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Não há controle em emissões de poluentes da CSN, aponta relatório inédito

Por Mariana AlbuquerqueBandNews – 7 de agosto de 2023 – Até então não houve medidas para controles de gases extraídos durante ciclo de produção da Companhia Siderúrgica Nacional – Sede da Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda – Reprodução

Um relatório feito pelo Instituto Internacional Arayara e obtido com exclusividade pela BandNews FM apontou 18 inconformidades ambientais e climáticas decorrentes da atividade da Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda, no Sul Fluminense.

O levantamento aponta que a exposição aos gases poluentes emitidos pela siderúrgica, especialmente os carbonos orgânicos voláteis, acarreta em danos à saúde, como: irritação nos olhos, nariz e boca, dores de cabeça, perda de coordenação motora e náuseas, além de danos ao fígado, rim e ao sistema nervoso central. Alguns desses compostos podem até causar câncer.

Diante do resultado o diretor do Instituto Internacional Arayara, Juliano Bueno entrou com uma ação na Justiça contra a CSN.

Todos os equipamentos e maquinários utilizados pela empresa, aparentemente não funcionam. Identificamos um conjunto de mais de 18 inconformidades ambientais e climáticas. A partir desse momento, o Instituto entra com uma nova ação civil pública e crime para responsabilizar os empreendedores para que compram legislação e população não seja mais afetada, afirma Juliano Bueno.

O estudo mostrou que as medidas de controle da emissão dos poluentes adotadas pela Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda, no Sul Fluminense, são ineficientes e que a situação é especialmente ruim no que se refere à saída do coque – primeiro passo da produção do aço.

De acordo com a análise, não foram identificadas medidas de controle para os gases extraídos na coqueria ou na termelétrica da Usina Presidente Vargas e em outras instalações.

Outro ponto abordado no estudo do Instituto é a localização geográfica da CSN, que, com a falta de medidas mitigadoras da emissão de gases, acaba intensificando os impactos ambientais e à saúde dos moradores.

Por estar localizada próxima a área de várzea do Rio Paraíba do Sul, isto é, em um dos pontos mais baixos da área urbana da cidade, há um desfavorecimento e uma dificuldade na dispersão das partículas em suspensão e dos poluentes no ar de forma geral.

Além disso, outro fator que reduz o potencial de dispersão, segundo o relatório, é a morfoescultura do relevo, que age como uma barreira física para diferentes direções de dispersão atmosférica.

Dados de 2019 do Sistema de Estimativa de Emissão de Gases mostram que, de 2009 a 2019, 91% do total de emissões para o município de Volta Redonda são de processos industriais.

Ainda segundo o relatório do Instituto, parte dos gases produzidos pela siderúrgica é queimado, muito provavelmente, por ser excedente de produção: quando não se possui capacidade para o processamento.

Ainda de acordo com a análise, para que a situação mude é necessária a instalação de lavadores de gases para tratar as substâncias e impedir que elas saiam como poluentes.

O professor de Química Francisco Manhães, porém, afirma que os equipamentos têm que ter dimensão proporcional à produção dos gases.

Para que esses gases poluentes não sejam lançados, indistintamente no ar, eles precisam ser tratados. O que são os lavadores de gases? São aparatos, equipamentos, que vão captar esses gases nocivos, com potencial nocivo, e vão de alguma maneira, transformá-los, neutraliza-los. Agora, não adianta, você instalar um lavador com uma certa capacidade, quando a indústria está produzindo muito mais, porque ele não dá conta, não dá vazão, afirma o professor.

O levantamento ainda mostrou que, de janeiro de 2013 a dezembro de 2015, foram registradas 3.660 internações por problemas respiratórios em Volta Redonda, o que corresponde a 9,04% das hospitalizações desse período.

39% eram idosos e 17% crianças menores de cinco anos.

A moradora Bruna Trindade conta que começou a ter crise de asma desde que retornou para Volta Redonda.

Eu nasci em Volta Redonda. Quando eu era criança, eu não tinha asma. Eu morei no Pará, durante a minha infância, então eu não morava aqui. E eu nunca tive problema de respiração antes, eu não era uma criança que tinha alergia, que tinha problema respiratório. E quando eu voltei para cá, para Volta Redonda, eu comecei a ter asma, então eu associo, com certeza, à poluição. Eu comecei a ter crise de alergia, bronquite, desenvolveu para asma, e tenho certeza que foi poluição. Quando eu morava em outro lugar, eu não tinha isso, comenta Bruna Trindade.

Na semana passada, o vereador Raone Ferreira pediu que o Governo Federal intervenha na cidade para encontrar uma solução para a poluição.

A solicitação foi feita em reunião com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

 

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