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Moringa, a árvore mágica!

Por Embrapa

Conheça as diversas aplicações da espécie na alimentação humana e animal. Foto: Nicoli Dichoff

Uma planta rica em proteínas, vitaminas e minerais, com quatro vezes mais betacaroteno que a cenoura, sete vezes mais vitamina C que a laranja e baixas calorias.

Essas são algumas das características da moringa, árvore originária da Índia trazida ao Brasil na década de 60 – e que está atualmente em todas as regiões tropicais e subtropicais do mundo.

Nos assentamentos próximos a Corumbá (MS), a Embrapa Pantanal testa cultivos que buscam compreender a ‘árvore da vida’ e determinar quais são as melhores formas de aproveitá-la em solos pantaneiros.

Patê de alho com moringa – Foto: Nicoli Dichoff

“A moringa tem múltiplos usos. Ela foi trazida ao nosso país inicialmente como uma planta apícola (já que produz flores durante boa parte do ano), mas tem vários outros potenciais. Aqui na Embrapa, a gente a utiliza na produção de feno para bovinos e de ração para galinhas, mas a árvore também produz óleo de excelente qualidade, recupera solos, é usada na alimentação humana e para a purificação de água – já que suas sementes precipitam bactérias e sólidos em suspensão”, diz Frederico Lisita, pesquisador da instituição.

Ele e Raquel Soares, que também é pesquisadora da unidade, investigam o uso da moringa e da mandioca na fabricação de ração para criações de galinhas poedeiras do tipo caipira.

A ração

Bolo de brigadeiro com moringa – Foto: Nicoli Dichoff

“A ideia é substituir parte do milho e da soja, que são usados na alimentação das galinhas, por alimentos que o agricultor pode produzir no sítio, tendo em vista que plantar milho em Corumbá é muito difícil (existem muitas aves na região) e não há produção local de soja em uma escala que possa ser usada para os animais”, diz Raquel.

A pesquisadora indica o uso da ração de moringa e mandioca em um sistema de criação extensivo, que mantém as aves soltas durante o dia.

“Podemos fornecer a alimentação de moringa e mandioca em substituição total ou parcial ao milho e soja e deixar que elas cisquem também.

Parte da proteína que elas vão ingerir ciscando vai suprir aquilo que não está sendo fornecido pelo produtor”.

 

Massa de macarrão com moringa – Foto: Nicoli Dichoff

Os pesquisadores desenvolveram uma formulação que misturou moringa seca, farinha de bocaiuva e raiz de mandioca seca para substituir até 47% da ração tradicional de milho e soja.

“Se o produtor tiver um custo de produção razoável, vai economizar não apenas na compra do alimento, mas também na logística para obtê-lo”, afirma a pesquisadora.

Ainda de acordo com Raquel, as galinhas tratadas com a ração de moringa e mandioca mantiveram saúde e nutrição semelhantes às alimentadas apenas com milho e soja.

Ela ressalta que a ração alternativa pode ter, ainda, o apelo da produção orgânica.

“Não há mandioca ou moringa transgênicas. São culturas produzidas sem agrotóxicos com grande facilidade, o que tem um apelo muito grande para esse tipo de mercado”.

Alimentação humana

Tapioca colorida com moringa – Foto: Nicoli Dichoff

As folhas, vagens verdes, flores e raízes da moringa também podem ser consumidas por crianças e adultos (no caso da raiz, é preciso retirar a casca, que é tóxica.

Porém, a raiz é comestível e tem um sabor picante que se assemelha ao do rabanete, diz o pesquisador Frederico Lisita).

Por possuir fibras, a planta ajuda a manter a sensação de saciedade.

Rica em cálcio, ferro e zinco, a moringa também combate os radicais livres e ajuda a prevenir o envelhecimento, de acordo com o pesquisador. Lisita afirma também que ela atua no combate à hipertensão, diabetes, osteoporose, obesidade e aumenta a imunidade.

Farinha de bocaiuva, moringa seca e raiz de mandioca seca trituradas para o uso na ração de aves – Foto: Nicoli Dichoff

A acadêmica de licenciatura em educação no campo pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Jacqueline Saraiva, selecionou e desenvolveu algumas receitas com a planta.

Usando as folhas frescas ou secas e trituradas, foi possível fazer suco, massa de macarrão, pão de queijo, patês, tapioca, bolo e até brigadeiro de moringa.

“Como a árvore tem mais cálcio que o leite, pode ajudar os intolerantes a lactose a consumir o mineral”, afirma. Saraiva diz que utiliza, geralmente, o suco das folhas batido com água, uma xícara de folhas frescas ou algumas colheres do material seco triturado nas receitas.

“Você pode adicionar o suco da moringa na água do arroz, bater as folhas para fazer sopa ou refogar como a couve e comer com a feijoada. Ela é nutritiva e é uma delícia”.

Do laboratório ao campo

Alimentos feitos com moringa – Foto: Nicoli Dichoff

No assentamento Taquaral, vários produtores demonstram interesse pelo plantio da moringa.

É o caso de Manoel Rodrigues, que mora e trabalha na região há quase 30 anos.

Assim como boa parte dos assentados locais, sua produção varia entre a agricultura e a criação em pequena escala de animais como galinhas e gado.

“Ainda não trabalhei com a moringa, mas estou encantado com esse projeto.

Quero usar para a gente e para os animais, em tudo o que for possível!”, conta, entusiasmado.

Edna da Conceição também é uma produtora antiga na região. “Já plantamos moringa, mas a gente não sabia que ela tinha todas essas utilidades, que dava para usar em tanta coisa”.

Os estudantes Tiffanny Trindade e Alexssander Silva, acadêmicos de licenciatura em educação no campo/ ciências da natureza pela UFGD, também passaram a conhecer as funcionalidades da planta com o trabalho da Embrapa Pantanal.

“Eu me interessei e senti vontade de plantar na minha casa. A moringa tem muitos pontos positivos”, afirma Trindade. Silva completa: “eu queria aprender essas informações para repassar lá no meu sítio.

A gente planta mandioca para vender nas feiras e trabalha com galinhas também, ou tirando leite das vacas. Essa ração alternativa vai nos ajudar quando a gente não puder usar o milho puro”. Para a pesquisadora Raquel Soares, difundir dados como esses entre os pequenos produtores estimula seu desenvolvimento.

“Trabalhar com a agricultura familiar fortalece a produção local”, finaliza.

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