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Eucaliptais são “desertos” que matam biodiversidade

Eucaliptos em Maui, no arquipélago do Havai. Foto Forest and Kim Starr/Flickr

Uma investigação publicada na revista Global Ecology and Biogeography confirma pela primeira vez à escala mundial como o eucalipto provoca uma “dramática redução da biodiversidade” à sua volta.

O estudo contou com a participação de investigadores da Austrália, do Chile, dos EUA e da Índia, a par de Daniel Montesinos, do Centro de Ecologia Funcional da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

Em nota enviada à agência Lusa com as principais conclusões do estudo, afirma-se que “os eucaliptais geram autênticos ‘desertos’ à sua volta, provocando uma dramática redução da biodiversidade do território”.

A investigação foi conhecer o impacto da chegada da espécie ‘eucalyptus globulus’ a vários países, bem como na sua área nativa, a Austrália. “As substâncias químicas presentes nas folhas dos eucaliptos impedem o crescimento das raízes de outras espécies nativas, motivo pelo qual os eucaliptais contêm muito pouca biodiversidade fora da sua área nativa, na Austrália”, explica Daniel Montesinos na nota divulgada pela Universidade de Coimbra.

“Os resultados do trabalho mostram, já sem qualquer dúvida, o empobrecimento das superfícies plantadas com eucalipto, que mesmo que de longe possam ter uma aparência ‘verde’, são na realidade ‘desertos’”, afirma o investigador.

Com este estudo foi possível mostrar “pela primeira vez e à escala mundial, como a biodiversidade por debaixo dos eucaliptos é muito menor que fora da sua área de influência, e como extratos das folhas de eucaliptos impedem o crescimento das raízes de outras espécies de plantas”.

Para Daniel Montesinos, a plantação de eucaliptos é “altamente prejudicial”, uma vez que “o empobrecimento de espécies gerado pelos eucaliptos tem impacto em todo o ecossistema, por exemplo, ao nível do controlo da erosão dos solos ou da manutenção da biodiversidade”.

A exceção a esta regra só ocorre no país nativo, a Austrália, onde “numerosas espécies conseguiram ali desenvolver uma tolerância aos produtos químicos presentes nas folhas dos eucaliptos ao longo dos séculos”. Mas o que os investigadores viram fora da Austrália foi que,  “ironicamente, algumas das espécies que de facto conseguem sobreviver debaixo dos eucaliptais são também espécies exóticas, criando um círculo vicioso de reduzida biodiversidade e espécies invasoras”, alerta o investigador português.

Fonte – Esquerda.net de 06 de dezembro de 2017

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