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Como eles conseguiram resultados

sadEm casa. Débora Campos mudou radicalmente sua relação com os plásticos

Mudança de atitude ainda esbarra na intolerância dos consumidores, mas histórias mostram o caminho

Pouco a pouco a influencer de gastronomia Débora Campos, 43, autora do blog Viverdequê?, foi comprando potes de vidro e inutilizando os plásticos que tinha em casa. O processo todo levou cerca de dois anos. “Consegui eliminar principalmente na cozinha. Comecei a usar utensílios de inox, bambu e outros materiais. Comprei sacolas de tecido e uso caixas para trazer os alimentos pra casa. Às vezes não consigo em tudo, mas a gente tem que fazer nossa parte o máximo possível”, conta.

Dessa forma, Débora acredita que contribui para não gerar tanto lixo para a cidade. Em Belo Horizonte, a maior parte dos resíduos gerados pelos moradores vai para um aterro em Sabará, na região metropolitana. Por dia, são aterradas, em média, 2.120 t. Segundo a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), de todo esse lixo doméstico e público, 49% são resíduos orgânicos, que poderiam ser reaproveitados, e 35% são materiais recicláveis (papel, metal, plástico e vidro). Isso significa que somente 16% de todo o lixo gerado na capital deveria ir parar nos aterros.

Alguns restaurantes na cidade também já estão se preocupando com isso. No entanto, conforme os proprietários, muitas vezes as iniciativas esbarram na má vontade dos clientes. No Las Chicas Vegan, canudos deixaram de ser levados à mesa, a menos que o cliente peça. “Já atendi uma cliente que ficou brava, dizendo que tinha que ter canudo na mesa senão queimava a boca (com gelo)”, diz a chef Gabi Andrade. (Hahaha, esse pessoal. Quanto mimimi! Ai, minha boquinha é delicadinha, vai queimar com gelinho, uiuiui. Oras, peça sem gelo! Quanto draminha! Tudo para justificar ser acomodado e não mudar seus péssimos hábitos para melhorar o planeta. Típico de humanos acomodados, que em qualquer pesquisa se dizem preocupados com o planeta, mas na hora de mudar seus hábitos, nada!)

A proprietária e sócia do restaurante Topo do Mundo, Ludmila Tamietti, também já passou pela mesma situação. Em um sábado, por exemplo, mais de 200 canudos chegavam a ser usados. Com o incentivo dos movimentos contra os plásticos, a proprietária estima uma redução de mais de 50% no uso. Ela diz que, quando possível, oferece o canudo de papel. Antes o restaurante era localizado na serra da Moeda, unidade de conservação ambiental. (Canudo de papel, para não derreter, tem que ser laminado internamente com plástico, daí a solução é pior do que o problema inicial, porque este papel junto com o plástico não pode ser reciclado nem com plástico nem com papel. Piorou, e muito!)

Segundo Ludmila, tem cliente que questiona por ter que beber direto no copo e acha que é “economia porca” do estabelecimento. “Nossa máquina de lavar também esteriliza. Falta conscientização. O consumidor não percebeu que pequenas atitudes têm um impacto grande. Muitas vezes é o filho que convence o pai”, revela.

Uma vida com menos ou quase nenhum lixo plástico não é utopia, como mostra a designer gráfica florianopolitana Cristal Muniz, 26, autora do blog Um Ano Sem Lixo.

Em resumo, ela conta que parou de usar descartáveis, faz seus próprios cosméticos e produtos de limpeza e compra comida a granel levando embalagens de pano ou vidro. “Resumidamente, eu passei a aplicar a regra dos cinco erres. Recusar aquilo que não precisava (brindes e comprovantes de banco); reduzir aquilo que eu precisava; reutilizar em vez de usar descartáveis (como absorventes, barbeador, copos, guardanapos); reciclar aquilo que eu não consigo reutilizar, recusar ou reduzir e compostar o lixo orgânico”, conta. No próximo mês, Cristal lançará um livro sobre o estilo de vida lixo zero e um canal no YouTube.

Minientrevista

Isabel Domingos

Professora

Universidade de Lisboa

Pelo volume de plástico produzido e usado hoje, a senhora acredita que reciclagem total é utopia?

Sim. Porque sabemos que, quando existe reciclagem (e há muitos países onde tal não ocorre), ela é muito pouco eficiente. A solução desse problema global não pode, de forma alguma, depender dessa alternativa. Além disso, o plástico é um mundo de diversidade, que tem, igualmente, impactos diversos.

Quais possíveis soluções você vislumbra para esse grande problema?

Necessariamente, a redução imediata. Paralelamente, deviam concentrar-se todos os esforços em encontrar soluções para reduzir a quantidade produzida e investir em pesquisas para desenvolver alternativas ao uso do plástico.

Como mudar esse cenário diante de uma indústria do plástico tão forte?

Há setores em que pode não existir substituto para o plástico e tem que se investir no desenvolvimento de novos materiais que possam substituí-lo. A indústria tem tido enorme preocupação, mas não existe obrigação. Os decisores políticos, de todo o mundo, têm que adotar essa como uma prioridade. Não há outra solução. Continuar não é aceitável nem possível.

Quais impactos econômicos isso poderia gerar? É economicamente viável?

Claro que iria gerar impactos econômicos elevados! Um sistema de produção dependente do plástico não poderia sobreviver se amanhã fosse proibida sua utilização, e, do ponto de vista social, seria calamitoso. Não seria economicamente viável acabar com o plástico amanhã, mas tem que se começar imediatamente a adotar medidas eficientes para reduzir. Investir no desenvolvimento de alternativas ao seu uso e dar um tempo para a indústria se adaptar à mudança. Mas é obrigatório começar a mudança.

Fonte – Litza Mattos, O Tempo de 17 de junho de 2018

A solução nunca será a reciclagem e, sim, a não geração do resíduo! Traduzindo: não use, não use, não use! Troque sacola plástica de uso único por sacola retornável, portanto, permanente, que pode ser utilizada por décadas. Não passe o vexame de usar canudo de mamona, não use, simplesmente, não use. Escolha produtos com embalagem de vidro retornável, de alumínio, que é reciclado em quase sua totalidade, escolha produtos sem sobreembalagem… Pequenas mudanças que no final, farão toda a diferença globalmente.

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