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Italiano que produzia plástico agora luta para retirar o material de rios

Por Isaac Toledo – Colaboração para Ecoa, em São Paulo (SP) – 19 de outubro de 2022 – O italiano Vanni Covolo, que produzia plástico e agora criou um invento para retirar resíduos das águas Imagem: Divulgação

Você já se perguntou em que condições deixará o planeta para seus filhos?

Em 2018, o designer e empresário italiano Vanni Covolo, 53, fez esse questionamento e decidiu mudar:

Passou de produtor de plástico, um potencial poluidor, especialmente de oceanos, para um empreendedor a favor da proteção do meio ambiente.

Covolo criou, com o próprio plástico e outros materiais reciclados, uma barreira flutuante e modular que, instalada nas águas correntes de um rio, é capaz de interceptar 85% de resíduos sólidos, que são encaminhados para um local de coleta e posteriormente retirados das águas.

As boias da barreira, chamadas de River Cleaning, são feitas com polipropileno reciclado e funcionam com a força da própria correnteza do rio, ou seja, sem nenhum gasto de energia.

A barreira também se auto regula conforme o nível da água e retira das principalmente macroplásticos, que são plásticos com tamanho superior a 5 mm.

“Eu conversava muito com um jovem designer que trabalhava no mesmo prédio que eu e sempre debatíamos sobre várias ideias, e uma delas era a possibilidade de criar um sistema que permitisse a limpeza dos rios. Como em todas as coisas que nunca foram feitas antes, há sempre um período em que você questiona se a sua ideia é realmente boa e por que ninguém pensou nisso antes!”, conta Covolo a Ecoa.

Barreira funciona com a força da correnteza, sem gasto de energia, e se auto-regula conforme o nível da água – Imagem: Divulgação
O empresário vive em Bassano del Grappa, região norte da Itália, e trabalhou 25 anos no setor de moldes industriais, sendo 10 deles em sua própria empresa, a Mold Srl.
O investimento inicial para mudar de área foi possível graças ao lucro do seu trabalho anterior.
Atualmente, sua empresa trabalha com uma pequena equipe de projetistas e engenheiros e é inteiramente dedicada ao River Cleaning.

“Eu criava peças de alto nível para fabricantes de automóveis, um trabalho que compensava economicamente, mas não me estimulava mais. A possibilidade de fazer algo novo, pelo planeta, ocupou cada vez mais espaço em meus pensamentos”, conta.

Entre 2018 e 2019, o projeto do River Cleaning começou a ser pensado e os primeiros protótipos foram construídos e testados em 2020, no Vale do rio Brenta, norte da Itália, na cidade de Campolongo sul Brenta.

A primeira barreira oficial foi instalada em Rosà em junho de 2021, e esteve em operação por seis meses.

Após um período de seca do rio, foi reinstalada em maio de 2022 e ainda está em funcionamento.

Da Itália para o mundo

“Quando falamos de intervenções no meio ambiente, é sempre bom pensarmos em termos de impacto, que não é simplesmente o efeito positivo ou negativo que a ação pode ter, mas a quantidade de emissões, o balanço energético e o equilíbrio biológico. Desde o primeiro teste, a construção do River Cleaning foi um esforço conjunto nesse sentido, tive uma relação de confiança ao longo dos anos com engenheiros, projetistas e construtores”, afirma.

Agora, a expectativa é expandir o River Cleaning pelo mundo.

“Temos em programa uma instalação na Europa em 2023, inicialmente na região dos Bálcãs, graças ao projeto Horizon Europe. Estamos em contato com duas organizações locais, uma na Índia e outra na África do Sul, para levar a barreira para estes países, mas ainda não temos nada definido.”

E o Brasil e a América do Sul? Covolo diz que seria maravilhoso se aproximar da região, começando pelo Brasil, mas dependeria de parcerias locais.

“Enquanto nossa estrutura ainda for pequena, planejamos contar com parcerias com empresas e entidades locais, identificando empresas para as quais podemos licenciar a produção e distribuição de nosso sistema, fazendo acordos com as autoridades de gerenciamento de resíduos, gerando, assim empregos locais.”

“O Brasil tem muito potencial para se tornar um dos líderes do continente americano na proteção de rios e oceanos. Estaremos lá para fazer a nossa parte. Um pequeno passo na direção certa pode desencadear o impacto certo, e o exemplo virtuoso de um pode ser a inspiração de muitos

Vanni Covolo, empresário criador do River Cleaning

 

Covolo agora está projetando a barreira River Oil, com material esponjoso capaz de conter derramamento de óleo – Imagem: Divulgação

 

O custo do River Cleaning é em torno de 5.000 euros por metro linear.

Porém, Covolo ressalta que como cada solução é totalmente personalizada, o preço exato só é definido após um estudo inicial.

O River Cleaning é principalmente destinado a administrações públicas ou projetos de reabilitação de rios intersetoriais.

River Oil vai barrar derramamento de óleo

O empresário explica que a barreira de boias rotativas é o ponto de partida para integrações inovadoras que a tornem ainda mais sustentável e, acima de tudo, inteligente.

“A expectativa é de que logo ela seja capaz de produzir energia também, por meio do movimento da água, e possa ser controlada remotamente, por exemplo”, ressalta.

Além destas inovações, Covolo já está projetando a barreira River Oil.

Os módulos deste modelo ficam na parte interna da bóia e existem dois tipos: um que contém uma inserção de material esponjoso altamente absorvente e outro que permite que os poluentes penetrem no interior do dispositivo e sejam sugados para um duto por uma bomba, onde ocorrerá a decantação do óleo e a purificação da água.

A ideia é criar, no próximo ano, protótipos em escala de laboratório e testar a operação em rios italianos.

Veja o vídeo de como o River Cleaning funciona:

 

 

 

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