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Cidades precisam dobrar investimento para proteger nascentes e mananciais

Sistema Cantareira (Foto: Luis Moura/WPP / Ag O Globo)A represa do Sistema Cantareira, em São Paulo, em foto de 2014 (Foto: Luis Moura/WPP / Ag. O Globo)

Segundo um estudo, com US$ 2 por pessoa por ano, é possível conservar mananciais e garantir água limpa para cidades de médio e grande porte

Cidades como São Paulo descobriram, da pior forma, o que acontece quando não se presta atenção para a conservação das florestas nas áreas de nascentes e mananciais: uma seca severa impactando vidas, a economia e o meio ambiente. Esse tipo de crise, no entanto, pode ser evitado se houver investimentos robustos em conservação. Um estudo publicado nesta quinta-feira (12), no entanto, mostra que o valor do investimento ainda está longe do ideal: ele precisa dobrar.

O estudo foi feito pela ONG internacional The Nature Conservancy (TNC). Ela avaliou a situação do abastecimento de água em 4 mil cidades, de médio e grande porte, de todo o mundo, incluindo o Brasil, e a conservação dos mananciais que essas cidades usam.

 

Segundo o estudo, essas cidades investem hoje cerca de US$ 24 bilhões por ano com programas de conservação de mananciais, como os Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA). São programas que direcionam recursos para proprietários, empresas e municípios que mantêm as florestas em pé ou reflorestam as áreas das nascentes. Porém, para garantir segurança hídrica, os autores sugerem que o investimento somado dessas cidades precisa chegar a US$ 48 bilhões.

“Esse valor parece alto, mas, quando calculamos de acordo com a população, vemos que é apenas US$ 2 por pessoa por ano. É um investimento social relativamente baixo se comparado ao benefício que isso vai trazer”, diz Gilberto Tiepolo, gerente adjunto de conservação da TNC. “Uma bacia hidrográfica protegida vai ter mais água na estação seca, que é quando mais precisa, e menos água na estação chuvosa, minimizando o impacto das enchentes.”

O relatório mostra que, em muitos casos, esse investimento nem sequer significa dinheiro adicional. Para uma em cada seis cidades estudadas, o valor necessário poderia ser bancado apenas com os benefícios gerados por restauração florestal. Isso porque as florestas diminuem a carga de sedimentos e nutrientes nos corpos d’água, exigindo menor quantidade de produto químico nas estações de tratamento. Só essa redução da necessidade de tratamento de água pagaria os esforços em conservação. “O estudo mostra que vale a pena investir em conservação. É uma forma de fazer a natureza trabalhar para a sociedade“, diz Tiepolo.

O estudo apresenta casos de programas de Pagamentos por Serviços Ambientais para a conservação da água que estão dando certo. Há vários projetos brasileiros. Um deles é no Rio de Janeiro, na região do Rio Guandu. Nesse projeto, o comitê de bacias decidiu alocar uma parte do recurso pago na conta de água para a conservação de florestas e matas em áreas de mananciais.

Em São Paulo, que foi castigada pela crise hídrica nos últimos anos, também há boas iniciativas com o reflorestamento de encostas. Porém, Tiepolo alerta que a crise hídrica ainda não acabou. “Nós já vencemos a parte crítica da crise. Mas ela está longe de ser superada.” É preciso continuar os esforços em usar racionalmente a água, diminuir perdas e avançar no saneamento, além de preservar as matas da Cantareira.

Fonte – Bruno Calixto, Blog do Planeta de 13 de janeiro de 2017

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