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Glifosato, a OMS e a saúde nas mãos de quem?

“Este documentário viaja pelo mundo, mostrando a realidade de um país que apostou no cultivo de soja, em detrimento da saúde, contaminando indiscriminadamente os alimentos e a água, além de estar destruindo a diversidade do antigo celeiro do mundo, após uma desertificação verde tóxica. Danos colaterais que não puderam ser ignorados nem pela OMS, nem por aqueles que tentam saná-los, e cujas causas seguirão gerando vítimas, ao mesmo passo que as doações, para ocultá-las”.

Quase nenhuma organização no mundo tem uma tarefa mais importante do que a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Estão aos seus cuidados a saúde das pessoas e a sua prevenção contra doenças. Os críticos, no entanto, acusam a OMS, que muitas vezes agem em favor da economia e menos pelo bem da humanidade. Esta crítica se justifica?

Quando uma epidemia ameaça propagar um vírus perigoso é da Organização Mundial de Saúde (OMS) que se exige. Seus sucessos são indiscutíveis, pois apenas com seus programas de vacinação já salva milhões de vidas. Mas uma e outra vez, a Autoridade também falha, por exemplo, durante a crise de Ebola.

Mais de 11 mil pessoas morreram em decorrência do vírus.

A OMS levou a sério as advertências e inicialmente respondeu rapidamente. O que agora está acontecendo de maneira inversa com a autoridade. Mas chegamos a aprender com o Ebola? As recomendações da OMS também levantam questões acerca da luta contra a tuberculose.

O mesmo se aplica à avaliação dos riscos dos agentes de controle de plantas daninhas com o uso de glifosato, considerado “provavelmente cancerígeno“. Outro problema é a atitude quando se trata de energia nuclear, em virtude de um acordo entre a OMS e a Agência Internacional de Energia Atômica, órgão que obviamente é obrigado a coordenar a investigação acerca das consequências da radiação para a saúde humana com os interesses da indústria nuclear.

Muitos especialistas em saúde exigem uma reforma fundamental. Em particular, o financiamento da OMS era um problema devido à crescente participação de doadores privados, de maneira que a sua independência pudesse ser ameaçada. Um dos maiores financiadores é a Fundação Bill e Melinda Gates.

Com campanhas de vacinação de base ampla os fundadores têm contribuído muito para a saúde das pessoas, mas as suas doações também influenciam fortemente na orientação da Organização Mundial da Saúde.

A OMS, assim como os críticos, agora depende de um gotejamento da Fundação Gates. Existe alguma verdade na acusação? Os autores Jutta Pinzler e Tatjana Mischke falaram com os críticos e apoiadores da política da OMS, além de realizarem entrevistas com os doadores e com os povos da África, América do Sul e Europa, que são diretamente afetados pelas decisões de Genebra.

A equipe de filmagem alemã visitou a Argentina, em dezembro de 2015, para a primeira reportagem, feita em La Criolla, na província de Santa Fé. O caso de Sofía Vargas, que foi publicado em 2014 faz parte do documentário de 90 minutos em alemão e francês. No caminho para a província de Santa Fé, recebemos a triste notícia da morte de meu amigo e guia, o pediatra Dr. Rodolfo Páramo, de Malabrigo, cidade que era o próximo destino da equipe de filmagem para entrevistá-lo.

Com profunda dor, voltei a Buenos Aires, e os jornalistas continuaram até Resistencia Chaco para filmar com o Dr. Horacio Lucero, um dos mais respeitados cientistas, grande amigo e companheiro de lutas, com uma ampla cronologia de casos de malformações de pacientes próprios afetados pela pulverização de agrotóxicos.

O último destino era Mercedes, em Buenos Aires, onde nos esperavam Pepe Milesi e sua família, para contar a história de Estanislao “Tani”, banhado por pesticidas de um avião que não fechou os seus bicos de pulverização ao sair do campo, ao lado da casa de Milesi. Sua história foi publicada em 2011.

Com grande alegria atualmente podemos ver esses casos de ampla repercussão em nosso país e que são parte de uma ação apresentada perante a Corte Suprema, que hoje ainda está em processo de julgamento no Tribunal Distrital Federal, nos Assuntos Administrativos Nº 3 da Capital Federal, a cargo da Dr. Claudia Rodríguez Vidal.

Este documentário viaja pelo mundo, mostrando a realidade de um país que apostou no cultivo de soja, em detrimento da saúde, contaminando indiscriminadamente os alimentos e a água, além de estar destruindo a diversidade do antigo celeiro do mundo, após uma desertificação verde tóxica. Danos colaterais que não puderam ser ignorados nem pela OMS, nem por aqueles que tentam saná-los, e cujas causas seguirão gerando vítimas, ao mesmo passo que as doações, para ocultá-las.

Fonte – Graciela Vizcay Gomez, Alai / tradução Henrique Denis Lucas, IHU de 19 de abril de 2017

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