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Estudo do Parlamento Europeu mostra benefícios à saúde dos orgânicos

Estudos mostraram que consumidores que preferem comida orgânica possuem padrões gerais de dieta mais saudáveis

Um estudo conduzido pelo Serviço Independente de Pesquisa do Parlamento Europeu, chamado “Human health implications of organic food and organic agriculture” (Implicações na saúde humana da comida orgânica e da agricultura orgânica) concluiu que comer comida orgânica melhora o desenvolvimento infantil, reduz a exposição a agrotóxicos, reforça o valor nutricional dos alimentos e mitiga os riscos de doenças.

As descobertas confirmam conclusões de estudos anteriores do European Journal of Nutrition & Food Safety, de que consumidores que preferem comida orgânica possuem um padrão alimentar geral mais saudável, o que foi confirmado por outros estudos e publicações.

A demanda de consumidores por alimentos orgânicos está crescendo rapidamente. Em 2014, consumidores no mundo inteiro gastaram U$80 bilhões consumindo produtos orgânicos, de acordo com o Research Institute of Organic Agriculture (FiBL). Alguns são motivados pela preocupação com as consequências para o meio ambiente de suas decisões, enquanto outros têm o foco nos benefícios à saúde de comer de forma sustentável.

Um selo orgânico indica que quase todos os insumos sintéticos como agrotóxicos são proibidos. Além disso, rotações de culturas são necessárias para aumentar a biodiversidade do solo. A agricultura orgânica é um sistema de produção holístico que promove e melhora a saúde do agroecossistema.

Ainda que os autores concordem que mais estudos são necessários para entender as evidências completamente, a pesquisa do Parlamento Europeu explorou os benefícios da comida e agricultura orgânicas na saúde humana. Estudos anteriores encontraram inúmeras vantagens para consumidores de comida orgânica, incluindo:

  • Redução de ocorrência de obesidade adulta e diabetes tipo 2;
  • Redução da incidência de doenças cardiovasculares;
  • Redução do impacto ambiental devido a menor emissão de gases de efeito estufa;
  • Redução da exposição a agrotóxicos pela comida, o que melhora o desenvolvimento cognitivo;
  • Redução da prevalência de alergias em adolescentes;
  • Redução da vulnerabilidade a metais pesados como cádmio, comumente encontrado em fertilizantes sintéticos;
  • Redução do risco de resistência a antibióticos.

Peter Melchett, diretor de políticas da Associação dos Solos (Soil Association) afirma: “Vendas de alimentos orgânicos têm crescido fortemente nos últimos 3 anos, e a razão chave para isso é que as pessoas sentem que é melhor para sua família – por isso, mais da metade das comidas bebês vendidas no Reino Unido é orgânica. Este novo estudo científico independente confirma que as pessoas estão corretas.”

De acordo com a Federação Internacional do Movimento de Agricultura Orgânica (IFOAM), o interesse de consumidores em alimentos orgânicos resultou num crescimento de 138% nas vendas desde 2004. O IFOAM avalia este setor da indústria de alimentos em U$36,2 bilhões, fazendo da Europa o segundo maior mercado de orgânicos, atrás dos EUA. Além disso, o consumo per capita de alimentos orgânicos quase dobrou na última década.

Porém, o desenvolvimento de terras manejadas de forma orgânica cresce aquém da demanda. O relatório Alimentos Orgânicos na Europa: Projeções e Desenvolvimento 2016 mostra que 5,7% da área agricultável é manejada de forma orgânica, mas o crescimento anual desacelerou 1,1% em 2014. Portanto, o movimento de alimentação orgânica ainda tem muito espaço a crescer.

Comentário da Campanha: Apesar de reconhecermos a profunda importância deste estudo, tanto pelas suas descobertas quanto pelo poder simbólico que representa o Parlamente Europeu, é preciso demarcar as diferenças entre o contexto europeu e o brasileiro. Enquanto o estudo parece focado no “consumo de orgânicos” (certificados) e na “saúde do consumidor”, nós entendemos que a questão central no Brasil é o desenvolvimento da agroecologia enquanto estratégia de desenvolvimento no campo em oposição ao agronegócio. Este modelo da agroecologia traz muito mais do que saúde para o consumidor (que pode pagar pelo orgânico): traz vida digna e saudável para quem produz o alimento, e alimentos saudáveis acessíveis à população pobre das cidades, que hoje tem sua saúde e cultura devastadas pelos alimentos ultra-processados.

Fonte – Joey DeMarco, Food Tank / traduzido pela Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida de 10 de janeiro de 2017

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