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China conseguiu extrair “gelo de fogo” do fundo do mar

Estrutura de hidrato de metano num bloco recolhido no Oregon, EUAEstrutura de hidrato de metano num bloco recolhido no Oregon, EUA

A China anunciou ter extraído do fundo do Mar da China Meridional uma quantidade considerável de hidrato de metano, também conhecido como gelo combustível, tido por muitos como o futuro do abastecimento de energia.

Num comunicado emitido a semana passada, autoridades do país asiático comemoraram a proeza de ter extraído gelo combustível do fundo do mar – tarefa considerada altamente complexa, e que já tinha sido tentada sem grande sucesso pelo Japão e pelos Estados Unidos.

A China descobriu em 2007 gelo combustível no Mar do Sul da China – uma região cuja soberania tem sido disputada com o Vietname e as Filipinas. Pequim reclama domínio sobre a zona, alegando ter o direito de exploração de todas as potenciais reservas naturais escondidas abaixo da superfície.

Mas o que é exactamente esse composto gelado que arde escondido no permafrost, e porque é considerado uma fonte de energia tão revolucionária?

Reservas imensas

O gelo combustível, ou gelo inflamável, é uma mistura gelada de água e gás.

“Parecem cristais de gelo, mas quando se olha mais de perto, a nível molecular, vêem-se as moléculas de metano dentro das moléculas de água”, explica Praven Linga, professor do Departamento de Engenharia Química e Biomolecular da Universidade Nacional de Singapura.

Conhecidos como hidratos de metano, os cristais formam-se a temperaturas muito baixas, em condições de pressão elevada. São encontrados em sedimentos do fundo do mar ou sob o permafrost, a camada de solo congelada dos pólos.

O gás encapsulado dentro do gelo torna os hidratos inflamáveis, mesmo a baixíssimas temperaturas. Essa combinação rendeu-lhe o apelido de “gelo de fogo”.

Quando se reduz a pressão ou se eleva a temperatura, os hidratos decompõem-se em água e metano. Um metro cúbico da substância liberta cerca de 160 m3 de gás – ou seja, trata-se de um combustível de grande potencial energético. O problema, no entanto, é que extrair esse gás é um processo que, por si só, consome muita energia.

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Países pioneiros

Os hidratos de metano foram descobertos no norte da Rússia nos anos 1960, mas só há apenas dez ou 15 anos começou a ser pesquisada a forma de o extrair dos sedimentos marinhos.

O Japão foi pioneiro na exploração, devido à sua carência de fontes de energia natural. Outros países líderes na prospecção de gelo combustível são a Índia e a Coreia do Sul, que também não têm reservas próprias de petróleo.

Americanos e canadianos são também bastante activos neste tema. O foco das suas explorações tem sido os depósitos de hidratos de metano abaixo do permafrost no norte do Alasca e do Canadá.

Os cientistas acreditam que os hidratos de metano têm o potencial de se tornar no futuro uma fonte de energia revolucionária, que poderia ser fundamental para suprir necessidades energéticas no futuro. Existem grandes depósitos abaixo dos oceanos do globo, sobretudo nas extremidades dos continentes.

Hidratos de metano recuperados no Golfo do México pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos Hidratos de metano recuperados no Golfo do México pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos

Actualmente, vários países estão em busca de processos de o extrair de forma segura e rentável. A China descreveu a extracção como “uma proeza importante“.

Praven Linga concorda com essa visão. “Em comparação com os resultados que temos visto na investigação japonesa, os cientistas chineses conseguiram extrair uma quantidade muito maior de gás. É um passo importante para tornar viável a extracção de gás dos hidratos de metano”.

Linga realça que as empresas que eventualmente venham a operar na exploração do gás devem seguir condutas bastante rígidas de controle, para evitar danos ambientais.

O perigo é que o metano escape, o que teria consequências graves para o aquecimento global, já que se trata de um gás com um grande impacto potencial sobre as mudanças climáticas – muito maior do que o dióxido de carbono.

Fontes – BBC / ZAP de 29 de maio de 2017

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