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Globo Rural conta a vida e a obra da agrônoma Ana Maria Primavesi

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Manejo ecológico dos solos é o centro do trabalho de Primavesi. Em mais de 60 anos de carreira, ela escreveu livros e ganhou prêmios.

Focando seu trabalho no manejo ecológico dos solos, Ana Maria Primavesi é a agrônoma que desvendou mistérios da vida no solo. Seu estudo é um ponto de virada da agricultura tropical. Ao longo de mais de 60 anos de carreira, ela deu aulas, escreveu livros, fez conferências e ganhou prêmios em vários países.

A doutora Primavesi, hoje com 92 anos, passou a vida toda no campo, estudando e aprendendo com a natureza. Ao longo da carreira, ela sempre defendeu uma agricultura natural, sem agrotóxico e que valoriza a vida no solo. “Para mim é fascinante como a terra melhora, como a água nasce, como tudo está se desenvolvendo. A minha paixão é o solo, porque tudo depende do solo, inclusive os homens”, explica.

A renomada cientista nasceu em um vilarejo na Áustria. De família nobre, teve educação de qualidade, com muita leitura e estudo de várias línguas. Vivia em um ambiente ao mesmo tempo sofisticado e muito ligado às coisas simples do campo. A propriedade em que morava era também uma fazenda, com gado de leite, trigo e outros produtos.

Segundo a geógrafa e professora, Virgínia Knabben, que está escrevendo um livro sobre Primavesi, o contato com a agricultura, desde cedo, foi fundamental para que ela resolvesse estudar agronomia e ciências florestais na Universidade Rural de Viena e, posteriormente, fizesse um doutorado sobre nutrição de plantas e solos.

Em 1946, Ana se casou com Artur Primavesi, de quem pegaria o sobrenome. Quando chegaram ao Brasil, em 1949, ambos começaram a trabalhar como agrônomos, dando início a uma relação profunda com o mundo rural brasileiro.

Visitando fazendas, conversando com agricultores, aos poucos, o casal aprendeu português e começou a escrever livros e manuais. Ao longo da vida, a doutora Primavesi publicou 12 livros e 94 textos e artigos científicos inéditos.

Para o agrônomo João Pedro Santiago, o pensamento de Primavesi é um marco na agricultura tropical e começa com uma ideia simples: o agricultor deve valorizar a vida do solo. “O solo orgânico pode ter, em um punhado de terra, até cinco bilhões de seres vivos, desde os grandes, como minhocas, até bactérias, fungos e algas. É um universo de vida e quem fez a gente enxergar isso foi a Primavesi. Na época em que ela começou a defender essas ideias, o foco era dado apenas para a adubação química e o para o veneno”, conta.

Segundo Primavesi, as plantas que crescem em um ambiente rico em matéria orgânica ficam mais fortes e mais resistentes ao ataque de pragas e doenças. Ela é totalmente contra ao uso de agrotóxicos. “Quando você tem um ambiente em que não usa veneno, a vida é diversificada, uns competem com os outros. É um controle biológico natural. Quando você joga veneno, vira praga. O tóxico mata a vida”, defende.

De todos os livros da doutora Primavesi, o mais famoso é o “Manejo ecológico do solo”, lançado em 1979. Com força e pioneirismo, as ideias da agrônoma se espalharam pelas faculdades de agronomia e se tornaram referência obrigatória, principalmente para quem estuda manejo de solos e agricultura orgânica.

Os ensinamentos de Primavesi

A mensagem da doutora Primavesi também entrou no dia-a-dia de agricultores de várias regiões do Brasil. É o caso do produtor orgânico Fernando Ataliba. Em seu sítio de 36 hectares, em Indaiatuba, interior de São Paulo, ele planta hortaliças, frutas e grãos.

No sítio de Fernando estão vários exemplos concretos do que ele chama de “manejo Primavesi”. Por exemplo, em todos os cultivos, as entrelinhas devem estar sempre cobertas, o que ajuda a manter o solo úmido, fofo e fresco. “Tudo isso enriquece a vida do solo, que vai sendo alimento de fungos e bactérias. Quanto mais formas de vida, mais saudável e mais sustentável ele fica”, explica o agricultor.

Outra recomendação de Primavesi adotada no sítio é a rotação de culturas. A prática é positiva para a saúde do solo e também ajuda no controle de pragas e doenças. Além de não usar veneno industrial, Fernando evita também as caldas e defensivos orgânicos.

Outra dica de manejo, particularmente importante para a agricultura tropical, é o uso de quebra-vento. “O vento constante desidrata as plantas, carreia a umidade do solo e das folhas, fazendo as plantas se estressarem com essa situação”, explica Fernando.

Com todos esses cuidados e seguindo à risca as ideias da doutora Primavesi, a propriedade vem conseguindo resultados positivos em termos de produção. “Respeitando o equilíbrio do solo e a natureza das plantas, nós conseguimos explorar todo o potencial genético das plantas. Isso quer dizer que eu estou produzindo acima da produtividade convencional um produto de alta qualidade”, garante Fernando.

Fonte – Globo Rural

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