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Embalagens 1 – Vendas on-line aumentam quantidade de lixo

São mais de 16,9 bilhões de metros de fitas adesivas na China. Empresas investem em caixas recicláveis para entregas.

Reflexo do aumento do poder aquisitivo da população, do exército de chineses que engordaram as filas da chamada nova classe média e da maior concentração de internautas do mundo, o aumento exponencial das vendas on-line e das entregas expressas fez explodir a quantidade de lixo produzida na China. De acordo com um relatório da Cankaoxiaoxi.com, as encomendas expressas no país bateram 14 bilhões em 2014. E, pelas contas do governo, devem ultrapassar a barreira dos 50 bilhões até 2020.

Os serviços de entregas em geral somaram quase 21 bilhões no período. Trata-se de um salto de 48% em relação ao ano anterior, segundo o Correio da China. Prova disso é a quantidade de tuk-tuks, bicicletas e motos elétricas deslocando-se frenéticas, em todos os sentidos pela capital chinesa, repletas de caixas e envelopes, por vezes amarrados por fora das caçambas. Em alguns casos, são tantos que o motorista se vê obrigado a espalhar embalagens no meio da calçada para triá-las antes de entregá-las aos destinatários.

Nada melhor para uma economia que está disposta a manter o pé firme no acelerador. Para o Banco Mundial, no seu relatório “What a waste Asia” (“Que desperdício, Ásia”, em tradução livre) é a confirmação do aumento do poder aquisitivo e da vontade do consumidor não só de comprar mais, como também variado. A má notícia é que, somente ano passado, 16,95 bilhões de metros de fita adesiva e 9,9 bilhões de caixas foram usados para garantir as entregas. Em entrevista recente à imprensa chinesa, o especialista Zhu Lei, da Qingdao, afiliada do Instituto de Comunicações Gráficas de Pequim falou ainda em 2,96 bilhões de bolsas de algodão, 8,26 bilhões de sacolas plásticas e 2,97 bilhões de divisores, protetores e plásticos-bolha usados pelas empresas de entrega em 2015.

US$ 25 bilhões com lixo sólido por ano

Não se trata de um fenômeno exclusivamente chinês, mas da Ásia em geral, onde se gastam US$ 25 bilhões para lidar com lixo sólido por ano. É exatamente nesta parte do mundo que o e-commerce cresce a passos largos, bem acima da média mundial, e deverá se manter assim por muitos anos. Hoje, o lixo sólido no continente é de cerca de 760 mil toneladas por dia, mas a expectativa é que aumente mais 1,8 milhão de toneladas diárias, e boa parte disso será consequência dos novos pedidos feitos pela internet.

Na China, não há um sistema nacional para regular a embalagem de mercadorias compradas on-line — e vende-se de tudo: de insetos a sopas, passando por frutos do mar congelados, bicicletas e geladeiras. Mas é crescente a preocupação dentro e fora do governo. Ao GLOBO, a associação de oportunidades de negócios verdes (GBO, na sigla em inglês), baseada em Pequim, diz que é cedo para revelar detalhes, mas admitiu que muitas empresas os tem procurado em busca de soluções para uma estratégia logística mais verde.

A gigante da internet Alibaba — a equivalente chinesa do e-Bay — confirmou que está sendo preparada uma verdadeira revolução para o sistema de entregas. A rede Rookie, conglomerado de logística fundado pelo presidente da companhia, que tem outras sócias no negócio, anunciou que o uso de caixas recicláveis já está em fase de testes em Xangai. O consumidor encomenda, recebe, assina o papel e devolve a caixa. A estratégia verde para entregas vai muito além. Outras 20 cidades também terão um projeto-piloto, entre elas Pequim. A Rookie também está investindo no desenvolvimento da logística com novos veículos movidos a energia elétrica. Gradualmente, devem substituir os mais de 230 mil caminhões usados pelas parceiras da empresa.

Em Cingapura, uma porta-voz da Agência Nacional do Ambiente (NAE, na sigla em inglês), órgão governamental, disse ao GLOBO que novas medidas têm sido adotadas para conter o aumento do lixo. Desde 2002, está em vigor o Acordo de Embalagens de Cinpagura, estabelecido entre governo e centenas de empresas que se comprometeram a mudar o design e material que usam para reduzir a quantidade de lixo de embalagens, que hoje equivale a um terço do total de lixo produzido no país. Eles também criaram um logotipo para que as empresas que fizeram o esforço ostentem nos seus produtos, uma campanha educativa e um banco de dados com regras e exemplos de boa conduta, assim como uma legislação mais rigorosa. Em 2014, a redução foi de 5,7 mil toneladas.

US$ 3,5 trilhões em vendas on-line

Os Estados Unidos e a Europa Ocidental ainda são as únicas regiões do mundo em que o comércio on-line supera o físico. Mas é na Ásia que se espera a maior taxa de crescimento daqui para frente. De acordo com a e-Marketer, as vendas pela internet somarão US$ 3,5 trilhões nos próximos cinco anos. Isso significa que a fatia do comércio virtual no total mundial vai passar de 7,3% para 12,4% no período. A Ásia vem se mantendo em um crescimento anual acima de 30%.

O Ministério da Proteção do Meio Ambiente vem apertando as regras para a manipulação de plástico no país. Recentemente, estipulou operações duras de fiscalização para evitar a importação, manipulação ou reciclagem ilegal de plásticos trazidos do exterior para a China, o que era muito comum até pouco tempo atrás.

Fonte – Vivian Oswald, O Globo de 01 de maio de 2016

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