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Transação energética e os impactos no Brasil

Por Alem da Superfície

O mundo está passando por uma grande transformação na forma como se produz e consome energia. Essa mudança envolve redução nas emissões de CO2, aplicação de novas tecnologias para aumentar eficiência e produtividade e aumento do uso de outras fontes de energia, como o gás natural, eólica e solar. Toda essa revolução é chamada de transição energética. Entenda a transição energética e os impactos no Brasil.

Além da Superfície ouviu especialistas durante o Ciclo de Debates sobre Transição Energética, realizado pelo IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) e pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética), e preparou um conteúdo detalhado sobre o tema. Em seis perguntas, entenda o a transição energética e os impactos no Brasil.

1 – O QUE É A TRANSIÇÃO ENERGÉTICA?

A transição energética é geralmente definida como uma mudança estrutural de longo prazo nos sistemas de energia. Essas transições ocorreram em diversos momentos da história, como foi da lenha para o carvão e, depois, do carvão para o petróleo. A transição que estamos vivendo é motivada pelos impactos da ação humana sobre o clima. Está voltada para a mudança estrutural do sistema de energia, que passará da estrutura atual, pautada em combustíveis de origem fóssil, para um sistema estruturado em energias renováveis. Significa que teremos, no médio prazo, que consumir energia com menor nível de emissão de CO2. Matriz energética é o conjunto das fontes de energia que usufruímos. No Brasil, 45,3% da energia que consumimos – ou seja, da nossa matriz energética – vem de fontes renováveis (BEN-2019/2018). No mundo, esse percentual é de 13,7%; e nos países integrantes da OCDE, 9,7%.

2 – EXISTE RELAÇÃO ENTRE TRANSIÇÃO ENERGÉTICA, MUDANÇAS CLIMÁTICAS E O ACORDO DO CLIMA ASSINADO EM PARIS?

Sim. As mudanças climáticas são consequência, entre outros fatores, do aumento das emissões de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera, dentre eles o CO2. O crescimento das emissões de CO2, por sua vez, é provocado por diversas atividades, como desmatamento, uso inadequado do solo e queima de combustíveis fósseis. Por isso, crescem os requisitos para a transição com matrizes pautadas em fontes menos emissoras. Um dos instrumentos mais emblemáticos é o Acordo de Paris, assinado em 2015 por 195 países, entre eles o Brasil. O documento estabelece metas para os países signatários, com objetivo de restringir o aumento da temperatura global do planeta em menos de 2ºC e, idealmente, limitá-lo a 1,5ºC. Dentre as ações propostas está a mudança do perfil das matrizes energéticas dos países signatários, com a substituição das fontes fósseis por fontes menos emissoras.

3 – QUAIS SÃO OS DESAFIOS DA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA NO BRASIL?

A transição energética se apresenta como uma oportunidade no contexto brasileiro. Por ser um dos países com a matriz energética mais renovável do mundo e dispor de abundante potencial de fontes renováveis– como hidrelétrica, eólica e solar– além de reservas de petróleo e gás natural associado, sobretudo na fronteira  pré-sal. Seu desafio e grande oportunidade é planejar o melhor uso dessas fontes de modo a garantir o maior benefício à sociedade.

4 – QUAL SERÁ O PAPEL DO GÁS NATURAL NA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA NO BRASIL?

O gás natural terá um papel muito importante na composição da matriz energética no médio prazo e é o combustível essencial à transição para uma economia de baixo carbono. Isto porque o gás natural é o combustível  fóssil mais favorável do ponto de vista ambiental. Sua contribuição na transição energética poderá vir em dois sentidos. Primeiro, ele pode substituir outros derivados de petróleo com maior nível de emissão, como o óleo combustível, que é muito usado nas indústrias e na geração termelétrica.. A utilização de gás natural para geração elétrica  permite a expansão no país de outras fontes renováveis, como a solar e eólica, e garante estabilidade ao sistema elétrico.

Em 2040, fontes renováveis como a eólica, a solar e a de biomassa devem representar 46% da matriz energética brasileira, um dos maiores percentuais globais. Como se sabe, éolica e solar são fontes intermitentes, ou seja, sua produção está sujeita às condições da natureza, como os ventos e o sol. Quando essas fontes produzem menos, é preciso que outras fontes, sejam acionadas para garantir o abastecimento de energia. É quando entra o gás natural, insumo mais “limpo” para as usinas termelétricas na comparação com outros combustíveis para essas usinas, como carvão e óleo combustível. Essa complementariedade exercida pelo gás natural já acontece hoje com as hidrelétricas que em alguns meses do ano, devido ao menor volume do nível dos reservatórios, geram menos energia. Nos últimos dez anos, as fontes eólica, solar e biomassa ganharam grande impulso. Em 2018, representaram quase 90% da capacidade de geração adicional dos leilões de energia elétrica.

5 – QUAL O IMPACTO DA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA NA INDÚSTRIA DE ÓLEO E GÁS?

A matriz energética brasileira precisa de uma contribuição significativa da indústria de óleo e gás para atender o crescimento da demanda que é esperado com o aumento da população e a expansão do uso de energia pela sociedade. Em 2026, por exemplo, a previsão é que a parcela de energia advinda dos derivados petróleo seja de 36,6%, hoje é de cerca de 50%. Isso não significa necessariamente que vamos produzir uma quantidade menor de petróleo que extraímos hoje, já que a demanda de energia também pode crescer.

Como já dissemos, o gás natural é uma fonte importante para a geração de energia elétrica e deve continuar presente na matriz, por ser complementar às fontes renováveis. E o petróleo é indispensável na vida moderna. Além da energia, está presente em tudo que usamos, dos produtos eletrônicos aos de beleza e saúde. É preciso manter os investimentos no desenvolvimento da produção para atendermos a demanda de hoje e a futura, tanto para oferta de energia quanto para outras áreas.

Além disso, o desenvolvimento das reservas de óleo e gás, como as do pré-sal, é conciliável com a meta assumida pelo Brasil de redução de 37% das emissões em relação ao nível de 2005..  É preciso lembrar que, para cumprimento dessa meta, o país também deve adotar medidas em outras áreas além da energia, como recuperação e preservação de áreas de floresta.

6 – QUAL A RELAÇÃO ENTRE A TRANSIÇÃO ENERGÉTICA E A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL?

A transição energética vai significar a absorção de novas tecnologias e novos modelos de negócios que têm impacto disruptivo no desenvolvimento das cadeias energéticas existentes hoje. Exemplos são o aprimoramento de baterias, a gestão energética do sistema e seu nível de eficiência, a expansão do uso do carro elétrico e a geração distribuída. Essas mudanças vão impactar na estrutura da nossa indústria e, por isso, a tecnologia é um dos grandes desafios. O desenvolvimento tecnológico vem para oferecer uma energia mais competitiva, que possa ser revertida de forma positiva para a economia e para a sociedade.

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