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Corredor ecológico não salva espécies do aquecimento global

Foto: Gaspar Alves/Wikimedia Commons

Investir em estratégias de conservação minimiza o impacto das alterações na atmosfera, mas não garante a sobrevivência de animais e vegetais, sugere modelo que avaliou 51 espécies na Europa

As mudanças climáticas representam um grande obstáculo a espécies que estão ameaçadas pela perda de habitat, mesmo quando submetidas a consagradas medidas de conservação, como corredores ecológicos, reforço da vegetação nativa e gerenciamento de áreas protegidas. As indicações são de um estudo publicado nesta segunda-feira (9) na revista científica Nature Climate Change.

De acordo com o biólogo Michael Kuttner, da Universidade de Viena, na Áustria, e um dos autores do estudo, todo o esforço de conservação pode ter efeito nulo diante das alterações causadas pelo aquecimento global. “As mudanças do clima transformam a atmosfera em um ritmo que as espécies não acompanham.”

Para chegar a essa conclusão, Kuttner e um grupo de cientistas austríacos criaram um modelo que mediu os esforços de conservação no comportamento de 51 espécies de plantas, borboletas e gafanhoto comuns na Europa Central. Eles avaliaram a perda de alcance regional e o risco de extinção nas condições climáticas atuais e em dois cenários de mudanças climáticas.

Eles também aplicaram três níveis de esforços de conservação: baixo, médio e alto. Resultado: esforços de conservação no nível mais elevado não foram suficientes para compensar a perda média induzida pela mudança climática em nenhuma das espécies. Quanto mais alto o cenário de aquecimento da Terra, pior para a biodiversidade analisada.

A situação mais foi crítica em espécies de vida curta, como borboletas e gafanhotos. “Animais que vivem pouco costumam ter um alto grau de especialização ecológica, o que torna a situação ainda mais complicada”, afirma Kuttner. “Uma frequência crescente de anos desfavoráveis, portanto, aumenta o risco de extinção local, especialmente em animais.”

O pesquisador reforçou que as medidas de conservação são essenciais para atenuar os efeitos negativos do aquecimento climático, mas alertou que elas não fazem milagre. “A eficiência é limitada. E modificar os habitats pode gerar consequências negativas imprevisíveis. O mais importante não é avançar com corredores, mas conter as emissões de gases de efeito estufa”. A biodiversidade é sensível e algumas espécies têm uma capacidade adaptativa pequena, segundo o diretor da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável, Fabio Scarano. “Podemos perder parte das espécies sem que as conheçamos profundamente”, diz Scarano, que também é professor do departamento de Biologia da Universidade Fderal do Rio de Janeiro e foi coautor do último relatório do IPCC, o painel do clima da ONU.

Fonte – Observatório do Clima de 09 de outubro de 2017

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