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Por estudar efeitos dos microplásticos na saúde humana

Os microplásticos estão em todo o lado. Um estudo recente revelou que esses plásticos com menos de cinco milímetros foram encontrados na cadeia alimentar e no organismo de habitantes de diversos países. O que urge saber, alertam especialistas portugueses, são os efeitos na saúde humana, já que estudos em animais revelaram vários riscos.

Teresa Catry, da Universidade de Lisboa, considera que é “expectável” que a realidade portuguesa seja semelhante, uma vez que os voluntários analisados habitam “zonas com um nível similar de industrialização”. A investigadora, que participou num estudo que detetou fibras artificiais em sedimentos e bivalves consumidos pelo homem no Tejo, considera que é importante “investigar mais” para se perceber como os microplásticos podem ser prejudiciais à saúde humana.

Alguns estudos laboratoriais em animais mostraram já que estes poluentes se propagam nas cadeias alimentares e “podem causar distúrbios fisiológicos, pelo que a sua ocorrência em altas densidades e a sua ingestão por diversas espécies é um problema potencialmente grave e que deverá ser monitorizado no futuro”, lê-se no estudo da Universidade de Lisboa.

Nos animais já analisados em diversos estudos, os plásticos são geralmente encontrados no intestino, mas partículas da dimensão dos microplásticos “são capazes de entrar na corrente sanguínea, no sistema linfático e até chegar ao fígado”, alertava Philipp Schwabl, um dos autores do estudo internacional. É por isso que a investigadora Teresa Rocha Santos, da Universidade de Aveiro, considera urgente avaliar “o risco real para a saúde”.

No solo, na água e no ar

“Os microplásticos estão por todo o lado, no solo, na água e até no ar que respiramos. É natural que entrem na cadeia alimentar e no organismo do ser humano e temos de analisar as consequências disso”, diz esta investigadora, que liderou um estudo sobre um fungo marinho (Zalerion maritimum) que permite reduzir microplásticos na água.

A especialista sublinha que é preciso avançar com rapidez, mas “evitar alarmismos”. Em Portugal, vários partidos apresentaram projetos de lei para reduzir o uso de plásticos em geral e microplásticos de origem primária. Querem avaliar os impactos no ambiente e na alimentação dos portugueses.

O que são microplásticos?

São partículas de plástico que medem menos de cinco milímetros. Podem ser de origem primária (fabricados para introduzir em exfoliantes, cremes de rosto, pasta de dentes, detergentes, têxteis, etc.) ou de origem secundária (por degradação de plásticos maiores).

Como se transferem para o ambiente?

Além dos microplásticos que resultam da degradação de plásticos maiores, também os de origem primária podem passar facilmente para o ar, água ou terra. Isso acontece quando, por exemplo, se retira o exfoliante ou creme com água, quando se lava roupa sintética ou até com o simples rodar de pneus no asfalto. Já se encontraram microplásticos no mar, rios, solo, ar, efluentes domésticos e até no Ártico.

É possível erradicar microplásticos?

Estão a ser desenvolvidos esforços para reduzir a sua presença, nomeadamente através de legislação que limite a utilização, educação da população para mudar hábitos, biotecnologia (criação de bioplásticos) e tratamentos (fungos ou outras formas de os eliminar ou reduzir).

Partidos querem avaliar impacto no ambiente e comida

A somar às medidas da Comissão Europeia e Parlamento português para reduzir os plásticos (com enfoque nos descartáveis), vários partidos apresentaram iniciativas que evidenciam preocupações quanto à incidência e uso de microplásticos. O BE e Os Verdes viram aprovados, este ano, projetos de lei que visam, respetivamente, avaliar o impacto e origem dos microplásticos no ambiente e comida e a criação de um programa para os erradicar até 2020. O PAN aguarda a discussão do seu projeto para proibir a comercialização de detergentes e cosméticos com microplásticos.

Fonte – Zulay Costa, JN.pt de 29 de outubro de 2018

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