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Fim da breve era do gás de xisto nos EUA e a importância estratégica da Petrobras

Por Luis Nassif

Vencendo Bernie Sanders, está decretado o fim da exploração de gás de xisto. Ontem, em artigo no seu veículo, Mike Bloomberg alinhou todas as candidaturas democratas ao combate à poluição decorrente da exploração do xisto.

Nos últimos tempos tenho procurado combater minhas implicâncias. Acho que é a sabedoria da idade. Mas continuo com uma implicância fundamental com acadêmicos portadores das grandes verdades absolutas. E, especialmente, os que olham de cima questões complexas e decretam: “isto é teoria conspiratória”, para justificar cada tema no qual eles não se aprofundaram.É o caso da “teoria conspiratória” sobre o interesse norte-americano no pré-sal, estimulando seu apoio ao processo de desestabilização da políica brasileira.

Um desses colunistas – aliás, ótimo analista, mas preocupado eventualmente em seguir a onda – decretou o fim da era do petróleo para justificar o desinteresse dos EUA pelo pré-sal e, consequentemente, seu não envolvimento com o impeachment.

O ridículo de minimizar a influência do petróleo no impeachment

Segundo o colunista, o xisto decretou o fim da era do petróleo, logo a hipótese da intervenção americana – ocorrida antes da era do xisto! – seria uma tese ridícula.

O xisto é ameaçado por questão sociais e ambientais, com o nível de queima na Bacia de Permiano, as dificuldades de acesso a financiamentos acessíveis por parte de operadores.

Os volumes crescentes de comércio de combustíveis e os riscos geopolíticos crescentes acendem luz amarela sobre o fornecimento de petróleo. Até 2040, diz a Agência Internacional de Energia, quase 26 mb / d de petróleo passarão pelo Estreito de Malaca no cenário das políticas declaradas e cerca de 20 mb / d pelo Estreito de Ormuz. Qualquer impedimento às remessas pode restringir materialmente os mercados, segundo a Agência Internacional de Energia.

Em pleno 2019, é uma situação tão instável, que levou a AIE a traçar dois cenários totalmente distintos, um com base no quadro atual, outro na hipótese de acirramento das restrições ambientais. No primeiro caso, há um crescimento contínuo na demanda até pelo menos 2040.

Em todos os cenários, há o crescimento da população urbana da África, promovendo aumento no consumo global de energia.

Por tudo isso, diz a AIE,

“O uso de óleo em carros de passeio atinge o pico no final da década de 2020 e, durante a década de 2030, a demanda aumenta em apenas 0,1 mb / d em média a cada ano. (Mas) não há um pico definitivo no uso de petróleo em geral, pois há aumentos contínuos em petroquímicos, caminhões e nos setores de transporte e aviação”.

Há enormes alterações na civilização do petróleo, sim. Decretar o fim da era do petróleo e a inutilidade das descobertas do pré-sal, a partir de uma leve menção ao xisto, é um livre-pensar sem sentido. E tratar como teoria conspiratória o papel dos EUA no golpe, a partir dos interesses no pré-sal, um desrespeito a todos os estudiosos que se dedicam ao tema.

Há que se pesar melhor as palavras e os conceitos.

O que virá com as novas eleições americanas

Vencendo Bernie Sanders, está decretado o fim da exploração de gás de xisto.

Ontem, em artigo no seu veículo, Mike Bloomberg alinhou todas as candidaturas democratas ao combate à poluição decorrente da exploração do xisto.

Até então, tentava se consagrar como defensor do meio ambiente, combatendo a energia do carvão, mas abrindo exceção para o gás de xisto. A onda ambientalista correu mais depressa e obrigou Bloomberg a avançar e reconhecer os problemas do fracking.

Anos atrás, doou US$ 100 milhões para ONGs que combatiam o carvão. No ano passado, pressionado pelas críticas, destinou US$ 500 milhões para fechar as 150 minas de carvão restantes, mas também para impedir o crescimento do gás natural.

Ou seja, a história de que o xisto tornaria os EUA auto-suficiente em energia, reduzindo o interesse pela Petrobras, era tese furada.

Leia mais sobre o Fracking aqui

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