Quando comparado com outros materiais em uma mesma função, o plástico costuma ser muito eficiente em termos de carbono, como mostra o Veolia Plastic White Paper. Chega a conclusão similar o relatório Climate Impact of Plastics, da consultoria McKinsey, segundo o qual as emissões de plásticos foram de 10% a 90% menores ao considerar o ciclo de vida do produto e o impacto do uso, na grande maioria das aplicações analisadas.
É evidente que o consumo e descarte de plástico desenfreado gera problemas substanciais para o planeta, que estão cada vez mais conhecidos por meio de informações veiculadas nos meios de comunicação.
O entendimento, no entanto, é que não se dá até hoje a necessária importância para a eficiência do plástico em relação ao seu consumo de carbono, quase sempre substancialmente menor do que alternativas como aço, alumínio e vidro.
Sob essa perspectiva, torna-se imperativo que a economia circular do plástico seja ampliada rapidamente. A reciclagem é necessária, não só para reduzir emissões, mas também para mitigar outros impactos relevantes gerados pelo plástico.
Medir para gerir
Seguindo a conhecida máxima de que só se pode gerenciar aquilo que for medido, o primeiro passo para orientar políticas de controle de emissões é conhecer a quantidade de gases de efeito estufa emitida por pessoas, empresas ou tipo de atividade.
As políticas de mensuração, gestão e redução de carbono são cada vez mais cobradas das organizações empresariais, em consonância com a agenda ESG (que segue segue critérios ambientais, sociais e de governança) e as ações rumo ao net zero (que buscam emissão líquida de carbono igual a zero).
Claro que tudo isso também vale para a indústria do plástico e as empresas que os utilizam em seus produtos e embalagens.
Para facilitar o cálculo do inventário de emissões nas organizações, o programa GHG Protocol separa as emissões de carbono em três escopos.
O escopo 1 trata das emissões diretas geradas dentro das operações da própria empresa, enquanto o 2 refere-se às emissões oriundas do consumo de energia.
Quanto mais se usam fontes renováveis, menores as emissões, contribuindo para a economia circular. Já o escopo 3 é mais complexo de medir porque abarca as emissões indiretas sobre as quais a empresa tem menor controle, como aquelas geradas pela cadeia de valor, tanto a montante como a jusante (saiba mais aqui).
Além de fazer inventário de emissões, é possível calcular especificamente a pegada de carbono do plástico reciclado, considerando o que se deixa de emitir quando se usa o material reciclada.
A Wise Plásticos, empresa que transforma o plástico em fim de vida em resina reciclada, já vinha fazendo inventário de carbono desde 2020, e passou também a calcular a pegada de carbono especificamente das resinas recicladas.
Esse cálculo tem sido feito em parceria com a WayCarbon, reconhecida consultoria do setor.
Para isso, segue as metodologias ISO 14.044, 14.040 e 14.067, o que confere credibilidade e transparência ao processo.
O estudo comprova que o uso dessa resina reciclada emite 525 quilos de CO2 equivalente por tonelada, desde sua coleta até a entrega na empresa de transformação (dióxido de carbono equivalente é o resultado da multiplicação das toneladas emitidas de gases de efeito estufa pelo seu potencial de aquecimento global).
O resultado corrobora alguns estudos internacionais, mostrando que a redução é da ordem de 60% a 70% em relação à resina virgem. Isso significa que, se a resina virgem emite 1 unidade de carbono, a reciclada emite 0,4 a 0,3 – essa variação depende da escolha do modelo de cálculo.
No caso da Wise, entram nesse cálculo fontes emissoras como matéria-prima, insumos, energia e logística, ou seja, a coleta do plástico em fim de vida, o seu transporte até a Wise, o processo de reciclagem em si (que demanda uso de insumos e de energia), o tratamento de resíduos sólidos e de efluentes, as embalagens utilizadas e o transporte da resina reciclada até os clientes.
Para todos esses itens, há referências para o cálculo de emissões, com base em médias do mercado.
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