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Liberação de área protegida na Amazônia é um movimento muito perigoso

Amazônia – Marcelo Sayão / DPA/04-02-1998

Para coordenador do WWF Brasil, Michel de Souza, corrida pela exploração pode gerar conflitos na região

Coordenador de políticas públicas do WWF Brasil, Michel de Souza diz que a extinção da Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca) coloca em risco as nove áreas protegidas que estão dentro dos limites da reserva.

Fazer esse tipo de movimento, de forma açodada, sem discussão, é muito perigoso. A área da reserva reúne nove áreas protegidas, incluindo unidades de conservação e terras indígenas. É um risco enorme para essas áreas. A Floresta Amazônica é nosso maior ativo. Neste momento de desespero e de crise, estão colocando em risco as áreas protegidas que se encontram dentro da reserva.

Como vê a escolha do governo de fazer isso por decreto?

É um risco tremendo dar esse tipo de sinalização por decreto, sem discutir com a sociedade. Abrir a reserva sem transparência nos preocupa muito. Por que um decreto? Por que isso não foi feito via projeto de lei, que exige audiência pública? A gente sabe a importância da mineração para a economia brasileira, mas é preciso saber o risco envolvido. Especialmente no momento em que se tenta também enfraquecer as regras de licenciamento ambiental.

Quais podem ser as consequências?

A corrida pela exploração pode gerar conflitos na região. Imagina um cenário de corrida ao ouro, qual pode ser o impacto? Pode haver uma corrida para a região. Como garantir que mesmo a exploração fora das áreas protegidas não traga consequências para o ambiente e para os povos da floresta? A decisão é uma catástrofe anunciada. Temos vários exemplos de contaminação mineral. Um rio contaminado coloca em risco os povos da floresta que vivem do consumo de peixe.

Que tipo de exploração mineral pode ocorrer?

É possível ter tanto a mineração em pequena escala, em garimpos, como grandes grupos internacionais. Mas como garantir que as grandes empresas de mineração sigam acordos de cooperação dos quais o Brasil não é signatário? Esses acordos preveem regras mais modernas de exploração, a gente sabe do altíssimo impacto da mineração. Mas como saber se as empresas vão cumprir no Brasil regras que seguem em seus países de origem? Há sempre o risco de tragédias como a de Mariana.

Fonte – Lucianne Pinheiro, O Globo de 24 de agosto de 2017

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