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Contaminação transgênica – coexistência impossível

Campanha por um Brasil livre de transgênicos de 20 de junho de 2007

Nesta semana em que a CTNBio deve decidir sobre a liberação comercial de mais duas variedades de milho transgênico, este Boletim apresentará diariamente casos concretos de agricultores prejudicados pela contaminação. São exemplos de uma situação bem mais ampla que reforçam a necessidade de se proibir os transgênicos.

Caso 2
Contaminação de produção orgânica em São Miguel do Iguaçu-PR

Quando a família Guerini mudou-se para São Miguel do Iguaçu, a escolha da propriedade foi feita de acordo com o projeto de agricultura que eles queriam implantar. Após mais de 20 anos de sojicultura no Paraguai, a proposta era trabalhar com a agricultura orgânica, menos impactante ao meio ambiente. Buscando um maior equilíbrio da propriedade como um todo, deram preferência para uma área que tem 1.500 metros de fronteira com o Parque Nacional do Iguaçu, uma das mais importantes Unidades de Conservação do mundo.

Soja e milho são os principais cultivos anuais produzidos na propriedade, que juntos somam de lavouras. A vizinhança é formada por extensas monoculturas: soja no verão e milho na safrinha.

Sílvio conta que o equilíbrio ecológico resultante de ser vizinho do parque é anulado pelos agrotóxicos usados nas áreas vizinhas. “Na época da soja o cheiro de veneno entra dentro de casa”, lamenta. Além disso, as pragas acabam sendo “empurradas” para sua área, seja por efeito das pulverizações, seja pela colheita praticamente simultânea dos vizinhos que as deixa sem alimento.

Na safra de 2006/07 um novo fator veio dificultar ainda mais a atividade dos Guerini: a contaminação de sua soja orgânica pela transgênica. A colheita na propriedade é feita com maquinário próprio e que só trabalha ali. Assim, essa possível fonte de contaminação fica descartada. As sementes usadas eram certificadas e não acusaram presença de transgênicos quando testadas pelo método PCR.

Apenas a primeira carga comercializada acusou contaminação por transgênicos. A única diferença entre esta e as demais foi o transporte até a empresa comercializadora, a Gebana. A primeira foi feita com caminhão da empresa e as demais com caminhão próprio. Já atento para o problema, Sílvio acompanhou a varredura do caminhão antes da primeira carga. Mesmo assim, esta parte da produção não pôde ser vendida como orgânica.

Sílvio queixa-se do abandono por parte do poder público, que ao invés de estimular uma agricultura mais sustentável, acaba dificultando-a. Como exemplo cita os resultados prejudiciais da Medida Provisória 327, que reduziu de 10 km para 500 metros a zona de amortecimento no entorno das áreas de conservação onde era proibido plantar soja transgênica.

Com a redução dessas que eram as únicas áreas livres de transgênicos no País, seus vizinhos passaram a adotar as sementes modificadas, aumentando assim não só o uso de herbicida nas proximidades do Parque, como também os riscos de contaminação de sua produção orgânica.

Apesar de inexistirem no Brasil estatísticas oficiais sobre este assunto, os relatos sobre agricultores que são obrigados a abandonar o sistema orgânico de produção têm crescido a cada safra e se multiplicam nos principais estados produtores de soja.

Tomando-se como exemplo o caso da Gebana, em 2006 foram identificados 04 casos de contaminação; o número aumentou em mais de 100% em 2007, passando para 09 casos.

Os agricultores que possuem contrato com a Gebana representam um universo pequeno do problema da contaminação, mas ilustram perfeitamente a situação verificada na produção de soja no Brasil.

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