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Qual a idade mínima para a criança brincar com a natureza?

Dia desses uma mãe nos perguntou: “Qual a idade mínima para levar meu filho para brincar com a natureza?”. Nesse exato momento sentimos um estranhamento. Vocês também sentiram? Prestem atenção à formulação da pergunta: “Qual a idade mínima para levar meu filho para brincar com a natureza?”.

Somos natureza. Cada um de nós é uma parte da natureza se expressando. Quando um bebê nasce, ele é natureza pura. Aos poucos, conforme cresce, esse bebê recebe informações de sua cultura. No caso de nossa sociedade, hoje nos afastamos tanto que perdemos a percepção de que somos natureza.

Então, a pergunta certa a se fazer, em nossa visão, seria: “Qual a idade mínima para meu filho ficar horas em espaços fechados, sem exposição ao sol, exposto a telas e ao ar condicionado?”. Pois esta é a situação que não é natural, mas que se tornou predominante em nossos dias.

Em ambientes fechados, a exposição a situações que causam doenças e problemas à saúde é maior. Estar do lado de fora, em ambientes naturais traz contribuições para a saúde de todos os bebês. Quando nascemos, desde os primeiros dias, todo o nosso sistema sensorial está se desenvolvendo. A maneira como a luz, as sombras, os movimentos, os sons e os cheiros chegam até nós, neste período, fazem parte deste desenvolvimento sensorial.

A natureza é um ambiente totalmente sensorial e nos afeta em todos os sentidos. Foi no contato sensorial com todos os outros seres não humanos que, na história recente da evolução da vida na Terra, nos tornamos quem somos hoje: humanos!

Pense num bebê deitado num berço dentro de casa. O que ele ouve? O que ele vê? Como ele percebe o seu corpo? Muitos bebês passam bastante tempo de seu dia desta maneira e nem sempre em berços. É comum também os encontrarmos em carrinhos, em “bebês-conforto”, apoiados em almofadas que os envolvem por inteiro –  num espaço que limita seus movimentos e percepções de si mesmo e do mundo.

Quando ele tem a possibilidade de estar ao ar livre, seja no colo de um adulto ou deitado num gramado à sombra de uma árvore, suas percepções mudam. Ele encontra uma riqueza muito maior de possibilidades para se desenvolver. Os sons calmos e ritmados vêm de diferentes distâncias e direções em diferentes intensidades e frequências. As folhas das árvores balançam com o vento formando um riquíssimo e diversificado jogo de luzes. Existem árvores mais próximas, outras mais longe. O chão é firme e dá sustentação a seu corpo para que experimente seus movimentos com segurança. Algumas coisas ele consegue tocar conforme se move. Assim, seu corpo vai se organizando, e ele percebe a si mesmo e ao mundo. Nesse ambiente, formam-se conexões e criam-se memórias.

Por tudo isso, não há idade mínima para estar do lado de fora, brincando com a natureza. Os primeiros anos de vida passam muito rápido e nesse período associações importantes acontecem para que o bebê perceba o mundo.

Se esperarmos a “idade certa” para sair pode ser tarde. Aproveitem os bebês, encantem-se com seus olhares, a maneira como percebem tudo pela primeira vez. Essas experiências em ambientes naturais podem começar muito cedo e são bases essenciais para toda a vida.

Foto – Renata Stort

Fonte – Ana Carolina Thomé e Rita Mendonça, Conexão Planeta de 13 de setembro de 2018

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