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Viabilizando a agricultura orgânica

Não é só por questões ecológicas ou ecossistêmicas exclusivamente que se deseja a construção de uma agropecuária equilibrada. Mas é principalmente pelo ser humano, que também faz parte do meio natural, que se deseja uma construção de vida diferenciada. Todas as evoluções das escolas agropecuárias, envolvendo cultivos orgânicos, naturais, biodinâmicos e outras que não são considerados agroquímicos, poderiam ser classificadas como alternativos ou não convencionais e buscam a obtenção de uma produção que seja abundante, suficiente e com parâmetros econômicos.

Os procedimentos práticos são relativamente fáceis e suficientemente descritos em abordagens técnicas próprias. O que se reflete é sobre princípios e diretrizes que estão fundamentando estas apropriações. É almejado um novo conceito de produção e comercialização agrícola, na qual os produtores devem deixar de ser considerados apenas como receptores de tecnologia, conselhos e informações, com os agentes consumidores passando a ter um papel ativo. Ambas as partes devem interagir permanentemente de forma construtiva, harmônica e socioambientalmente responsável.

Esta nova abordagem das questões gerais da agropecuária deve incorporar a capacidade de produção de conhecimentos dos agentes do campo, inclusive culturas históricas e tradicionais que já tiveram suas resultantes historicamente demonstradas. O interesse e a participação dos consumidores dirigem diretrizes e fundamentam concepções e orientações de mercado e também determinam formas de trazer todos estes agentes e seu conhecimento tradicional ou criado, de volta para o campo da produção de conhecimentos formais para toda a agropecuária.

A tendência sempre, é que a geração do conhecimento tenda a ser um processamento local, uma vez que deriva e é influenciada pela experiência direta dos processos de trabalhos. Que normalmente são muito influenciados por variáveis muito próprias do conjunto de caracteres locais, sendo formados e delimitados, pelas diferentes características de um geobiossistema específico particular, com um ambiente físico, biológico e social específico.

Existem grande quantidade de práticas de agricultura ecológica e orgânica, e seu conhecimento e sua sucessão temporal, são instituídas por conhecimento tradicional com raízes locais. Como a cobertura morta e a superfície viva do solo, o controle biológico de pragas e fitopatógenos, com exclusão do uso de agrotóxicos. Ou com a utilização de adubação verde, uso de biofertilizantes, rotação e consórcio de culturas, entre outras técnicas.

Estes processos são utilizadas na preservação do solo e adotam princípios análogos aos da reciclagem dos recursos naturais, pela ação benéfica dos microrganismos que decompõem a matéria orgânica e liberam nutrientes para as plantas.

Compostagem e transformação de resíduos vegetais em húmus no solo, preferência ao uso de rochas moídas, permite a correção da acidez do solo com carbonato de cálcio ou de cálcio e magnésio, que sofrem substituição diadóxica na substância, calcítico ou dolomítico.

Para Alves et al (2012), a concepção de resgate de formas de cultivo da terra e de algumas antigas práticas rurais tradicionais, ao contrário do que possa ser interpretado, não é um retorno ao passado, mas uma visão de futuro que visa recuperar o domínio do conhecimento e da observação sobre os processos produtivos agropecuários.

É a apropriação de uma avançada tecnologia que possibilita a produção de alimentos e outros produtos vegetais e animais, estabelecendo um convívio harmônico entre o homem e o meio ambiente, com a mínima intervenção sobre os domínios físicos e biológicos que constituem o meio ambiente.

A agricultura orgânica é entendida como um conjunto de processos de produção agrícola onde o elemento fundamental é o respeito absoluto aos processos naturais, como as funções diretas exercidas pela matéria orgânica e serrapilheira, sobre a recomposição orgânica e de nutrientes dos solos, de forma integrada.

A agricultura orgânica compreende todos os sistemas agrícolas que promovam a produção sustentável de alimentos, fibras e outros produtos não alimentares, como cosméticos e óleos essenciais. Esta produção deve ser realizada de modo ambiental, social e economicamente responsável. Com o objetivo maior de buscar otimizar a qualidade em todos os aspectos da agricultura, do ambiente e da sua interação com a humanidade pelo absoluto respeito à capacidade natural das plantas, animais e constituintes ambientais.

As principais características a serem incorporadas e mantidas na agricultura orgânica, biológica ou ecológica, se fundamentam na proteção e manutenção da integridade e fertilidade dos solos enquanto sistemas. E para isto a manutenção do equilíbrio biológico dos solos é fator decisivo. São os microrganismos presentes nos solos, que realizam todas estas funcionalidades.

Por isso, as intervenções mecanizadas, que produzem desestruturação dos solos e erosão dos terrenos são bastante cautelosas. Da mesma forma, o fornecimento de nutrientes por ações exógenas são evitados para não produzir desequilíbrios na homeostase do “sistema” solo. Com o objetivo de incrementar a autossuficiência em Nitrogênio, é estimulado o uso de leguminosas e inoculações de bactérias fixadoras de Nitrogênio nos solos.

O controle de doenças, pragas e ervas deve ser realizado através de rotação de culturas, pela presença de predadores naturais, ou ainda pela diversidade genética, e uso de variedades resistentes. Adubação orgânica, intervenções biológicas, extratos de plantas e caldas elaboradas com componentes naturais também podem ser empregadas.

Além de proteção permanente à flora e à fauna do ecossistema local, também são estimuladas as posturas que propiciam bem-estar das espécies animais de criação. E incremento das condições de trabalho, de forma a possibilitar oportunidades de evolução humana para as partes interessadas. Também é bastante considerada a postura de respeito à integridade das culturas tradicionais do local.

Em todos os processamentos de agropecuária realizados, se adotará boas práticas, mantendo higiene e asseio. Atividades extrativistas sempre devem ser harmônicas e sustentáveis. A unidade produtiva deve maximizar a utilização de energias renováveis, bem como incrementar todos os benefícios sociais resultantes das atividades, que preferencialmente devem ser compartilhados. E não perder o foco de que tudo começa e depende da manutenção de vida equilibrada nos solos.

Fontes: Artigo 1°, § 2º da Lei 10.831, que dispõe sobre a agricultura orgânica (BRASIL, 2003).

www.agrorganica.com.br

www.planetaorganico.com.br

www.hotearte.com.br

www.agroecologia.com.br

www.emater.mg.gov.br

www.agriculturaorganica.blogspot.com.br

ALVES, E. M; CUNHA, W. L. da. A IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA ORGÂNICA NA VISÃO SOCIAL E ECOLÓGICA. Revista Ciência, Apucarana-PR, ISSN 1984-2333, v.9, n. 1, p. 01 – 07, 2012.

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Celebração da vida [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

Fonte – EcoDebate de 04 de novembro 2015

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