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Impacto das florestas no ciclo global do carbono

Por Sergio Arnosti Jr – Ambientalmente – 12 de fevereiro de 2021

O Impacto das florestas no ciclo global do carbono está sendo analisado como o auxílio de satélites da NASA. Segundo Lara Streiff do Goddard Space Flight Center da NASAusando dados terrestres, aéreos e de satélite, uma equipe diversificada de pesquisadores internacionais – incluindo cientistas da NASA – criou um novo método para avaliar como as mudanças nas florestas nas últimas duas décadas afetaram as concentrações de carbono na atmosfera.

Influência das florestas

Além de entender melhor o papel geral das florestas no ciclo global do carbono, os cientistas conseguiram distinguir entre as contribuições de vários tipos florestais. Confirmou-se que, entre as florestas, as florestas tropicais são as responsáveis pelo maior componente das flutuações globais de carbono. Constatou-se que isso acontece tanto absorvendo mais carbono do que outros tipos florestais, como liberando mais carbono na atmosfera devido ao desmatamento e degradação.

A limpeza de terras para agricultura, indústria e outras atividades humanas aumentam o dióxido de carbono na atmosfera. Mas a principal causa do aumento global do dióxido de carbono ao longo do século passado é a queima de combustíveis fósseis, como carvão e petróleo. Em equilíbrio, árvores e outras plantas retiram dióxido de carbono da atmosfera.

Dados importantes

O mapa de fluxo de carbono florestal da Global Forest Watch e estudo de acompanhamento publicado na Nature Climate Change em 21 de janeiro, mostram essas flutuações, sem precedentes, em detalhes, de carbono das florestas. A publicação ocorreu apenas um dia depois que os Estados Unidos voltaram ao Acordo climático de Paris.

Através da fotossíntese, as florestas absorvem dióxido de carbono da atmosfera para produzir oxigênio. Além disso, complementa a respiração coletiva de outras vidas na Terra que inalam oxigênio e expelem dióxido de carbono.

De acordo com os pesquisadores, as florestas absorveram cerca de 15,6 bilhões de toneladas de dióxido de carbono da atmosfera terrestre. Este fato ocorreu a cada ano entre 2001 e 2019. Por outro lado, o desmatamento, incêndios e outros distúrbios liberaram uma média de 8,1 bilhões de toneladas de dióxido de carbono por ano. Estima-se que as florestas em todo o mundo absorvam cerca de 7,6 bilhões de toneladas. Assim, atuaram como um sumidouro de carbono de cerca de 1,5 vezes as emissões anuais de todo os Estados Unidos.

“As florestas agem como uma rodovia de duas pistas no sistema climático”, disse a pesquisadora principal Nancy Harris, que atua como diretora de pesquisa do Programa de Florestas do World Resources Institute (WRI). “Uma visão detalhada de onde ambos os lados estão ocorrendo – emissões florestais e remoções florestais – adiciona transparência ao monitoramento das políticas climáticas relacionadas à floresta.”

Vantagens da nova metodologia

Essa nova metodologia integra conjuntos de dados de inúmeras fontes. Estas fontes incluem relatórios terrestres, dados aéreos e observações por satélite. Portanto criou-se a primeira estrutura global consistente para estimar o fluxo de carbono especificamente para florestas.

Ademais, trata-se de uma mudança em relação ao atual relatório anual dos dados florestais nacionais, que ainda varia entre os países. Isso ocorre apesar das diretrizes padronizadas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), muitas vezes determinados pelos recursos disponíveis naquela região. Tal falta de uniformidade nos dados significa que as estimativas globais de carbono podem conter um grau considerável de incerteza.

“O bom é que sabemos que há incerteza e podemos realmente quantificá-la”, diz a coautora Lola Fatoyinbo, cientista do Goddard Space Flight Center da NASA em Greenbelt, Maryland. “Todas as estimativas vêm com uma incerteza em torno delas, que vai continuar ficando cada vez menor à medida que tivermos melhores conjuntos de dados.”

As estimativas de biomassa para o estudo foram baseadas nos dados do Ice, Cloud and land Elevation Satellite (ICESat) da NASA, que foi projetado principalmente para rastrear mudanças na cobertura de gelo, mas também fornece dados de topografia e vegetação.

Avanços e perspectivas futuras

Daqui para frente, o Carbon Monitoring Systems Biomass Pilot da NASA, que combina dados de satélite e campo para melhorar as estimativas dos estoques de vegetação e carbono, o ICESat-2 da NASA e o Global Ecosystem Dynamics Investigation (GEDI) – um instrumento equipado com laser a bordo da Estação Espacial Internacional que registra as estruturas tridimensionais das florestas temperadas e tropicais do mundo – devem melhorar ainda mais a compreensão das taxas de remoção de carbono em todas as paisagens florestais daqui para frente.

Além disso, como parte da equipe da GEDI, Fatoyinbo diz que eles estarão fazendo vários produtos de dados relevantes, como perfis de copas de árvores e mapas globais de biomassa acima do solo que serão úteis para fazer estimativas futuras de carbono.

“Esta é uma espécie de grande mudança no paradigma do monitoramento das florestas”, diz Sassan Saatchi, cientista do Jet Propulsion Laboratory da NASA no sul da Califórnia e coautor do estudo. “Ele trouxe uma nova imagem de onde as grandes mudanças estão acontecendo, tanto em termos de a superfície terrestre perder carbono para a atmosfera e também absorver carbono da atmosfera.”

Contribuições adicionais

A nova abordagem também ajudou a identificar quais tipos de florestas têm maiores incertezas, destacando florestas tropicais, bem como florestas temperadas no Hemisfério Norte.

“Onde as incertezas são grandes, é aí que precisamos nos concentrar e obter mais dados para quantificar melhor”, diz Saatchi.

“A forma como isso foi configurado está em uma plataforma de computação em nuvem”, diz Fatoyinbo. “Se houver um novo conjunto de dados que saia muito melhor do que estava disponível anteriormente, você pode simplesmente entrar e trocá-lo. Isso costumava ser algo que levava anos para fazer, e agora você poderia fazê-lo em poucas horas.

Embora não se espere que os resultados mudem significativamente, as incertezas diminuirão, fornecendo aos cientistas uma imagem mais clara do ciclo global do carbono e ajudando a informar os formuladores de políticas. Por exemplo, o estudo mostra que 27% dos sumidouros de carbono florestais líquidos do mundo são encontrados dentro de áreas protegidas, como parques nacionais.

Os governos que buscam reduzir suas emissões precisam de dados tão precisos e atuais quanto possível. Fatoyinbo diz que “este é um quadro que pode realmente contribuir com isso”.

World map showing forested regions that are sources of carbon emissions (purple) and where they are carbon sinks (green).

Para saber mais clique AQUI.

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