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China. “Arpocalipse” obriga milhares a fugir das cidades mais poluídas

STRINGER/ REUTERS

Desde sexta-feira que os céus da China foram invadidos por uma grande quantidade de partículas nocivas que põe em risco a saúde de quase 500 milhões de pessoas

Refugiados do smog” (espécie de nevoeiro denso causado pela poluição) foi o termo utilizado pelo jornal britânico “The Guardian” para denominar os milhares de pessoas que estão a fugir das áreas mais poluídas no norte da China. Esta quarta-feira é o sexto dia em que o país está em alerta vermelho.

Shijiazhuang, na província de Hebei, é a cidade chinesa mais poluída, com uma concentração de partículas PM2.5 – as mais finas e suscetíveis de se infiltrarem nos pulmões –, 29 vezes acima do nível máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde, segundo a Lusa. Ao fim de seis dias sob alerta máximo, o departamento de Educação da cidade decidiu fechar as escolas, o que provocou descontentamento popular devido à resposta tardia.

Estima-se que o espesso manto de poluição que cobre grande parte do norte da China esteja a afetar 460 milhões de pessoas, o que equivale à população total somada dos Estados Unidos, Canadá e México. Milhares estão a tentar deixar o país ou a deslocar-se para regiões menos poluídas. A Ctrip, principal agência de viagens chinesa, espera que ocorram cerca de 150 mil viagens para o estrangeiro este mês, motivadas pela poluição. Os destinos mais procurados são a Austrália, a Indonésia, o Japão e as Maldivas.

Jiang Aoshuang, o marido e o filho de dez anos representam uma das muitas famílias que fogem da poluição. Para evitarem complicações nos pulmões, partiram com destino a um resort em Chongli. Mas não foram os únicos. Em declarações ao “Global Times”, citada pelo “The Guardian”, Jiang referiu que o resort “parecia um campo de refugiados”, pois estava cheio de pessoas que procuraram escapar das cidades mais afetadas.

Também Yang Xinglin escolheu Chongli para fugir da vaga de poluição. Para tal, teve de pedir dispensa do seu trabalho. “Pergunta-me porque é que eu saí de Pequim? Porque quero viver”, disse a mulher de 27 anos em declarações ao “The Guardian”.

No entanto, escapar das zonas perigosas não tem sido fácil. De acordo com o “China Daily”, citado pelo jornal britânico, a espécie de nevoeiro denso causado pela poluição paralisou aeroportos por todo o norte do país. O aeroporto Nanuan de Pequim cancelou todos os voos na terça-feira, enquanto o aeroporto internacional de Pequim cancelou pelo menos 273 voos.

Lauri Myllyvirta, um ativista da Greenpeace em Pequim, tem relatado na sua conta de Twitter como tem sido viver debaixo de um nível tão alto de poluição. Conta que para proteger os seus pulmões tem evitado sair de casa e usa dois purificadores de ar e uma máscara “que o faz parecer como o Darth Vader”. Numa foto que publicou na rede social com a sua máscara, o ativista referiu que “durante a noite colocou os dois purificadores de ar no quarto e que de manhã a cozinha e a sala de estar estavam com níveis perigosos” de partículas nocivas.

Uma queda no uso de carvão e, consequentemente, na poluição do ar é provável que ocorra nos próximos três a cinco anos, pois cada vez mais medidas estão a ser tomadas para reestruturar a economia e preservar o ambiente. Mas, por agora, a única opção para a população é o exílio temporário ou permanente das áreas mais perigosas. De acordo com Myllyvirta, várias empresas também se queixam que é “difícil recrutar talento”, pois as pessoas recusam-se a vir “para um lugar com o ar terrivelmente poluído”.

Fonte – Expresso de 21 de dezembro de 2016

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