skip to Main Content

Coerência e compromisso com a vida prevalecem em Wenceslau Braz (PR)

A população de Wenceslau Braz foi mobilizada e participou das discussões para barrar o fracking na cidade.

Para livrar a cidade da contaminação, vereadoras e vereadores derrubaram veto do Executivo e seguiram desejo da população que não querem a extração do gás de xisto do subsolo

As vereadoras e vereadores de Wenceslau Braz, cidade com pouco mais de 22 mil habitantes do Norte Pioneiro do Paraná, derrubaram essa semana o veto do Executivo ao projeto de Lei 01/2017 que proíbe operações de fraturamento hidráulico (fracking) para extração do gás de xisto do subsolo. Aprovado por unanimidade no começo do mês, o projeto contou com amplo apoio da comunidade, lideranças políticas, religiosas e dos movimentos ambientais da cidade.

“E foi também por unanimidade que nós derrubamos esse veto, numa clara demonstração que Wenceslau Braz está em sintonia com a sociedade para banir essa forma de produção de gás que contamina a água, o solo e ar, faz as pessoas adoecerem e ainda provoca terremotos. Não queremos fracking na nossa cidade”, afirmou o presidente da Câmara Municipal, Vereador Beto do Esporte, que também é autor da proposição. Com a decisão, o Executivo tem até segunda-feira, 24, para publicar. “Se não o fizerem, a Câmara fará valer a legislação”, adiantou.

Patrícia Watfe (à esquerda), Izabel Marson e o Vereador Beto do Esporte, Presidente da Câmara Municipal de Wenceslau Braz.

Riscos

A professora e voluntária da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida, Izabel Marson, acompanhou a apreciação do veto e exaltou o resultado da votação. “Wenceslau Braz está em sintonia com dezenas de cidades do Norte Pioneiro, que já aprovaram legislação banindo a tecnologia altamente poluente que impacta o meio ambiente, a economia e a vida das pessoas”. Izabel esteve acompanhada de Patrícia Watfe, também voluntária da campanha na região.

Além da emissão de metano que contribui no aquecimento global, o fracking também provoca microssismos que em alguns casos desencadeiam tremores maiores que podem ser sentidos pelas populações locais. “Onde a técnica é empregada a vida deixa de existir devido ao alto nível de poluição. Não podemos permitir que esse tipo de empreendimento se instale em nossa região e devemos lutar em Wenceslau Braz e nas cidades vizinhas”, destacou Izabel.

Ela ainda relembra que a passagem pela região Norte Pioneiro do Paraná do comboio de caminhões vibradores contratados pela Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP) para prospectar petróleo e gás ainda permanece na memória dos paranaenses. Na memória e no bolso, já que mais de um ano após a realização dos testes para aquisição sísmica, quando são induzidos terremotos para verificar a composição geológica do subsolo, nenhum morador foi ressarcido. Centenas de residências na região apresentaram rachaduras, das quais dezenas tiveram danos que comprometem a sua utilização.

Dezenas de municípios já criaram suas regulamentações em relação à proibição do fracking no Norte e Norte Pioneiro do Paraná. Esta semana Conselheiro Mairinck teve publicada a Lei 618/2017, assim como Santo Antonio do Paraíso. No Brasil, estados como Ceará, Maranhão, São Paulo e Mato Grosso também avançam na discussão e aprovação de legislação. O Estado do Paraná foi o primeiro no país a suspender por 10 anos a emissão licenças para operações de fracking, inclusive para a fase dos testes sísmicos.

Em Jaguariaíva, vereadores e vereadoras também debatem os riscos e perigos do fracking.

Proibição

Juliano Bueno de Araujo, coordenador nacional da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida – e coordenador de Campanhas climáticas da 350.org, acredita que o veto do Executivo foi fruto de um desconhecimento da lei e falta de consciência ambiental. “Essa proibição já vigora em mais de 300 municípios do Brasil, visto as consequências desastrosas do fracking, e nunca tivemos um veto. Porém, o compromisso com a vida e as futuras gerações falou mais alto e agora Wenceslau Braz está protegida”, disse.

Desde 2013 a campanha Não Fracking Brasil está mobilizando milhões de brasileiros em centenas de cidades para informar sobre os riscos e perigos do fracking e impedir que essa tecnologia seja implantada no país. “Além de todos os impactos, não podemos deixar de destacar o uso indevido de água nesse processo e a possibilidade de contaminação da mesma. Trocar água por minérios ou gases vai contra todas as vertentes de proteção ao meio ambiente e ao próprio patrimônio”, alertou Juliano.

Em Abatiá, discussão está avançada e uma audiência pública está programada para a semana que vem.

Fonte – Não Fracking Brasil de 20 de abril de 2017

Este Post tem 0 Comentários

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Back To Top