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Oxi-bio o que?

Livrevista de maio de 2008

Conheça as possíveis alternativas às sacolas plásticas

Danielle Nagase

Preocupados com o meio ambiente e impulsionados a acabar com a circulação de sacolas plásticas confeccionadas com material sintético (petróleo), devido ao Projeto de Lei 1494/07 do deputado Edson Santos, pessoas têm desenvolvido práticas alternativas à questão.

A mais falada destas escolhas é a substituição do material sintético na produção pelo oxi-biodegradável. Tal nome é dado ao processo de degradação do plástico que utiliza aditivos para acelerar sua decomposição, contando com o auxílio do oxigênio, da temperatura e de processos mecânicos – vento, chuva, etc. Assim, o plástico oxi-biodegradável agride menos a natureza, pois seu tempo de vida é bem menor que o do plástico convencional: em 18 meses ocorre a sua degradação completa.

“Estas sacolas são bastante viáveis. Já existem, no país, mais de 120 fábricas as produzindo e, além disso, migrar a confecção para este tipo de material não requer grandes esforços, já que não é necessário mudar em nada a linha de produção. O acréscimo do preço dessas sacolas [de 2 a 5%] é muito barato se contarmos o ganho ambiental que proporcionam”, afirmou Cláudio Jorge, presidente da Funverde. “Não muda nada para o usuário, mas muito para o meio ambiente”, acrescentou.

Funverde

Slogan da campanha da Funverde a favor das sacolas oxi-biodegradáveis e a sacola retornável desenvolvida pela ONG

A rede de supermercados Walt Mart informou que não trabalha com as sacolas oxi-biodegradáveis, mas como também se preocupa com a quantidade de plástico lançada ao meio ambiente e com os prejuízos que traz, a rede disponibiliza a seus clientes, primeiramente nas unidades do sul do país, sacolas retornáveis como alternativa às de material sintético. As novas opções são: sacos de papel, sacolas retornáveis de lona ou de algodão cru e caixas plásticas e de papelão. Enquanto umas são biodegradáveis, outras são reutilizáveis.

“No varejo, muitos dos resíduos sólidos são gerados por fornecedores e clientes, mas nós do Wal Mart Brasil também assumimos nossa responsabilidade. Fornecendo opções de embalagens ecológicas aos nossos consumidores, estaremos ajudando a diminuir a quantidade de plástico depositado na natureza”, afirmou Luiz Zacharias, diretor regional da rede de supermercados.

Controvérsias à proibição do uso das sacolas de plástico convencionais surgiram. Umas sobre sua eficácia, mas principalmente sobre seu impacto econômico. Por serem mais caras que as de material sintético, a população começou a temer que o custo das oxi-biodegradáveis fossem mexer com seu bolso. “Cada caso é um caso. Vai depender do tamanho da empresa, de seu poder aquisitivo e do que é vendido também. Aqui, o valor das sacolas não será repassado ao consumidor, já que esse valor é muito baixo em relação às mercadorias”, afirmou Maristela Tsuchiya, gerente da óptica e relojoaria, Tic Tac.

Mudança de hábito?

Desde 1862, com a invenção de uma resina sintética, pelo químico inglês Alexandre Parkes, que o plástico figura como utensílio na vida do ser humano. Com o surgimento das sacolas plásticas, elas foram apontadas como favoráveis ao crescimento econômico, pois reduziam os custos da indústria e do comércio, por serem mais baratas que as de papel.

Com o passar dos anos, e os recursos se tornando escassos, com a poluição da natureza pelo homem e com todos os problemas que vieram e ainda vêm à tona, os benefícios das sacolas plásticas foram colocados em questão. “Antigamente, a população e o consumo eram muito menores do que hoje, fazendo com que o impacto da mudança de um padrão de sacolas para outro [de papel para de plástico] não fosse sentido naquela época”, comenta Cláudio Jorge, presidente da Funverde (ONG que zela pelo meio ambiente).

“Sacos plásticos não tem vida própria, só tem utilidade quando associados com outros objetos e, mesmo assim, ela é passageira. Depois de transportar compras no supermercado, ele já não é mais útil. Mas qual seria o problema? É que depois que ele se torna inútil, ele não volta para o supermercado para ser útil novamente. E ele ainda terá uma longa vida perambulando pelo mundo a fora”, alertou Silveira Neto, em seu blog, Eu podia tá matando.

eupodiatamatando.com

Elas também são vítimas do plástico

Com toda essa polêmica, ou até mesmo devido ao Projeto de Lei 1494/07, as sacolas retornáveis surgiram como alternativa às sacolas sintéticas e até mesmo às oxi-biodegradáveis para quem preferi-las. Isso trouxe um velho hábito da população à tona: “No meu tempo não existia nada disso não. Quando nós íamos à venda, levávamos uma sacola de pano, que nós mesmos fazíamos, para carregar as compras”, declarou a aposentada, Zenaide dos Santos, ao contar como faziam antigamente, já que ainda não existiam sacolas nem de papel, nem de plástico.

“Era uma cena muito típica: minha mãe pegando uma velha sacola, que era de plástico também, só que mais resistente e levando mais uma vez para a feira. Eu não me lembro disso ser um estorvo, era algo comum, simples e normal. Todos viviam suas vidinhas sem sacos plásticos e talvez, sem saber, éramos mais felizes”, acrescentou Silvério na mesma postagem.

Também apoiando o fim das sacolas plásticas e assim, o Projeto de Lei, está a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da cidade de São Paulo. Ela desenvolveu o projeto Eu não sou de plástico, que também incentiva a utilização de sacolas de pano. “O homem precisa se sensibilizar mais e se preocupar com a natureza. Não é possível ficar indiferente às sucessivas tragédias que destroem a Mãe Terra. A iniciativa de reverter a situação começa dentro de casa e juntos podemos fazer muito”, declarou o estilista Januário Vaiano, no site da campanha.

Proibição do uso de sacolas plásticas

Reciclar, atividade na qual materiais passíveis de serem reaproveitados são desviados do lixo, separados e processados para serem reutilizados como matéria-prima na manufatura de novos produtos. Não é difícil se deparar com projetos que esclareçam e incentivem a reciclagem. O que é difícil é encontrar pessoas que realmente fazem a sua parte para atingir o chamado desenvolvimento sustentável – aquele que atende às necessidades presentes sem comprometer a possibilidade de que as gerações futuras satisfaçam as suas.

As sacolas plásticas fabricadas com resina sintética (petróleo), encontradas em estabelecimentos comerciais, são um exemplo da insuficiência da reciclagem – apenas 16,5% dos resíduos plásticos pós-consumo são reciclados (no Brasil, são produzidas 1,2 bilhões de sacolas plásticas por ano). “Desde que as sacolas de papel foram trocadas pelas plásticas, o custo empresarial diminui e o ambiental aumentou. Com o crescimento da população e do consumo, desde as pequenas até as grandes cidades estão sentindo os prejuízos”, relatou Cláudio Jorge, presidente da FUNVERDE, ONG que zela pelo meio ambiente).

Funverde

O lar das sacolas plásticas daqui até os próximos 100 anos

Depois de utilizadas, as sacolas são destinadas a acondicionar o lixo ou são descartadas em lixões, aterros sanitários ou em lugares inapropriados – rios, florestas, bueiros -, permanecendo no meio ambiente por mais de 100 anos. Sacos plásticos contaminam o ambiente aquático, matam animais, que os confundem com algas, provocam enchentes e colaboram com o efeito estufa, já que o resíduo orgânico contido dentro deles é decomposto por bactérias, que na ausência de oxigênio realizam respiração anaeróbica, liberando gás metano, que é 21 vezes mais prejudicial que o gás carbônico. Além disso, o plástico impede a passagem de água, retardando a decomposição de outros materiais.

Foi pensando nestes problemas, que o deputado Edson Santos (PT-RJ) desenvolveu o Projeto de Lei 1494/07, ainda em tramitação, que diz em seu art. 1º: “Esta lei obriga o acondicionamento de qualquer material de uso doméstico, comercial, industrial, administrativo ou hospitalar e os resíduos sólidos de qualquer procedência, cujo reaproveitamento ou destinação final seja em território nacional, em recipientes confeccionados com material oxi-biodegradável”.

“Entendemos que tal regulação por parte do Estado é capaz de impulsionar e orientar todo o mercado para um comportamento condizente com os desafios que temos pela frente de ajustar nossa economia aos limites físicos determinados pelo meio ambiente”, declarou Edson Santos, em sua justificativa ao Projeto.

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