skip to Main Content

Alternativas para a proteção de espécies silvestres ameaçadas de extinção

Foto – seam.gov.py

No Brasil, com o desmatamento de áreas naturais, pressão imobiliária nas cidades, crescimento urbanístico horizontal e consequente diminuição de espaços florestais nativos, muitas espécies silvestres correm riscos de desaparecimento total, ou seja, de extinção. Pensando nisso, cientistas ambientais, ambientalistas e pessoas em geral preocupadas com o meio ambiente, em vertente ampla, estão em busca de alternativas voltadas para a proteção e para a mitigação dos problemas que desencadeiam a extinção.

De imediato, torna-se oportuno esclarecer que todas as alternativas que serão apresentadas são frutos de leituras e reflexões a partir de teóricos como G. Tyler Miller e Scott Spoolman. Em Ecologia e Sustentabilidade, por exemplo, eles elencam as seguintes situações necessárias e importantes para a proteção das espécies ameaçadas de extinção: redução da crescente taxa de extinção de espécies para ajudar a proteger a biodiversidade global por meio da criação e da aplicação de leis ambientais nacionais e tratados internacionais, criação de uma série de santuários protegidos da vida selvagem e medidas de precaução para evitar danos aos animais no Planeta.

No capítulo “Como podemos proteger as espécies silvestres da extinção?” no livro mencionado, os autores tocam em pontos específicos para a realidade dos Estados Unidos, mas muitos deles também podem ser aplicados em outros países como é o caso do Brasil. Dentre as alternativas, relatam tratados internacionais e leis nacionais como elementos imprescindíveis que podem ajudar a proteger as espécies, a Lei de Espécies Ameaçadas dos Estados Unidos, estabelecimentos de refúgios de vida selvagem e de outras áreas protegidas, bancos de genes, jardins botânicos, fazendas de vida selvagem e a criação de zoológicos e aquários.

No plano legislativo, conforme G. Tyler Miller e Scott Spoolman, diversos tratados e convenções internacionais ajudaram a proteger as espécies selvagens ameaçadas ou em risco de extinção. Segundo eles, a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), ratificada por 191 países (mas até 2010, não pelos Estados Unidos), legalmente obriga os governos participantes a reduzirem a taxa mundial de perda de biodiversidade e repartir, de maneira equitativa, os benefícios da utilização dos recursos genéticos do mundo. Isto incluiria esforços para prevenir ou controlar a disseminação de espécies invasoras ecologicamente prejudiciais.

Sobre o estabelecimento de refúgios de vida selvagem e de outras áreas protegidas, os dois teóricos objetos dessa análise historicizam o processo de criação dos refúgios, dizendo que o primeiro deles nos EUA foi criado em 1903 durante o governo de Theodore Roosevelt e que demorou muito para que os refúgios trouxessem resultados satisfatórios, portanto, positivos. Ao discorrerem sobre a importância dos refúgios, não pouparam críticas ao fato de que as notícias sobre os refúgios não são todas boas, pois de acordo com um estudo do Government Accountability Office – GAO, as atividades consideradas prejudiciais para a vida selvagem, como mineração, extração de petróleo e a utilização de veículos off-road, ocorrem em quase 60% dos refúgios de vida selvagem dos EUA.

No que concerne aos refúgios de vida selvagem, assim como os que foram criados nos Estados Unidos, ajudando na preservação e proteção de animais como o veado-campeiro, o pelicano-pardo, o bisão americano e o cisne trombeteiro da Flórida, no Brasil, eles também são cruciais para a proteção de vários animais silvestres ameaçados de extinção.

No tangente aos bancos de genes ou de sementes, segundo eles, preservam as informações genéticas de espécies vegetais ameaçadas de extinção, armazenando as sementes em ambientes refrigerados, de baixa umidade. Conforme os dois teóricos, mais de 100 bancos de sementes ao redor do mundo detêm, juntos, 3 milhões de amostras.

Com relação aos bancos de sementes, o Brasil possui poucas experiências, mas os que existem corroboram que o projeto é possível. O problema é que os órgãos que desenvolvem pesquisa nessa ótica recebem pouco apoio tanto das esferas públicas quanto das privadas no país.

Acerca da criação de zoológicos e aquários, tenho muitas críticas e não vejo neles espaços de proteção, ainda que muitos estudiosos pensem o contrário. Nesse sentido, as experiências na criação de zoos pelo mundo inteiro, em especial, no Brasil e em outros países do Continente Americano, têm demonstrado que esses locais não possuem as condições biológicas mínimas para a manutenção da perpetuação da vida.

Ainda que teça críticas e que não veja de forma positiva os zoológicos e aquários, é interessante externar o que trazem G. Tyler Miller e Scott Spoolman acerca desse quesito: os zoológicos, aquários, parques florestais e centros de pesquisa de animais estão sendo usados para conservar alguns indivíduos de espécies de animais criticamente em perigo, com o objetivo, a longo prazo, de reintrodução das espécies em habitats selvagens protegidos.

Para discorrerem sobre a importância dos zoológicos e dos aquários, os autores citados falam sobre técnicas de preservação de espécies, técnicas de aumento de populações, programas de reprodução e outras questões.

Acerca dos aquários públicos que exibem espécies exóticas e atrativas de peixes e alguns animais marinhos, eles apresentam que no caso de focas, golfinhos e de outros animais, ajudam a educar o público sobre a necessidade de proteger essas espécies. Contudo, principalmente por causa dos recursos limitados, esses aquários não têm servido como bancos de genes eficientes para as espécies marinhas ameaçadas, especialmente de mamíferos marinhos que precisam de grandes volumes de água, como a lontra marinha do Sul em risco de extinção nos EUA.

Na mesma linha de raciocínio que a minha, os referidos pesquisadores evidenciam que os usos dos jardins zoológicos, aquários e jardins botânicos não são uma solução biológica ou economicamente viável para o problema crescente da extinção de espécies.

Além dos pontos apresentados no parágrafo anterior, pontuo que outro elemento também deve ser abordado para explicar a inviabilidade da manutenção dos aquários e zoológicos, o fato de que estes espaços jamais despontarão como ecossistemas autênticos de manutenção da vida. Também é necessário pontuar que em muitos zoológicos brasileiros e de outras partes do mundo há registros na mídia de maus-tratos aos animais.

Como consideração final, é crucial trazer o princípio da precaução como uma das alternativas para a proteção dos animais ameaçados e, nesse campo, G. Tyler Miller e Scott Spoolman esclarecem que os cientistas da biodiversidade pedem que tomemos medidas de precaução para evitar mais extinções e maiores perdas da biodiversidade.

Para alargar ainda mais o debate em torno dos mitigadores que poderão propiciar a preservação e a conservação da fauna ameaçada, é interessante trazer à tona algo que afirmou Edward O. Wilson: o grande desafio do século XXI é elevar as pessoas em todos os lugares a um padrão de vida decente ao mesmo tempo em que se preserve o resto da vida tanto quanto possível.

Referências para a construção do texto

Ciência ambiental, de G. Tyler Miller

Ecologia e Sustentabilidade, G. Tyler Miller e Scott Spoolman

Por Elissandro dos Santos Santana, para FUNVERDE. Colunista socioambiental e tradutor do Portal Desacato, colunista de meio ambiente da FUNVERDE, membro do Conselho Editorial da Revista Letrando e especialista em sustentabilidade, desenvolvimento e gestão de projetos sociais.

Este Post tem 0 Comentários

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Back To Top