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IPCC: Brasil pode ter “refugiados climáticos” e prejuízos no agronegócio

Elisa Martins e Raphaela Ramos montaram n’O Globo um panorama sobre os efeitos da crise climática no Brasil, de acordo com as projeções apresentadas pelo Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudança do Clima (IPCC) em seu novo relatório.
Bombeiros atacam as chamas que, no ano passado, consumiram área de rica biodiversidade na Chapada Diamantina, Bahia Foto: MATEUS MORBECK/AFP / AFP
Bombeiros atacam as chamas que, no ano passado, consumiram área de rica biodiversidade na Chapada Diamantina, Bahia Foto: MATEUS MORBECK/AFP / AFP
“Os alertas para o Brasil são em todos os aspectos.
Aumento da temperatura, redução de chuvas, aumento do nível do mar, de eventos climáticos extremos e da vulnerabilidade das cidades”, explicou Paulo Artaxo, professor da USP e integrante do IPCC.

O Nordeste, por exemplo, aparece como um dos hotspots da mudança do clima no Brasil: além da temperatura mais alta, a região pode passar por um processo de desertificação no Semiárido, o que obrigaria milhões de pessoas que vivem nessa área a se deslocar para outros pontos do país.

Já a Amazônia, em particular a porção sul da floresta, pode sofrer com estiagens mais fortes e frequentes, o que deve intensificar o processo de degradação do bioma.

No Sudeste, as chuvas também podem diminuir, mas a frequência de tempestades e chuvas mais intensas deve aumentar, o que ampliaria o risco de desastres como enchentes e deslizamentos de encostas.

O agronegócio ficará mais exposto ao risco de perdas na produção causadas pelos efeitos do clima.

A intensificação de estiagens e a diminuição das chuvas no Centro-Oeste podem impor uma situação de crise hídrica permanente.

Na Folha, Ana Carolina Amaral e Phillippe Watanabe explicaram como isso já está sendo sentido pelos produtores brasileiros.

“Nos últimos dez anos, o Rio Grande do Sul e o Paraná tiveram seis anos de perdas por seca. Neste ano, tivemos perdas no Centro-Oeste, e não foi algo que aconteceu só uma vez. É um alerta que estamos dando desde 2007”, afirmou Eduardo Assad, da EMBRAPA.

Até mesmo o ministério da agricultura reconheceu o perigo que o agronegócio brasileiro pode enfrentar com o clima em transformação.

“Cenários de aumento de seca, chuvas mais intensas, aumentos ou diminuição de temperatura podem levar a perdas de produção e comprometer diretamente a segurança alimentar nacional e global, gerando prejuízos socioeconômicos incalculáveis”, afirmou a pasta, por meio de nota. Estadão e Folha repercutiram essa fala.

Por falar em prejuízos do agronegócio, a produção brasileira de grãos na safra 2020/2021 deve ser de 254 milhões de toneladas, volume 12% menor em comparação com a safra anterior, mesmo com o aumento de 4% na área plantada, de acordo com a CONAB.

“A redução se deve, principalmente, à queda das produtividades estimadas nas culturas de segunda safra, justificada pelos danos causados pela seca prolongada nas principais regiões produtoras, bem como às baixas temperaturas com eventos de geada ocorridos nos estados da Região Centro-Sul do país”, disse a CONAB. O Estadão destaca esses dados.

Já a Folha abordou os efeitos do clima extremo na produção de café: a indústria espera um aumento de 35% a 40% no preço do produto nos supermercados por causa da quebra na safra.

Além da produção menor, o preço também foi puxado para cima por conta dos custos mais altos dos insumos, como embalagens e energia elétrica.

 

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