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Ambientalista alerta para os riscos do Fracking, tecnologia utilizada na extração do gás xisto

Equipamentos pesados estão fazendo a sondagem do solo na nossa região para fraturamento hidráulico que, segundo Adélia, “consiste na perfuração do solo, por meio de uma tubulação, por onde são injetados uma mistura de imensa quantidade de água e solventes químicos, mais de 600 produtos, com potencial cancerígeno”

Preocupada com as questões ambientais, a técnica em Meio Ambiente Adélia Pichek Faganello esteve esta semana na redação do Jornal Noroeste para fazer um alerta sobre os danos ambientais causados pelo fracking. Adélia iniciou dizendo: “Vocês estão lembrados daqueles maquinários pesados, vários tratores em fila indiana, até meio assustador, em toda região noroeste e norte, pois é topei com eles que por diversos dias, entre Nova Esperança/Colorado, e Santa Fé. Muito se especulou e muitas conclusões foram tiradas, mas nada mais eram do que tratores da empresa Global Serviços Geofísicos – terceirizada da Agência Nacional de Petróleo (ANP) com equipamentos especiais para sondagem de solo, até aí normal, mas há por traz dessa cortina de fumaça, algo assustador e muito grave, tão grave que muitos municípios estão de prontidão, tanto no que diz respeito à legislação quanto a mobilização da sociedade em relação ao assunto. Há algum tempo conheci o assunto, quando em Colorado almoçava com duas amigas doutoras e aposentadas da UEM, ambas moram no Condomínio à beira do Paranapanema em Santo Inácio, uma da área de química, ativista nesta causa que vou relatar, a conversa foi produtiva, mas me causou pânico, então resolvi me inteirar e procurei me informar a respeito, pesquisar e entrar em contato com pessoas capacitadas e profundamente conhecedoras neste assunto”, explicou a ambientalista.

O  que seria FRACKING?

É uma tecnologia desenvolvida para extração de gás de xisto ou gás de folhelho, em camadas ultra profundas, através de um processo chamado de fraturamento hidráulico. Ele consiste na perfuração do solo, por meio de uma tubulação, por onde são injetados uma mistura de imensa quantidade de água e solventes químicos, mais de 600 produtos, com potencial cancerígeno, tais como urânio, mercúrio, metanol, rádio, ácido hidro clorídrico, formaldeído e muitas outras. A grande pressão provoca explosões que fragmentam a rocha. Para que o buraco não se feche novamente, são injetadas enormes quantidades de areia, que supostamente evitam que o terreno ceda ao mesmo tempo em que permite, por sua porosidade, a migração do gás a ser extraído.
Além da alta contaminação subterrânea, cerca de 15% da água poluída com os resíduos tóxicos retorna à superfície, sendo armazenada em “piscinões”, lagoas com geomembrana a céu aberto, gerando assim contaminação do solo, ar e lençóis de água subterrânea.
Mesmo após o fim da operação do poço, continua o vazamento sistemático do metano, um gás de efeito estufa que contribui para as mudanças climáticas e é 86 vezes mais prejudicial que o CO².

Por que o perigo bate a nossa porta?

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, ANP, sem abrir consulta para a sociedade civil ou mesmo ter comprovação científica da segurança de uma tecnologia como o Fracking, ofereceu para leilão em 28 de novembro de 2013, 240 blocos localizados nos principais aquíferos brasileiros, como o Guarani, Bauru, Acre, Parecis, Parnaíba e Urucuaia. Em 2013, a ANP já leiloou blocos que impactam 122 cidades do Paraná e 40 de São Paulo.

Neste dia fatídico, 12 empresas arremataram 78 blocos em quase 50% de toda a área disponível. Este resultado expõe as bacias do Recôncavo, Alagoas, Paraná, Sergipe, Parnaíba e Acre a alto risco. A previsão é mais 174 cidades dos dois estados tenham o subsolo vendido para a indústria do Fracking na próxima rodada de licitações.

No Paraná, a polêmica sobre o uso da tecnologia ganhou força de diversos setores, grandes mobilizações contra o Fracking foram realizadas nas regiões, principalmente em Toledo, Cascavel, Umuarama e Foz do Iguaçu. Umuarama é uma das 123 cidades do Paraná que podem ser impactadas pela exploração minerária do gás não convencional, já realizou audiência pública, assim como em Paranavaí em setembro deste ano,no auditório da Unespar/FAFIFA lideranças políticas, religiosas e gestores públicos, agricultores, empresários, professores, estudantes e moradores puderam conhecer os riscos e perigos do Fracking. A maioria não sabia dos impactos ambientais, econômicos e sociais desta tecnologia, muito menos que esta ameaça ronda o Paraná e outros 14 estados brasileiros.

“Os deputados estaduais aprovaram Emenda à Constituição 12/2015, conhecida como “PEC do Fracking”, que torna obrigatória a necessidade de autorização prévia da Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) para eventuais construções de poços de extração de gás de xisto pelo método do fraturamento hidráulico (Fracking). As empresas exploradoras deverão oferecer sete requisitos mínimos para iniciar qualquer perfuração: a apresentação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA); estudo hidrológico das águas subterrâneas; realização de audiências públicas em todos os municípios atingidos; estudo de impacto econômico e social; implantação de poços de monitoramento dos lençóis freáticos; aprovação do Conselho Estadual do Meio Ambiente (CEMA) e a comprovação de que a atividade não oferecerá riscos ao meio ambiente, à saúde pública e humana. A justificativa principal é o risco de contaminação do solo e das águas nos 122 municípios onde poderá haver a exploração”, explicou Adélia.

DANOS AMBIENTAIS IRREVERSÍVEIS

Segundo a ambientalista, “em todo o mundo, as comunidades estão exigindo a proibição imediata desta prática perigosa, pois contamina a água que serviria para o consumo humano, indústria e agricultura e também os lençóis freáticos com centenas de produtos químicos utilizados no processo. Além dos impactos ambientais, econômicos e sociais, o Fracking já está associado a terremotos e também contribuiu para as mudanças climáticas”, explicou citando os efeitos do fracking:

Contaminação da Água

A água levada para os poços é misturada com areia e os mais de 600 produtos químicos para criar fluido do Fracking, incluindo substâncias cancerígenas e toxinas conhecidas.

Mudanças Climáticas

Esse processo de exploração do Fracking emite metano, gás com 25 vezes mais potente que o CO2, contribuindo cada vez mais para o agravamento das mudanças climáticas.

Terremotos

Habitualmente o Fracking provoca microssismos que às vezes desencadeiam tremores maiores que podem ser sentidos pelas populações locais.

Passivo ambiental

Mesmo após o fim da operação do poço, continua o vazamento sistemático do metano, um gás de efeito estufa que contribui para as mudanças climáticas e é 86 vezes mais prejudicial que o CO².

A campanha contra o Fracking no Brasil é organizada pela Coesus – Coalização Não Fracking Brasil fundada em setembro de 2013, hoje formada por ambientalistas, cientistas, geólogos, hidrólogos, engenheiros, biólogos e gestores públicos, que de lá para cá tem realizado uma série de ações, incluindo audiências públicas em diversos estados brasileiros e tem como parceira a 350.org, movimento climático global que visa resolver a crise climática. A campanha quer mobilizar a sociedade civil organizada, entidades públicas e privadas, representantes da indústria e serviços, gestores públicos e profissionais liberais, parlamentares, cidadãos e cidadãs para juntos bloquearmos a prática do Fracking no Brasil, real ameaça ao agravamento dos eventos climáticos no planeta. Somente com a participação de todos e todas, conseguiremos impedir a utilização dessa tecnologia.

“É possível também realizarmos em nosso município audiência pública e trazer para essa agenda pessoas altamente capacitadas, inclusive com orientação para elaboração de lei específica, a fim de reforçar a legislação estadual. Faço parte do Grupo no WhatsApp NÃOFRACKINGMARINGÁ. Há um vasto material no Google, bem como vídeos no youtube, o endereço eletrônico: naofrackingbrasil.com.br. Na condição de aficionada pelo meio ambiente, com alguns bons contatos relacionados a este assunto me coloco à disposição para iniciarmos uma agenda a este respeito”, finalizou a ambientalista Adélia Pichek Faganello.

Fonte – Alex Fernandes França, Jornal Noroeste de 04 de novembro de 2016

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