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Cães, vacas e crianças se misturam em mar de plástico de uma das cidades mais poluídas do mundo

Nova Déli é uma das cidades mais poluídas do mundo. Dominique Faget/AFP

O que um dia foi um canal agora é uma imensa língua de resíduos plásticos. É um cenário pavoroso, com o qual têm que conviver diariamente os habitantes de Taimur Nagar, na periferia de Nova Déli, na Índia, uma das cidades mais poluídas do mundo.

Sacolas plásticas, embalagens de alimentos e outros restos chegam a Taimur Nagar através de um cano de água residual.

Cães, galinhas, cabras e até vacas procuram comida no meio dessa massa de plástico, onde as crianças tentam, por sua vez, encontrar bolas de futebol, ou garrafas PET.

“Podem ver o quão ruins são as condições aqui. Nós nos afogamos no plástico”, afirmou Bhola  Ram, morador da região.

Taimur Nagar não é um caso isolado em Nova Déli, nem em outras cidades indianas, invadidas pelos resíduos plásticos.

O mar de plástico se espalha pela comunidade de Taimur Nagar, em Nova Déli. Dominique Faget/AFP

Incomodado com a situação, o engenheiro Rajagopalan  Vasudevan criou um processo para triturar o plástico e utilizá-lo na construção de estradas.

Quem passar por Taimur Nagar verá que muitas vias poderão ser feitas com o material.

Todo o lixo chega a região através de um cano de água residual. Dominique Faget/AFP

‘Viver no inferno’

A Índia gera 5,6 milhões de toneladas de resíduos plásticos por ano, segundo números do governo.

A Índia gera 5,6 milhões de toneladas de resíduos plásticos por ano. Dominique Faget/AFP

Em 2009, Déli proibiu as sacolas de plástico e, depois, estendeu a medida às embalagens plásticas e outros objetos de uso único feitos com este material.

Mas a proibição não é respeitada, e a sacola plástica continua sendo o recipiente mais usado para transportar frutas e verduras, carne e comida “para viagem”.

Os moradores de Taimur  Nagar estão acostumados com esse entorno e parecem resignados.

“É como viver em um inferno”, disse Shreepal  Singh. “Somos pobres e não nos resta outra coisa a não ser viver e morrer aqui”, acrescenta.

A vida neste bairro não foi sempre assim, porém.

“Quando cheguei, há 40 anos, a água da canalização era limpa. A zona não estava tão suja. Mas tudo piorou à medida que a população aumentou”, avalia Saroj  Sharma, mãe de três filhos.

Na temporada de chuvas, as casas podem ficar inundadas pelo esgoto.

Na comunidade de Taimur Nagar, os indianos convivem com um mar de lixo no ‘quintal’ de suas casas.

“Minha neta está sempre doente. Todas as crianças faltam dias à escola, porque têm diarreia, ou uma crise de malária”, lamenta Birambati Devi, enquanto, não muito longe dali, porcos reviram o lixo.

Situado entre dois luxuosos bairros residenciais, Taimur  Nagar é um dos bolsões de pobreza da capital indiana. É um reflexo das desigualdades dentro desse país-continente do sul da Ásia, cujo crescimento seletivo deixou muitos de lado.

O lixo afeta diretamente a saúde dos moradores da comunidade. Dominique Faget/AFP

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, prometeu limpar o país antes do fim de seu mandato, em 2019.

Segundo uma pesquisa recente da OMS (Organização Mundial de Saúde), 14 das 15 cidades com pior qualidade do ar do mundo estão na Índia.

Nesse ranking, Déli melhorou um pouco sua posição, passando da cidade mais poluída em 2014 para o sexto lugar.

“Não acredito que a cidade seja limpa um dia”, diz Sallu  Chowdhary, com uma máscara contra a poluição.

“Ninguém leva o problema a sério, nem mesmo os habitantes, que sofrem com isso diariamente”, completou.

Fontes – AFP / UOL de 30 de junho de 2018

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