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Cinco lições de dez cidades que implementaram projetos de segurança viária

(Foto: Mariana Gil/WRI Brasil Cidades Sustentáveis)(Foto: Mariana Gil/WRI Brasil Cidades Sustentáveis)

Em janeiro, durante o Transforming Transportation, em Washington DC, representantes de dez cidades globais se reuniram para compartilhar como estão lutando contra o nível inaceitável de mortes no trânsito em suas cidades. Embora possam divergir em muitas maneiras, as cidades compartilham um objetivo comum: tornar suas ruas mais seguras para todas as pessoas.

As dez cidades fazem parte da Iniciativa Global em Segurança Viária da Bloomberg Philanthropies: Bancoc (Tailândia), Cidade de Ho Chi Minh (Vietnã), Xangai (China), Accra (Gana), Adis Abeba (Etiópia), Bandung (Indonésia), Bogotá (Colômbia), Mumbai (Índia), São Paulo e Fortaleza (ambas no Brasil). Como parte do programa, parceiros como o WRI, Vital Strategies, Associação Nacional de Transportadores na Cidade (NACTO) e Banco Mundial estão apoiando essas cidades para aumentar a segurança através de um melhor desenho das ruas.

(Ilustração mostrando as várias intervenções de segurança viária empreendidas nas dez cidades dentro da Iniciativa Bloomberg para Segurança Rodoviária Global desde 2015. Gráfico por: WRI Ross Centro para Cidades Sustentáveis)

Entre as lições compartilhadas e projetos, cinco temas principais ressoaram durante o evento. Aqui está um olhar das dez cidades para as principais lições aprendidas:

As cidades precisam mudar de “planejadas para o veículo” para “planejada para as pessoas”

Muitas ruas urbanas foram projetadas para atender carros movendo-se em alta velocidade. O resultado é a falta de espaços seguros para pedestres e ciclistas, com altos níveis de mortes de trânsito e poluição do ar por emissões de veículos. Portanto, todas as dez cidades estão tentando mudar suas estratégias de design de “planejadas para o veículo” para “planejadas para as pessoas”. Este tipo de abordagem é baseada na filosofia de que as cidades têm a responsabilidade de proporcionar uma boa qualidade de vida para seus residentes. A essência dessa abordagem é fornecer espaços seguros para que todos possam se deslocar, seja dirigindo, pedalando, caminhando ou em um transporte público.

Cada cidade tem conduzido auditorias de segurança rodoviária e implementado melhorias de projeto para ruas e interseções. Reduzir os limites de velocidade para 40 km/h, junto com a adoção de um projeto de rua mais seguro, com pistas mais estreitas, pode ter um impacto imediato sobre a segurança. Além disso, reduzir as velocidades também pode aliviar o congestionamento, reduzindo gargalos. Em São Paulo, os limites de velocidade foram reduzidos de 70 km/h para 50 km/h por em 300 quilômetros de vias. Além disso, a cidade tem planejado zonas de baixa velocidade de 40 km/h em áreas de alto risco. Como resultado, as mortes de trânsito na cidade caíram 21%. Fortaleza também fez mudanças de política para incorporar zonas de baixa velocidade dentro da cidade.

(A mobilidade para carros não pode se sobressair às custas de vidas preciosas” Samuel Danquah, Coordenador de Transporte e Desenho Urbano)

A infraestrutura para pedestres é a base de um sistema viário seguro

Quase todos os deslocamentos na cidade envolvem uma certa quantidade de caminhada, portanto, a segurança para os pedestres deve ser a base de todo o planejamento das ruas. Para resolver esse problema, Mumbai voltou a sua atenção para a falta de calçadas seguras e a necessidade de um acesso mais seguro aos transportes públicos. A cidade selecionou 9,5 quilômetros de ruas para iniciar suas intervenções para tornar as calçadas mais seguras. Isso inclui a construção de uma calçada de 1,8 metros de largura, bem como espaço para paragens de ônibus, de táxi, rickshaw e vendedores ambulantes.

A cidade de Acra vem adicionando calçadas a ruas que antes não tinham. “Através da intervenção da iniciativa, podemos ver veículos deslocados do lugar dos pedestres, e as pessoas agora podem caminhar com segurança”, disse Samuel Danquah, de Acra (foto acima). Em Bancoc, uma área de comércio com muitos pedestres agora prioriza a caminhada mais segura, após ter uma pista de tráfego de veículos removida para aumentar o espaço para as pessoas no horário noturno. Além disso, barreiras temporárias são utilizadas para proteger ainda mais os pedestres. Além das calçadas, há muitas medidas comprovadas para melhorar a segurança. “Não estamos reinventando a roda… trata-se de ampliar o meio-fio, elevar os cruzamentos de pedestres, melhorar as interseções e basicamente dar mais espaço às pessoas”, explicou Hannah Machado, coordenadora de Desenho Urbano e Mobilidade da Iniciativa Bloomberg para a Segurança Global no Trânsito.

Accra – projeto de 300 metros de calçada sendo construído, cobrindo esgotos a céu aberto com lajes de concreto para servir de calçada

Aumentar o número de ciclistas aumenta a segurança

Fornecer rotas seguras para os ciclistas aumenta as opções de transporte e contribui para aumentar a segurança viária pelo impacto de acalmar o tráfego. Xangai tem planos em curso para construir 2000 quilômetros de infraestrutura de transporte não-motorizado na forma de ciclovias e corredores de pedestres. Além disso, Bandung começou um programa de compartilhamento de bicicletas, assim como Fortaleza. Esses programas tem o objetivo de aumentar o número de pessoas que utilizam o transporte não-motorizado, como têm ocorrido em muitas outras cidades. Xangai e Fortaleza estão planejando ampliar suas pistas de bicicleta para formar redes interconectadas de ciclovias em toda a cidade. São Paulo, que já tem um programa de compartilhamento de bicicletas, aumentou sua rede de ciclovias para 400 quilômetros, resultando em um aumento de 66% no número deciclistas e uma redução de 34% em mortes.

Ciclovias protegidas em Xangai – Foto: Ben Welle/Flickr

Salvando vidas através de um melhor transporte público

As cidades estão identificando modos de transporte que servem para as pessoas se deslocarem com segurança e eficiência. Bogotá, por exemplo, tem o BRT Transmilenio, que transporta 2,2 milhões de passageiros por dia e tem mais de 113 quilômetros de pistas de ônibus exclusivas. São Paulo e Xangai estão ampliando seu inventário de vias de ônibus dedicadas, o que melhorará a eficiência de seus serviços de ônibus. Já a cidade de Ho Chi Minh, conhecida pelo alto uso de motocicletas na cidade, está construindo metrôs e BRTs para oferecer métodos seguros para as pessoas se locomoverem. Mumbai está planejando redesenhar um importante terminal de ônibus para melhorar a segurança e o acesso dos pedestres. Enquanto isso, Acra acaba de lançar um serviço formal de ônibus de 21 quilômetros para fornecer transporte público mais seguro e confortável.

(BRT Transmilênio – Foto: WRI Brasil Cidades Sustentáveis)

Educar as partes interessadas e se conectar com questões mais amplas

O último tema-chave gira em torno de como a mobilidade urbana interage tanto com o público em geral quanto as pessoas que trabalham no governo. Melhorando as interseções, acalmando o tráfego e permitindo que os pedestres experimentem um ambiente seguro, todas as dez cidades estão começando a mudar suas culturas de segurança viária. Por exemplo, Bogotá implementou 93 intervenções para acalmar o tráfego em 2016. “Através da recuperação do espaço público, estamos tentando mostrar às pessoas como elas podem interagir de forma diferente com o espaço público e mudar a maneira se sentem em relação a ele”, disse Claudia Diaz Acosta, do Escritório de Mobilidade de Bogotá. Da mesma forma, com o apoio da NACTO, Adis Abeba, na Etiópia, redesenhou grandes interseções usando giz, cones, pintura e outros materiais temporários, para reduzir a exposição dos pedestres ao tráfego de alta velocidade e mostrar como os espaços podem ser usados de forma diferente.

Finalmente, os representantes das cidades estão se relacionando com pessoas de diferentes setores para colaborar na criação de ruas mais seguras, incluindo a realização de oficinas e treinamentos sobre práticas, políticas e estratégias para cidades mais seguras através do desenho urbano. O apoio a esses novos projetos é sentido em todos os níveis; até mesmo as autoridades municipais estão cada vez mais motivadas a proteger todos os usuários das vias. Como explicou Claudia Diaz Acosta, de Bogotá, “estamos construindo uma cidade para crianças … se as crianças estiverem seguras, estaremos todos seguros”.

Fontes – TheCityfix.com / TheCityFixBrasil de 03 de março de 2017

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