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Incineração será discutida em audiência pública em Foz do Iguaçu

Uma audiência pública, que acontecerá no dia 09 de agosto das 15 às 18 horas, na Câmara de Vereadores de Foz do Iguaçu vai discutir os riscos e males causados pela tecnologia de incineração do lixo urbano no Estado. Os catadores de materiais recicláveis discordam da adoção dessa prática, altamente nociva dos pontos de vista socioeconômico e ambiental, mas que tem seduzido cada vez mais as prefeituras e os consórcios regionais de municípios, pois está sendo apresentada como alternativa fácil, embora fruto de um investimento muito caro, para a eliminação dos resíduos desde as pequenas até as grandes cidades paranaenses. Mas para funcionar e gerar energia, essas usinas de incineração precisam manipular um volume extraordinário de resíduos sólidos, o que vai além da produção do lixo que não pode ser reciclado, os tais “rejeitos”.

A audiência foi proposta pelo FÓRUM ESTADUAL LIXO E CIDADANIA e pelo FÓRUM REGIONAL LIXO E CIDADANIA DA BPIII e vai contar com a participação da Procuradora do Trabalho e coordenadora-executiva do Fórum Lixo e Cidadania do Paraná, Margaret Matos de Carvalho, do Procurador do Trabalho Fábio Alcure, do Professor da Universidade Estadual de Maringá, Jorge Villalobos, do Procurador de Justiça e Coordenador do Centro de Apoio às Promotorias de Meio Ambiente, Saint-Clair Honorato Santos, do integrante do Movimento Nacional de Catadores, Carlos Alencastro Cavalcanti e do Presidente da Câmara de Vereadores de Foz do Iguaçu, Edílio João Dall´Agnol.

“A implantação de qualquer unidade incineradora significa um investimento alto”, informa a Procuradora Margaret Matos de Carvalho.“Não se recupera um investimento desse porte. É o que chamamos de balanço negativo, uma vez que o equipamento será deteriorado antes que seja recuperado o valor do seu investimento”, disse. Ela lembra ainda que além de Foz do Iguaçu, outros municipios do interior do Estado se organizam para instalação de usina de incineração. “Sabemos que o recurso envolvido no investimento é público e as empresas privadas não arcam com nenhum prejuízo, pois os municípios devem continuar pagando para a empresa incinerar e que se transforma em imposto para a sociedade”, completou.

A emissão de poluentes persistentes e cancerígenos também preocupa as autoridades paranaenses e a população em geral. Os principais poluentes persistentes, liberados pela incineração, são furanos e dioxinas, cujas emissões devem ser reduzidas até completa eliminação, conforme tratados ambientais internacionais. “São altamente cancerígenos e sua ação não se limita ao local em que está instalada a unidade incineradora. São partículas tão agressivas que viajam pelo vento de um país a outro e atravessam continentes inteiros”, alerta a Procuradora.

Em Maringá, no Norte do Estado, a sociedade se mobilizou contra a instalação de uma incineradora e conseguiu aprovar projeto de lei municipal proibindo essa tecnologia, resultado que se espera alcançar também em Foz do Iguaçu. Além da fumaça, a preocupação recai também nas cinzas tóxicas que é produzida em grande quantidade resultado da queima e a sua eliminação contamina os lençóis freáticos.

Os catadores de materiais recicláveis prevêem que os riscos vão além do econômico e ambiental e reclamam das consequências sociais da queima do lixo urbano, que começam no abandono das políticas de educação ambiental e significam até o fechamento de postos de trabalho na coleta seletiva dos resíduos, dificultando, assim, a redução da miséria. A representante do Movimento Nacional de Catadores e integrante da Coordenação Colegiada do Fórum Lixo e Cidadania do Paraná, Marilza Aparecida de Lima, estima que cerca de 200 mil trabalhadores do setor no Paraná serão afetados, justo em um dos seguimentos mais vulneráveis da sociedade brasileira. “Essas famílias na sua totalidade sobrevivem do material reciclável e a incineração acaba com as chances delas de obterem renda. Não só isso: ao eliminar o ganho das famílias, acaba, por conseqüência, com as oportunidades de elas educarem e criarem seus filhos longe do trabalho infantil e dos perigos das ruas”, argumenta.

Um grupo de catadores viajou à França no ano passado, a convite da Fundação France Libertés, e conheceu experiências de incineração no país europeu. “Eles também voltaram horrorizados com o impacto ambiental e a qualidade da água por lá. “A roupa lavada fica endurecida e não tem produto químico que resolva”, disse Marilza. “É um absurdo se pensar na prática da incineração por aqui, uma vez que o Brasil é um dos países que mais reciclam e um dos maiores do mundo em nível de água potável”, justifica.

Fonte – Margaret Matos de Carvalho de 3 de agosto de 2012

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