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Aquecimento global e aumento do calor extremo no hemisfério Norte

aumento da temperatura no hemisfério Norte e crescimento do calor extremo

Os dados são inequívocos ao mostrar o aumento do aquecimento da temperatura global. O tempo mais quente é propício aos eventos climáticos extremos, como os furacões que atingiram o Texas e a Flórida, nos Estados Unidos. Em artigo anterior analisamos os efeitos do furacão Harvey (Alves, 04/09/2017). Em um próximo artigo vamos analisar os efeitos do furacão Irma.

No momento abordaremos os efeitos do calor extremo no hemisfério Norte. Verões extraordinariamente quente eram praticamente inéditos na década de 1950 no hemisfério Norte e tornaram-se comuns. Os eventos extremos do verão deste ano de 2017, como as ondas de calor que circulam pelo sul da Europa e as temperaturas próximas a 130 graus Fahrenheit no Paquistão, fazem parte desta nova tendência mais ampla.

Matéria do jornal New York Times, mostra o gráfico acima, baseado em dados de James Hansen, cientista de clima da NASA aposentado e professor na Universidade de Columbia, indica como as temperaturas do verão mudaram para o calor mais extremo nas últimas décadas.

Para criar as curvas normais, Dr. Hansen e dois colegas compararam as temperaturas reais do verão para cada década desde a década de 1980 até uma média de linha de base fixa. Durante o período de base, 1951 a 1980, cerca de um terço dos verões em todo o Hemisfério Norte estavam no que chamavam de “média próxima” ou faixa normal. Um terço foi considerado frio e um terço estava quente.

Desde então, as temperaturas do verão mudaram drasticamente. Entre 2005 e 2015, dois terços dos verões estavam na categoria quente, enquanto quase 15 por cento estavam em uma nova categoria: extremamente quente. Praticamente, isso significa que a maioria dos verões hoje são quentes ou extremamente quentes em relação ao meio do século passado.

Os sete primeiros meses de 2017 constituem o segundo período mais quente da série 1880-2017. Talvez o mês de agosto de 2017 seja o mais quente já registrado. O aquecimento global já está afetando as atuais gerações e causando muitos prejuízos. Enquanto o Brasil e partes do hemisfério Sul apresentam temperaturas mais amenas no inverno, as ondas mortais de calor afetaram bastante o hemisfério Norte.

Um dos efeitos mais imediatos do aumento da temperatura no hemisfério Norte foi o aumento dos incêndios florestais. Nos primeiros sete meses de 2017, as queimadas já destruíram mais de 2,5 milhões de hectares nos EUA, representando 38% mais do que a superfície média queimada na última década, conforme mostra o site Climate Central.

A maior parte dos incêndios florestais dos EUA acontecem na metade ocidental do país porque os solos e a vegetação são geralmente mais secos. À medida que as temperaturas aumentam a partir do aumento dos gases de efeito estufa, as taxas de evaporação do solo aumentam, o que pode piorar a seca e desidratar a vegetação, criando combustível suficiente para queimadas. Condições climáticas mais quentes e mais secas também possibilitam que os incêndios florestais se espalhem por grandes áreas. Os incêndios florestais são muito caros e tem dobrado de preço, aumentando o orçamento do Serviço Florestal dos EUA

hotter years,, more fires

Na Europa, onda de calor, denominada Lúcifer, “assa” as pessoas e incêndios devastam a Espanha. Dez países do sul e da Europa Central declararam alerta vermelho após a onda de calor ‘Lucifer’ atingir temperaturas a cima de 40º C, em várias cidades, com os cientistas avisando que o calor extremo poderia matar 152 mil pessoas por ano até 2100.

No extremo leste do Irã, as temperaturas atingiram um pico de 52,8° C (127° F) na base militar de Konarak e 52,6° C (126,7 ° F) na aldeia de Renk, superando o registro da maior temperatura já registrada em maio No Irã (50,5° C em Bostan em maio de 1999) e aproximando-se da maior temperatura confiável já registrada no Irã, a 53° C. Em Omã, onde os registros foram de 50,8° C (123,4° F).

O calor extremo ameaça transformar o sul da Ásia, onde vive um quinto da humanidade, em um lugar inabitável até 2100 se não forem tomadas medidas para reduzir os gases de efeito estufa. O aumento das temperaturas e da umidade no verão poderia alcançar níveis que superam a capacidade humana de sobreviver sem proteção. Estas ondas de calor mortal serão muito fortes na Índia, Paquistão e Bangladesh, incluindo as bacias férteis dos rios Indo e Ganges.

O aquecimento global é uma realidade inquestionável. Artigo do jornalista David Wallace-Wells, denominado “A Terra inabitável” (09/07/2017), publicado na revista New York Magazine (NYMag), apresentou uma visão catastrófica do efeito do crescimento das atividades antrópicas sobre os ecossistemas e as mudanças climáticas. O subtítulo diz do que se trata: “Fome, colapso econômico e um sol que nos cozinha: o que as mudanças climáticas podem causar – mais cedo do que você pensa”. Evidentemente, o autor está tratando de um cenário extremo e de baixa probabilidade, mas que pode ocorrer se nada for feito para mudar os rumos da insustentabilidade do crescimento econômico e suas externalidades ambientais.

Para evitar o pior cenário, todos as pessoas e todos os países precisam mudar completamente o estilo de vida e o mundo precisa caminhar rumo ao decrescimento demoeconômico, para evitar a hipertermia do Planeta. As dimensões dos furacões Harvey e Irma foram potencializadas pelo aquecimento global e as ondas de calor do hemisfério norte. Em um próximo artigo vamos analisar as consequências do furacão que atingiu o Caribe e a Flórida.

Referências

ALVES, JED. O Furacão Harvey e os desastres climáticos no Antropoceno, Ecodebate, RJ, 04/09/2017.

Nadja Popovich and Adam Pearce, It’s Not Your Imagination. NYT, 28/07/2017.

David Wallace-Wells. The Uninhabitable Earth, Annotated Edition. The facts, research, and science behind the climate-change article that explored our planet’s worst-case scenarios, 14/07/2017.

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal.

Fonte – EcoDebate de 11 de setembro de 2017

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