by mpabdullatheef
Por Rogerio Ruschel
O ser humano sempre gostou de ensinar lições de moral e ética inventando fábulas; vamos, portanto, a uma delas. Podemos comparar a utilização dos recursos de nosso planeta pelo Homo sapiens à velha história da Festa no Céu: uma grande boca livre no Buffet Planeta Terra, onde os convidados comem e bebem tudo que podem, sem se preocupar com quem paga a conta, com o desperdício, nem com quem vai limpar o salão. Na varanda alguns convidados enchem os bolsos com tudo o que encontram na casa, inclusive objetos de decoração. Do lado de fora dos portões quem não foi convidado – a esmagadora maioria dos bichos – está ansiosa para participar e percebem-se tumultos na recepção.
Enquanto isto cozinheiros e garçons se dão conta de que está acabando a comida e a bebida (os recursos hídricos, as matérias-primas, a energia, etc). Eles sabem que algo precisa ser feito antes que os convidados, ao se darem conta de que a comida está diminuindo, por um instinto animal de sobrevivência acionem a síndrome atávica de escorpião começando a injetar veneno uns nos outros para eliminar a concorrência, mesmo que isto lhes custe a própria vida. O dono da casa – que criou a bicharada toda – está arrependidíssimo, e já decidiu: na próxima festa vai selecionar melhor os convidados.
Pois estes somos nós, humanos, e esta é a festa que estamos fazendo aqui no Buffet Planeta Terra. Todos nesta festa se acham com o direito de encher a barriga, e a grande maioria ainda não entendeu o nervosismo dos garçons. Poucos, mas muito poucos mesmo, perceberam que daqui a pouco a festa vai acabar – e um punhado de bem intencionados, preocupados, se propõe a fazer uma barricada na porta da despensa para conservar o resto dos recursos.