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Impulsionado pela agenda ESG, mercado de créditos de carbono pode crescer 100 vezes até 2050

O valor pago pelos créditos de carbono disponíveis no mercado variam de acordo com: projeto, região e volume disponível, entre outros fatores.

Nos últimos anos, a preocupação crescente da sociedade em relação às mudanças climáticas tem influenciado diretamente os rumos dos negócios de empresas dos mais variados setores em todo o mundo.

Hoje, não basta mais produzir um bom produto e vendê-lo a um preço justo.

Também é desejável que tal item tenha o menor impacto possível sobre o meio ambiente ou que, ao menos, os seus efeitos sejam compensados.

Em alguns casos, a substituição de matérias-primas, a revisão de processos produtivos e logísticos e a utilização de fontes renováveis de energia já possibilitam uma redução satisfatória das emissões e ajudam a equilibrar o balanço de carbono dos produtos.

No entanto, quando essas ações não são suficientes, entra em jogo um mecanismo que vem se tornando cada vez mais comum no mundo dos negócios: a compensação através da compra de créditos de carbono.

Trata-se de um mercado relativamente novo, mas com um potencial gigantesco.

De acordo com um levantamento recente do Banco Mundial, somente o mercado voluntário, que envolve empresas não obrigadas a compensar as suas emissões, movimentou US$ 320 milhões em 2019 – o equivalente a 1% do mercado regulado, guiados por políticas públicas e que engloba os compromissos assumidos pelos países na ONU.

“O mercado voluntário ainda é incipiente, mas tem um potencial de crescimento expressivo”,

afirma Clarissa Lins, sócia-fundadora da consultoria Catavento, especializada em projetos de sustentabilidade empresarial.

“Com o fortalecimento da agenda ESG em todo o mundo, o mercado voluntário pode superar os US$ 300 bilhões até 2050.”

De acordo com a executiva, porém, para que essas cifras sejam alcançadas, é necessário que os novos projetos tenham o mesmo nível de qualidade técnica e credibilidade exigidos pelos mercados regulados e que sejam auditáveis, críveis e rastreáveis. “Existe um conjunto de regras a serem cumpridas por quem está ofertando carbono e para quem está comprando”, explica.

Quanto custa?

Como qualquer segmento em desenvolvimento, o mercado de créditos de carbono também tem as suas peculiaridades.

A principal delas diz respeito à precificação – ou a falta dela.

Diferentemente dos preços da soja ou do petróleo, que são definidos em Bolsa e orientam as negociações globalmente, o valor pago pelos créditos de carbono disponíveis no mercado variam de acordo com o tipo de projeto, a região onde está localizado e o volume disponível, entre outros fatores.

Um crédito gerado a partir de uma usina hidrelétrica, por exemplo, é válido em um contexto de transição para matrizes energéticas renováveis.

Este tipo de projeto, no entanto, geralmente gera problemas ambientais e sociais inerentes à construção das estruturas, impactos na fauna e flora da região e a remoção de moradores do entorno.

Esses créditos são menos atraentes e, portanto, acabam custando menos.

Por outro lado, um trabalho bem estruturado ligado ao reflorestamento de espécies nativas na Amazônia, executado pelas comunidades locais, com impactos sociais positivos e que promovam o desenvolvimento sustentável na região, são muito mais valorizados no mercado.

“Os preços hoje variam entre US$ 2 e US$ 8 por tonelada de CO2 equivalente”, afirma Felipe Bittencourt, CEO da Way Carbon, uma das empresas pioneiras no setor no Brasil.

“Este é um mercado que está aquecido. Muitas empresas estão em busca de créditos ligados às florestas, mas a oferta ainda é limitada, o que tem impactado diretamente nos preços. Já comprei no passado por 70 centavos de real. Hoje não existem mais créditos nesse valor.”

Os preços citados pelo executivo estão alinhados aos valores médios auferidos pelo Banco Mundial, de US$ 4,3 por tonelada de carbono equivalente, mas a falta de uma precificação mais transparente ainda desagrada o setor privado, acostumado a uma maior previsibilidade dos custos.

Esta situação, no entanto, não deve reduzir o apetite de grandes corporações pelos melhores créditos disponíveis no mercado.

Diante do avanço da agenda ESG, a sustentabilidade passou a ser um tema prioritário dentro das empresas, apoiado, inclusive, pelos CEOs.

“A busca por um produto carbono neutro é fundamental do ponto de vista da reputação. É um desejo dos clientes e uma demanda dos investidores. Uma dica para as empresas? Compre o máximo que puder agora, porque vai ficar mais caro”, completa Bittencourt.

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