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Lixo e meio ambiente: na região, muitos problemas

Das cidades atendidas pela promotoria da área, apenas Doutor Camargo está próxima de atender à lei 11.445. Maringá, Floresta, Ivatuba e Paiçandu ainda estão irregulares

Thiago Ramari

Se o Dia Mundial do Meio Ambiente dependesse do gerenciamento correto do lixo nos municípios atendidos pela Promotoria do Meio Ambiente de Maringá, a comemoração praticamente inexistiria. Com exceção de Doutor Camargo, que está prestes a atender às exigências da Lei 11.445/2007, que versa sobre Saneamento Básico, nenhuma das outras cidades – Floresta, Ivatuba, Maringá e Paiçandu – está em situação completamente regular. “Os prefeitos podem sofrer até processos criminais por causa disso”, afirma o promotor da área, Manoel Ilecir Heckert.

A lei, implementada no início do ano passado, prevê que, além de ter de informar a população sobre como o lixo é tratado, as prefeituras invistam em campanhas de conscientização para que a sociedade separe o lixo reciclável do orgânico (restos de alimentos, em geral) e entregue pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes nos locais onde foram compradas.

É também preciso realizar a compostagem do lixo orgânico – processo que o transforma em adubo a partir da exposição prolongada ao sol. E, ainda, impedir que catadores de materiais recicláveis trabalhem nos aterros. Por fim, que os aterros não recebam resíduos hospitalares e industriais.

O caso mais grave é o de Paiçandu. O local onde o lixo é depositado não pode sequer ser chamado de aterro sanitário, porque, segundo o promotor do Meio Ambiente, não atende a nenhuma das exigências previstas na lei. Aparentemente, não há material hospitalar nas montanhas de lixo, mas os catadores de recicláveis que trabalham ali afirmaram que, com freqüência, encontram pilhas e baterias. “É muito comum”, relata a catadora Cleonice Pereira da Silva.

Em Floresta, Ivatuba e Maringá, o aterro não é sanitário e, sim, controlado. Isto significa que o lixo é enterrado sem a utilização da geomembrana, uma espécie de plástico preto reforçado que impede o contato dos resíduos com o solo, evitando contaminação por chorume e pelo gás metano. Nas montanhas de talum se encontram entulhos de construção e – principalmente em Floresta – sofás, pneus e vasos sanitários que armazenam água da chuva.

Já em Doutor Camargo, as pequenas montanhas que lixo devem desaparecer nas próximas semanas, já que o agora aterro sanitário começará a realizar a compostagem, conforme informou o técnico em Meio Ambiente Valdemir Cravo.

Para se construir aterros sanitários, os municípios do Estado devem cumprir uma série de normas técnicas, cuja aprovação é do Instituto Ambiental Paranaense (IAP). “O IAP faz uma vistoria e estuda o local que a prefeitura recomenda [para o aterro sanitário]. Se aprova o local, o IAP dá uma licença para instalação”, explica Heckert.

Depois disso, quando o aterro é construído, o instituto realiza nova avaliação para que a administração possa depositar ali o lixo produzido pela população. “Maringá conseguiu uma autorização provisória do IAP para funcionar , mas não tem licença alguma”, revela o promotor. O mesmo ocorre com Floresta, segundo o secretário de Agricultura e Meio Ambiente, Orlando Bianchi.

Conscientização

Em todos os municípios, há cooperativas de reciclagem, mas a contribuição da população em separar o lixo ainda é pequena. Para o promotor de Meio Ambiente, isso é conseqüência da falta de investimentos na conscientização das pessoas. “Não vejo essa educação e a lei é específica quando diz que tem de haver uma educação ambiental.” Para Heckert, as iniciativas existem, mas não são realizadas de maneira sistemática e constante, que ele considera ideal.

Esqueça a educação ambiental para os adultos porcos que se recusam a reciclar, que jogam óleo usado no ralo da pia, que jogam baterias e lâmpadas no lixo.

Não temos mais tempo par educar estes imundos, que se acham rodeados de escravos que irão magicamente limpar sua sujeira.

Multas pesadas por parte da prefeitura para quem não reciclar, isto é uma atitude de um prefeito do Século XXI, vamos parar de enrolar, prefeitos, roubem menos e façam mais. Nem vou pedir para parar de roubar, porque isso é um fator intrínseco em qualquer político.

Maria Antonia Barros Freire Silva, bióloga com especialização em Meio Ambiente, concorda com o promotor. Ela ressalta que, para se exigir a separação do lixo pela população, o município precisa falar abertamente com os moradores, explicando por que a atitude é necessária. “As pessoas precisam entender o processo e se sentir parte dele”, argumenta.

Que falar abertamente qual nada, multa para quem não fizer separação em 3 partes, reciclável, compostavel e rejeito.

Maria Antonia, esqueça esse negócio de civilidade, cidadania, as pessoas são preguiçosas, porcas, acomodadas, não fazem nada sem um chute na bunda e o melhor chute é a multa.

Além disso, Maria Antonia destaca que o município precisa ter todo o suporte necessário para aproveitar suficientemente a colaboração massiva dos moradores. “Não adianta separar o lixo se não se houver um aterro sanitário para fazer a compostagem e cooperativas ou indústrias que recebam essa material”, ela explica. “Sem isso, o lixo separado se perde.”

Para a especialista, se ambos os lados – prefeitura e população – estão bem amparados, o ciclo se fecha e o impacto do lixo no meio ambiente é reduzido.

Isso é papo de especialista, sabe aquele PHD especializado do lado direito da asa do beija-flor verde? Pois é …  educador ambiental que só conhece a teoria mas quando chega a hora da prática … continuam na teoria, hahaha. Não estamos mais falando de educação e sim punição, acabou nosso tempo, acordem teóricos de plantão, se esperam que a humanidade tenha chance de sobreviver a este século.

É muito fácil resolver o problema dos resíduos, mas tem que ter vontade, coisa que os 396 dos 399 municípios do Paraná não tem. E nem estamos falando de todo o país em que não tem mais de 15% das cidades com aterro sanitário e eu ainda duvido muito desses números.

Primeiro que tem que terceirizar a coleta, para poder cobrar deles um serviço eficiente, para ter sempre gente cumprindo o que a prefeitura estipulou, porque o que vemos é que quando a coleta é do município os funcionários são lentos e estão lá pelo salário porque sabem que não serão demitidos se não fizerem seu serviço. Sabe aquela história de que o funcionário público entra lá para esperar a aposentadoria? Então …

Depois exigir a separação, em 3 sacos – reciclável, compostável e rejeito – e por amostragem – a cada 5 casas, por exemplo – verificar os sacos e multar quem não separar. Multar e não recolher o lixo no dia, esperar que no outro dia o cidadão sem consciência separe.

Primeiro vem a vergonha, porque os vizinhos verão que o porcalhão não cuida do planeta e depois que o sujeito sem vergonha na cara pagar algumas multas pesadas ele aprende a separar.

Lembre-se que há dois caminhos para se chegar ao paraíso, pelo amor e pela dor e infelizmente os humanos só aprendem pela dor.

Em Paiçandu, o velho garimpo

O lixão de Paiçandu hoje lembra o de Maringá de mais de um ano atrás. Lá, se encontra de quase tudo. Ao revirar todas as sacolas ali depositadas, o grupo de catadores de materiais recicláveis acha desde cabeças de porco até dinheiro.

Durante as entrevistas realizadas no local, Margarida Jesus de Oliveira, 61 anos, achou uma nota de R$ 1. Feliz, ela apontou a nota para o céu e exclamou: “Senhor, envie mais R$ 9 porque eu preciso cortar o cabelo!”

Em meio às montanhas de lixo, os catadores trabalham bem humorados. É comum, durante a procura pelos recicláveis, surgir entre eles brincadeiras de todos os tipos. Cleonice Pereira da Silva, 44, é uma das mais animadas. “Não admito que alguém chame isso aqui [diz apontando para todo o lixo a sua volta] de lixão. Para mim, é um shopping center, de onde sai o dinheiro que ajuda a sustentar minha família”, afirmou.

Quando notou a câmera fotográfica do repórter Ricardo Lopes, Cleonice tirou o boné azul da cabeça, soltou os cabelos longos e, fazendo poses como quem se prepara para ser fotografado, disse aos colegas, divertindo-se: “Vou ficar famosa”.

Cleonice, que tem dez filhos e procura por recicláveis há 16 anos, revelou que todo o grupo foi convidado a trabalhar em cooperativas de reciclagem. Contudo, se aceitasse, ganharia menos dinheiro do que se continuasse a revirar o lixo do restante da população de Paiçandu. “Nas cooperativas, pagam, no máximo, R$ 50 por semana”, afirma Cleonice. Aqui, conseguimos até R$ 200 a cada sete dias.”

Questionada sobre como reagiria caso o lixão fosse fechado, ela respondeu que, juntamente do grupo, reabriria o local. Os catadores trabalham sem proteção totalmente adequada. Alguns calçam botas de borracha mais resistentes e, para se protegerem do sol, usam bonés.

Se as mulheres do grupo, que são maioria, encontram um colar, uma pulseira ou um badulaque qualquer, tratam logo de usá-lo. Mesmo em um lixão, onde o cenário não é dos mais agradáveis, elas são vaidosas.

Vem cá, você que se proclama cidadão, temente a Deus, não tem vergonha na cara de separar seu lixo na fonte – sua casa – para dar dignidade a essas pessoas? Você é um hipócrita.

Não custaria nada a você melhorar a qualidade de vida de seu irmão coletor, você não teria que colocar a mão no bolso para tirar um centavo, mas você é um preguiçoso.

Recicle, ou nossos descendentes viverão em cima de uma pilha de lixo, logo, logo.

Municípios prometem se adequar

Por conta das irregularidades, a Promotoria de Meio Ambiente de Maringá move processos contra as cinco prefeituras sob sua jurisdição. Doutor Camargo está se adequando agora, depois de mais de um ano de implementação da nova lei.

A exigência é de que cada uma das cidades gerencie o lixo corretamente, para preservar o meio ambiente e a população. “A promotoria recebe denúncias e há também a fiscalização feita por órgãos ambientais. Às vezes, pedimos à universidade para realizar vistorias para avaliarmos o que acontece”, afirma o promotor Ilecir Heckert.

Para solucionar o problema, Maringá desenvolve desde abril um experimento com tecnologia da empresa austríaco-alemã Biopuster, que faz a compostagem do lixo orgânico mais rapidamente, sem produzir chorume e convertendo o poluente gás metano em vapor d’água e gás carbônico.

Rogel Martins Barbosa, presidente da comissão que avalia os resultados da empreitada, afirmou que aterros sanitários são ultrapassados e é possível obedecer às exigências da lei por meio de outras tecnologias.

Que lindo discurso Rogel, mas você se esquece que o que deve ir para o aterro é só o rejeito, mas não foi o que vimos na inauguração do biopuster, o que vimos foi material reciclável aos montes misturado ao lixo, fazendo este material – plástico, vidro, metal, papel – perder seu valor, necessitando usar água e produtos químicos para limpeza e às vezes impossibilitando que este material volte ao ciclo de produção de tão contaminado que está.

Não adianta nada este biopuster sem tudo o que dissemos acima, que é reciclar e compostar 100%.

Só 5% do nosso lixo é rejeito, isto quer dizer que se houver a reciclagem e a compostagem haverá um aumento da vida útil do aterro em 95%.

Nós temos que trabalhar em cima do óbvio, para que quase 3 milhões numa tecnologia fabulosa quando não se resolve o problema básico, que é a separação do lixo.

Para que tratar um produto já contaminado se você pode reciclar na fonte? Não é nada complicado, mas ter uma política séria de reciclagem.

As prefeituras de Floresta e Paiçandu elaboram novos planos de gerenciamento. Para tratar o orgânico, a primeira poderá construir um aterro sanitário ou tentar acordo com Maringá para utilizar a tecnologia da Biopuster. Paiçandu tem novo local para construir aterro sanitário, já aprovado pelo IAP, segundo a assessoria de imprensa da prefeitura.

A reportagem não conseguiu contato com o responsável pela Secretaria da Agricultura e Meio Ambiente de Ivatuba, que não se encontrava na prefeitura e cujo número celular estava fora de área durante a tarde de ontem.

‘Existe a possibilidade de contaminação do lençol freático’

Maria Antonia Silva (Especialista em Meio Ambiente)

– Quais riscos um aterro mal gerenciado pode causar?

Há todo risco de contaminação direta do solo e dos corpos hídricos. Existe também a possibilidade de contaminação indireta, já que o solo carreia para o lençol freático, chegando aos aqüíferos. São informações já debatidas pelos meios acadêmico, técnico e também na imprensa em geral.

– Nem todas as pessoas sabem que as pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes devem ser entregues onde foram compradas. Que tipo de subtância nociva ao meio ambiente esses produtos têm?

Geralmente, têm composição química e radioativas, formadas por metais pesados, que são perigosos. Essas substâncias ficam no solo de uma geração a outra e podem ser absorvidos por alimentos ou até no contato com pessoas, gerando contaminação.

– Quais perigos a população enfrenta com o mau gerenciamento do lixo?

Se o indivíduo mora próximo a um lixão, ele carrega todo o ônus de contato com o resíduos e com as partículas derivadas do lixo que ficam no ar na época da seca. Em períodos chuvosos, há também o odor que exala do material em decomposição. Gera-se incômodo.

Na questão de saúde, o lixo mal gerenciado atrai ratos e outros animais à procura de alimentos, que contraem doenças. Ao entrarem em contato com a população, esses animais geram toda uma problemática de saúde, com a veiculação de inúmeras doenças, desde as micoses até as infecciosas.

Todo mundo fala o óbvio mas ninguém resolve o problema.

Quando este povo vai sair do discurso para a ação? Será que ainda neste século?

Ainda bem que nossos 396 dos 399 prefeitos do estado estão sendo indicados administrativa e criminalmente por não fazerem o óbvio, que é resolver o problema do lixo.

Quero que todos vão para a cadeia, porque chega de pagarmos nossos impostos para não termos benefícios. Cadê a saúde – tem que fazer plano privado – onde está a educação a que todos tem direito – tem que gastar horrores em escolas particulares – e assim por diante.

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