do Kizoeira, Aguimar Mundim e Tio Jardel. Também estavam na sessão Dedé Paulista e Raimundo Noleto. Foto: CMSJP
Câmara de Vereadores de São João dos Patos, localizada no Leste do estado, inicia a apreciação de projeto de Lei que proíbe o fraturamento hidráulico para extração do gás de xisto
Os vereadores de São João dos Patos começaram a analisar na última segunda-feira, 28, projeto de Lei que proíbe o fraturamento hidráulico, método não convencional altamente poluente para extração do gás de xisto que está a grandes profundidades. O Maranhão é um dos 15 estados brasileiros que já tiveram o subsolo vendido pela Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP) em 2013 e estão na rota do Fracking.
Fraturamento hidráulico, ou FRACKING, é o nome que dá à tecnologia que injeta em altíssima pressão no subsolo 70 milhões de litros de água, misturados a toneladas de areia e um coquetel de 720 substâncias químicas, muitas tóxicas, cancerígenas e até radioativas. Após fraturar a rocha para liberar o gás metano, parte deste fluído tóxico permanece no subsolo contaminando os aquíferos. O que volta à superfície contamina rios e córregos, polui o ar, torna o solo infértil para a agricultura e pecuária e elimina a biodiversidade. Proibido em vários países, estudos comprovam que viver próximo aos poços de Fracking está provocando câncer, abortamentos e nascimentos prematuros, infertilidade e doenças neurais e respiratórias nas pessoas. Animais e toda a biodiversidade também são impactados pelos fluidos.
Por iniciativa do vereador Tio Jardel, São João dos Patos é a primeira cidade do Maranhão a debater um projeto de Lei para proibir operações de Fracking. Após a leitura, a proposição começa a tramitar nas comissões permanentes da Casa antes de ser apreciado em plenário.
Ele conta que em abril deste ano participou da Marcha dos Vereadores em Brasília e assistiu a palestra de Juliano Bueno de Araujo, coordenador de Campanhas Climáticas da 350.org e fundador da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida.
“Foi um choque saber que a água, tão escassa em nossa região Nordeste, poderia ser usada e contaminada com essa tecnologia. Imediatamente procurei me informar sobre os riscos e impactos e a sensibilizar nossos parceiros de Câmara para impedirmos que o Fracking aconteça na nossa cidade”, lembrou Tio Jardel.
Avanço no Nordeste
Mas o compromisso com o meio ambiente do vereador vai além da proibição em São João dos Patos. “Estou empenhado em fazer com que dezenas de cidades do meu Maranhão também aprovem o projeto de Lei proibindo essa catástrofe que é o Fracking”, garantiu.
A campanha Não Fracking Brasil está avançando no Brasil para impedir que a exploração do gás de xisto aconteça em nosso país. São João dos Patos é a primeira cidade do Maranhão a proibir o Fracking e será a segunda do Nordeste, junto com Aracati no Ceará. No Paraná, pelo menos 190 cidades já proibiram ou estão discutindo o banimento e a Assembleia Legislativa acaba de proibir o Fracking por 10 anos.
Para Juliano Bueno de Araujo, “estamos ampliando o alcance da campanha graças à parceria de entidades da sociedade civil e a compreensão de parlamentares e gestores públicos de que o Fracking é uma séria e real ameaça as nossas reservas de água, áreas de floresta, campos produtivos e para a saúde das pessoas. Temos que impedir que isso aconteça e a informação e mobilização da sociedade são a melhor forma de garantir que a indústria dos combustíveis fósseis não irá prosperar no Brasil”.
Além dos impactos ambientais, econômicos e sociais, o Fracking também provoca terremotos e contribui para o aquecimento global ao liberar e queimar o metano, gás de efeito estufa 86 vezes mais poluente que o dióxido de carbono.
“O Brasil tem grande potencial para a geração de energias renováveis, especialmente o Nordeste brasileiro. É um contrassenso investir em um combustível fóssil, quando podemos ter uma matriz energética 100% limpa, segura e livre”, argumentou Juliano.
Fonte – Silvia Calciolari, Não Fracking Brasil de 29 de novembro de 2016
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