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Alta de CO2 tem um impacto invisível sobre o alimento nosso de cada dia

Sementes de trigo: cultura perderá nutrientes com alta de CO2. (Christopher Furlong/Getty Images)

Estudo de Harvard associa maior concentração do gás a menor valor nutricional de alimentos como arroz e trigo, uma ameaça à saúde de bilhões de pessoas

Embora as mudanças climáticas prejudiquem a produção dealimentos através de fenômenos extremos, como secas e inundações, um novo estudo alerta para um impacto invisível na dieta das pessoas.

O aumento dos níveis de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, principal “culpado” do aquecimento global, reduz as proteínas e nutrientes de culturas alimentares básicas, como arroz e trigo, uma mudança que pode colocar em risco a saúde de bilhões de pessoas, diz a pesquisa publicada nesta semana na revista Nature Climate Change.

A cada ano, atividades humanas como a queima de combustíveis fósseis e desmatamento produzem mais CO2 do que os processos naturais podem absorver. Isso significa que o valor líquido de desse gás nunca diminui. Pior: segue subindo.

Nos últimos 10 anos, a quantidade de CO2 na atmosfera tem aumentado, em média, 2 partes por milhão por ano. Em 2016, os níveis globais do gás atingiram o recorde de 403,3 partes por milhão (ppm). Até o final do século, os cientistas estimam que eles ultrapassarão a marca de 550 ppm.

A equipe internacional de cientistas concluiu que alimentos cultivados sob a concentração de CO2 que é esperada para o fim deste século terão um valor nutricional mais baixo que os produzidos atualmente.

Ao afetar culturas básicas, como o arroz e o trigo, esse fenômeno poderia levar 175 milhões de pessoas (2% da população global) à deficiência em zinco e 122 milhões de pessoas à deficiência em proteína nos próximos 30 anos, aponta a pesquisa liderada pela Escola de Saúde Pública de Harvard, nos Estados Unidos.

O estudo também descobriu que mais de 1 bilhão de mulheres e crianças podem perder uma grande quantidade de sua ingestão de ferro, o que as colocaria em maior risco de desenvolver anemia e outras doenças.

A principal teoria do estudo é que o dióxido de carbono faz as plantas crescerem mais rapidamente e, assim, criarem menos nutrientes.

Os mais afetados pela “fome oculta” da desnutrição serão os que menos contribuem para a alta das emissões de CO2 — os países mais pobres, em especial na região do Pacífico Ocidental e no Sudeste Asiático. A ingestão insuficiente de vitaminas, minerais e nutrientes debilita o sistema imunológico das pessoas, o que aumenta a mortalidade, principalmente entre crianças.

Atualmente, estima-se que mais de 2 bilhões de pessoas em todo o mundo sejam deficientes em um ou mais nutrientes. Em geral, ressalta a pesquisa, os seres humanos tendem a obter a maioria dos principais nutrientes a partir das plantas: 63% da proteína da dieta humana vem de fontes vegetais, bem como 81% do ferro e 68% do zinco.

Fonte – Vanessa Barbosa, Exame de 28 de agosto de 2018

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