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As concentrações de carbono da Terra dispararam em níveis jamais vistos em 800.000 anos

Créditos da foto: U.S. CBP/Wikimedia

Oceanógrafos do NOAA alertam que mesmo que a humanidade ‘pare com os gases do efeito estufa com as concentrações atuais hoje, a atmosfera continuaria a se aquecer pelas próximas décadas até, talvez, um século’

Enquanto as temperaturas atuais põe no chinelo os records de calor ao redor do globo e incêndios se espalham da Califórnia ao Ártico, um novo relatório produzido anualmente por mais de 500 cientistas do mundo, descobriu que, no ano passado, as concentrações de dióxido de carbono na atmosfera da Terra alcançaram os maiores níveis “no registro de medidas atmosféricas moderno e nos registros que datam desde 800.000 anos”.

Enquanto o salto mais significante foi a média global de dióxido de carbono (CO2) – o qual, em 405.0 partes por milhão (ppm), viu um aumento de 2.2 ppm em relação ao ano anterior – concentrações de outros gases do efeito estufa que aquecem o planeta, metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), também atingiram “níveis records”, de acordo com o  State of the Climate, PDF de 2017 divulgado semana passada. 

Considerando essas taxas, Greg Johnson, um oceanógrafo da Administração Atmosférica e Oceânica Nacional (NOAA) e do Laboratório Ambiental Pacific Marine em Seattle, alertou que mesmo se a humanidade “parara com os gases do efeito estufa com as concentrações atuais hoje, a atmosfera continuaria a se aquecer pelas próximas décadas até, talvez, um século”.

O relatório de 332 páginas – que foi revisado pela NOAA e publicado como suplemento especial ao Boletim da Sociedade Meteorológica Americana – também nota que 2017 está entre os três anos mais quentes da história, ganhando o primeiro lugar para ano mais quente sem El Niño desde que os cientistas começaram a medir no século XIX. No entanto, dados da NOAA divulgados na semana passada mostram que 2018 pode estabelecer um novo record.

O relatório detalha como “condições mais quentes do que o comum” ao redor de quase todos os continentes e oceanos do mundo significaram três anos, “sem precedentes”, de descoloração de corais, temperaturas do Ártico que estão “ficando mais quentes a um passo mais rápido do que o resto do mundo”, geleiras derretendo rapidamente e lençóis de gelo, e tempestades tropicais devastadoras – como os furacões Irma e Maria – que refletem “o estado ativo da bacia do Atlântico”.

Em sua análise regional, o relatório nota que “os EUA foram impactados por 16 eventos climáticos e de temperatura e que cada um causou mais de $1 bilhão de dólares em devastação. Desde que começaram os registros em 1980, 2017 está empatado com 2011 com o maior número de desastres bilionários. Inclusos nesse total estão a temporada de incêndios do oeste do país e os furacões Harvey, Maria e Irma. A atividade dos tornados nos EUA, em 2017, foi acima da média pela primeira vez desde 2011, com 1.400 tornados confirmados”. 

Alguns eventos:

– Seca na Dakota do Norte, Dakota do Sul e Montana na primavera e no outono de 2017
– Incêndios na Costa Oeste no verão e outono de 2017
– Inundação na Califórnia de 8 a 22 de fevereiro
– Chuva de granizo no Colorado e clima severo no centro do país de 8 a 11 de maio
– Clima severo no centro-oeste de 12 a 16 e 27 a 29 de junho
– Clima severo no sudeste e sul de 26 a 28 de março
– Furacão Harvey de 25 a 31 de agosto
– Furacão Irma de 6 a 12 de setembro
– Furacão Maria de 19 a 21 de setembro
– Chuva de granizo em Minnesota e clima severo no centro-oeste de 9 a 11 de junho
– Tornado no centro-oeste de 6 a 8 de março
– Tornado no sudeste de 28 de fevereiro a 1 de março
– Inundações no Missouri e Arkansas e clima severo na região central de 25 de abril a 7 de maio
– Tornado na região sul e tempestades na região ocidental de 20 a 22 de janeiro

O relatório também mostra um mapa que salienta anomalias climáticas notáveis e eventos ao redor do globo durante 2017. O gráfico aponta que tanto a Argentina quanto o Uruguai experienciaram seus anos mais quentes já registrados enquanto a Rússia experienciou seu segundo ano mais úmido, e cinco de seis observatórios no Alaska documentaram as maiores temperaturas de solo permanentemente congelado já registradas.

Permafrost é uma camada de solo, pedra ou sedimento que permanece congelada e contém grandes quantias de dióxido de carbono e metano. Cientistas climáticos estão ficando cada vez mais preocupados com o fato de que “com o termostato global subindo, o permafrost, ao invés de armazenar carbono, pode se tornar uma fonte significante de emissões que aquecem o planeta”.

Eventos globais:

– Extensão de gelo do Mar Ártico
Durante sua temporada de crescimento, o ártico teve sua menor extensão anual máxima. Durante sua temporada de derretimento, o ártico alcançou sua oitava menor extensão mínima já registrada.

– Canadá
Déficits severos de precipitação em 2017 na província da Columbia Britânica contribuíram para o desenvolvimento da maior temporada de incêndios (1.2 milhões de hectares de terra afetada) da história da província.

– Alasca
Cinco de seis observatórios de permafrost na região norte reportaram as maiores temperaturas de permafrost.
    
– EUA
A temperatura nacional de 2017 foi a terceira mais alta desde 1985, atrás de 2012 e 2016. Arizona, Geórgia, Novo México, Carolina do norte e Carolina do sul tiveram seu ano mais quente já registrado.

– México
Teve sua maior temperatura média anual desde que os registros começaram em 1971. É o quarto ano consecutivo que o record foi alcançado.

– Brasil/Bolívia
O número total de incêndios na região amazônica em 2017 foi 272.000 – o maior número desde que os registros começaram em 1999.

– Argentina/Uruguai
2017 foi o ano mais quente já registrado para ambos os países. Uma onda de calor intensa afetou partes da região sul da América do Sul em janeiro. A temperatura máxima de 43.5 graus celsius foi registrada em Porto Madryn, na Argentina, em 27 de janeiro – essa foi a maior temperatura já registrada tão ao sul no mundo.

– Rússia
O país experienciou seu segundo ano mais úmido já registrado depois de 2013.

– Europa
A Europa como um todo experienciou seu quinto ano mais quente já registrado. Individualmente, vários países estavam entre os 5 mais quentes: Bulgária, Espanha, Portugal, Ucrânia, Israel, França e Reino Unido.

– Oriente Médio
O verão de 2017 foi extremamente seco, sem precipitações nas regiões do Líbano, norte da Síria e Israel.

– Sudeste Asiático
2017 foi o quarto ano mais quente desde que os registros começaram em 1901.

– Paquistão
Em 28 de maio em Turbat, no Paquistão Ocidental, a alta de 53.5 graus celsius foi a temperatura mais alta já registrada no país, e foi a temperatura mais alta no mundo no mês de maio.

– África do Sul
2017 foi o quarto ano mais quente já registrado desde 1951.

– Austrália
Experienciou seu terceiro ano mais quente desde 1910. Sete dos dez anos mais quentes do país aconteceram desde 2005.

– Extensão de gelo do Mar Antártico
Área de gelo estava bem abaixo da média de 1981-2010.

– Nova Zelândia
2017 foi o quinto ano mais quente do país desde 1909.

– Furacão Maria
Causou grande destruição nas Ilhas do Caribe, incluindo prejuízos devastadores por causa dos ventos e das inundações em Porto Rico.

– Furacão Irma
Afetou Porto Rico, as Ilhas Virgens e a Flórida. Foi o ciclone tropical mais forte globalmente em 2017.

– Furacão Harvey
Produziu totais de precipitação record nas áreas do Texas e Luisiânia.

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