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Lei que proíbe jogar alimentos fora vira exemplo mundial

Desperdício de alimentos em Curitiba: na França, cena poderia gerar multa | Daniel Castellano/Arquivo Gazeta do PovoDesperdício de alimentos em Curitiba: na França, cena poderia gerar multa. Daniel Castellano/Arquivo Gazeta do Povo

Medida tomada em 2016 na França proibiu supermercados de jogar alimentos no lixo. Apenas 11% dos 7,1 milhões de toneladas dos alimentos desperdiçados do País saem desses estabelecimento

A cozinha francesa é a mais famosa do mundo. Mas o país vem ganhando destaque não apenas na mesa, mas na lata de lixo também

Em fevereiro de 2016, a França tornou-se o primeiro país do mundo a proibir os supermercados de jogar alimentos fora. Lá, os mercados devem doar alimentos não utilizados. Os estabelecimentos que não cumprem a legislação são multados.

A legislação também determina que as escolas ensinem os alunos sobre a sustentabilidade e que as empresas disponibilizem estatísticas de resíduos alimentares em relatórios. Os restaurantes são obrigados a disponibilizar sacos para levar a comida embora.

Doutora em sociologia da Sciences Po, em Paris, Marie Mourad é autora de vários estudos sobre o desperdício de alimentos. Ela diz que “a França não é o país que menos desperdiça alimentos no mundo, mas se tornou um dos mais proativos”.

Exemplo mundial

Os esforços da França não passaram despercebidos. O país obteve a melhor posição no Índice de Sustentabilidade Alimentar de 2017, uma pesquisa de 25 países em toda a Europa, Oriente Médio, Ásia e as Américas, conduzido pelo Economist e Barilla Center for Food and Nutrition Foundation (BCFN). Cada francês desperdiça 234 quilos de comida por ano, de acordo com o relatório do BCFN, uma média drasticamente melhor do que os 430 quilos dos americanos.

O desperdício de alimentos é um problema global. Todos os anos, cerca de 1,3 bilhão de toneladas, ou um terço de todos os alimentos produzidos, são descartados, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Recuperar apenas 25% desse alimento desperdiçado poderia alimentar 870 milhões de pessoas famintas – efetivamente acabando com a fome do mundo.

Se o desperdício de alimentos fosse um país, seria o terceiro maior emissor de gases de efeito estufa, perdendo apenas para os Estados Unidos e China. “O desperdício de alimentos é um problema muito urgente”, diz Jason Clay, vice-presidente sênior de alimentos e mercados no World Wildlife Fund. “Nos EUA, não temos pessoas no governo que pensam muito em desperdício de alimentos”, diz o Clay. “Isso nos separou da França: eles têm pessoas que abordaram esta questão politicamente”.

Membro da Assembleia Nacional da França, Guillaume Garot ajudou a criar a legislação com sua experiência anterior como ex-ministro júnior da indústria de alimentos – um cargo que, por si só, prova a dedicação da França à questão, dizem especialistas.

No entanto, a França não está sozinha neste campo. Ao longo da última década, a Grã-Bretanha demonstrou muito sucesso nas estatísticas, diz Craig Hanson, diretor global de alimentos, florestas e água no World Resources Institute, e a Dinamarca lançou iniciativas inovadoras.

A lei da França é nova, mas apenas 11% dos 7,1 milhões de toneladas dos alimentos desperdiçados do País saem dos supermercados. Mas para Clay e Mourad, a lei é importante simbolicamente. Nem os Estados Unidos, nem a Grã-Bretanha ou a Dinamarca, têm legislação governamental comparável.

Antes da lei de 2016, os supermercados franceses doavam 35 mil toneladas por ano, cerca de um terço da oferta, disse Jacques Bailet, presidente da rede Banques Alimentaires, em 2016. Se os supermercados pudessem aumentar as doações em apenas 15%, isso significaria mais 10 milhões de refeições para franceses por ano.

A lei melhora não apenas a quantidade de alimentos doados, dizem especialistas, mas também a qualidade. “A luta contra o desperdício de alimentos deve se tornar uma grande causa nacional, como a segurança rodoviária, que mobiliza todos”, afirma Garot.

Fontes – The Christian Science Monitor / Gazeta do Povo de 07 de janeiro de 2018

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