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Plástico “verde” é mentira! Saiba por que…

Não caia no golpe da indústria para conquistar consumidores ecológicos

Plástico produzido com cana é tão prejudicial ao planeta quanto o comum

A indústria do polietileno recentemente anunciou uma novidade supostamente “ecológica”: o plástico produzido a partir da cana-de-açúcar. O que pode parecer super vantajoso não passa de um golpe de marketing para tentar conquistar os consumidores que preferem produtos sustentáveis. Lançado com alarde e apoio governamental por um grande grupo do pólo petroquímico brasileiro, o produto é tão prejudicial à natureza quanto qualquer outra resina artificial.

A grande notícia anunciada foi a produção do plástico a partir de um recurso renovável: o álcool etílico. Acontece que o impacto ambiental não é causado pela matéria-prima, e sim pela molécula criada em laboratório, que não é gerada pelo processo natural da vida, mas artificialmente pelo ser humano. Portanto, não pode ser absorvida, degradada ou reaproveitada pela biosfera do planeta.

Outra mentira disseminada a respeito do falso “plástico verde” diz respeito à captura e fixação de gás carbônico. A informação divulgada é que, para cada tonelada deste polietileno produzido, cerca de 2,5 toneladas de CO2 são capturadas da atmosfera. Porém, a verdade é que este processo é realizado naturalmente pela cana-de-açúcar, assim como por qualquer outra planta, e não tem nada a ver com a produção do elemento químico que chegará à sua casa.

O polímero gerado neste caso possui as mesmas propriedades técnicas e de processabilidade das resinas fósseis. E o avanço da área de plantio tem como consequências o aumento no consumo de água, o uso de fertilizantes e de outros insumos. Além disso, utilização de zonas de cultivo para a produção de matérias-primas ocorre em detrimento de seu uso para a produção de alimentos.

O mais impressionante disso tudo é que esta estratégia conta com investimentos do governo nacional. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Petroquímicas de Triunfo (SINDIPOLO), dos cerca de R$ 450 milhões utilizados para a construção da planta industrial, 70% são do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que é dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Dos 30% restantes, 40% é da Petrobras.

Especialista esclarece o assunto

Para eliminar qualquer dúvida sobre a manobra de marketing executada pela indústria que lançou o falso “plástico verde”, o Nosso Bem Estar entrevistou o engenheiro agrônomo Luiz Jacques Saldanha. Fique atento e não se deixe enganar!

Nosso Bem Estar: Qual seria a suposta vantagem da origem vegetal do plástico?

Luiz Jacques Saldanha: Primeiro temos que entender que o que chamamos, normalmente, de ‘plástico’ é uma estrutura química, conhecida como polímero, que é completamente sintética. Ou seja, uma estrutura química que não é natural. Destaco: não foi criada pelo processo da vida e sim artificialmente pelo ser humano.

NBE: E o que isso quer dizer, em relação à origem do plástico?

LJS: Quer dizer que a origem dos elementos que formam a reação química que gera a resina plástica, não interessa. Simplesmente porque não é a origem deles que é o problema, mas sim como, em laboratório, favorecemos que surja uma estrutura química artificial. A união, que manipulamos, de determinados elementos químicos como carbono, hidrogênio, oxigênio e outros, gera este polímero que forma determinada resina plástica. E aqui é fundamental termos definitivamente em mente a necessidade de compreendermos a questão dos plásticos.

NBE: Como assim?

LJS: Porque não é a origem principalmente do elemento básico dos plásticos, o carbono, que causa poluição, mas sim a maneira como, artificialmente, nós viabilizamos que se forme no laboratório esta molécula que JAMAIS existiu na natureza! Assim o carbono vir de uma fonte ou outra, não importa, em princípio, em relação à questão da poluição e da destruição da vida que os plásticos têm causado em todos os ecossistemas onde acabam.

NBE: E por que?

LJS: Simplesmente porque estas moléculas – não vivas, mortas, alienígenas – não são reconhecidas pela vida e por isso não as consegue digerir, metabolizar para transformá-las noutras moléculas que formarão outras moléculas, outros seres, outros organismos, outros produtos e assim sucessivamente como vem sendo desde o início de todos dos tempos! Por isso dizemos que o plástico duraria (porque ainda não sabemos!) 100, 200, 500 anos, que eles são bioacumulativos, persistentes etc. Então ser o carbono e os outros elementos que formam esta molécula, esta resina, de fontes de origem vegetal, renovável ou não, é totalmente irrelevante quanto à poluição que o produto final, ‘o plástico’, causa no ambiente externo e interno de todos os seres, incluindo os humanos.

NBE: Mas quando e como surgiram estas moléculas tão mortíferas?

LJS: Historicamente, as poucas resinas como hoje são conhecidas nasceram mais como curiosidades laboratoriais ou por coincidência experimental, do que como um produto com uma finalidade determinada. Elas foram lentamente surgindo desde a metade do século XIX, tornando-se definitivas e de uso crescentemente e generalizado somente a partir da década de 50 do século XX quando se implantou no planeta esta visão de mundo, agora global, do consumismo, do descartável, do patenteamento e da concentração de produção e distribuição de produtos.

NBE: Por que?

LJS: Muitas delas tinham dificuldades de ficarem estáveis, difíceis de se tornarem os polímeros que formavam a resina plástica. No entanto, um químico alemão, Ziegler, observou que se colocasse na reação química uma determinada substância, esta catalisava o processo e assim de impossível, tornava-se viável criar o tal polímero artificial em algo que dava até um produto. E foi assim que se conseguiu, no período que circunda a segunda guerra mundial, tornar estáveis estas reações químicas que logo viraram produtos das grandes corporações que já dominavam o mundo industrial nos países centrais.

NBE: E como isso se torna um problema global?

LJS: Em razão da dominação econômica destas grandes transnacionais, condições foram se criando para se substituir matérias primas naturais por estas patenteadas, com um só dono, que começaram a tomar o lugar de muitas fontes de materiais que vinham das antigas colônias europeias, grandes fornecedoras destas matérias primas que geravam seus produtos comerciais. Como a sociedade planetária das décadas de 50, 60 e 70 ainda não estava completamente globalizada como agora, os efeitos dos plásticos só apareciam de forma marginal. Entretanto a partir dos anos 80, 90 e em diante, com o processo político de consumo mundializado de dominação, produção e consumo de mesmos produtos, acaba tornando todo o planeta num grande lixão. Oceanos e mares estão com imensas ilhas, algumas maiores do que o tamanho dos Estados Unidos, totalmente de plásticos que, por não se metabolizarem, por serem artificiais, ficam nestes remansos. Para sempre?

NBE: É inútil então dizer que, em relação ao plástico comum, oriundo do petróleo, há o benefício de se utilizar um recurso renovável?

LJS: Não! É totalmente útil ser dito isso!

NBE: Como assim?

LJS: É a grande tragédia da manipulação, agora não mais só no laboratório, mas nas mentes das pessoas pelas possíveis reações que poderiam ter se soubessem disso tudo, como é no chamado primeiro mundo ou países centrais. Poderiam se mobilizar e NUNCA MAIS usarem, porque entenderam a loucura dessa gente, todos, mas efetivamente todos, os produtos que não são naturais e sim criados pela mente louca desta civilização atual. Principalmente porque somos cada um de nós, quando usamos estas moléculas além das que também fazem parte dos plásticos como plastificantes, que estamos feminizando todos os machos da Terra bem como masculinizando todas as fêmeas, inclusive seres humanos, desde sua fase mais embrionária quando ainda são fetos indefesos!

NBE: O que há por trás da informação divulgada de que o processo de produção contempla a captação e fixação de CO2?

LJS: Realmente é a cana de açúcar, de onde se origina o etanol, o álcool, que se usa para tirar o carbono para se fazer a resina plástica, quem captura e fixa o gás carbônico, o CO2, COMO TODAS AS PLANTAS e JAMAIS o plástico, nem seu processo industrial! Se estivéssemos ligando esta história com o crime organizado diríamos que o dinheiro sujo que vem dai passaria pela célebre ‘lavagem de dinheiro’, mas aqui esta lavagem cerebral e este crime de tergiversar a informação, chamamos em inglês de ‘greenwashing’ ou ‘lavagem verde’.

NBE: Comparando com o plástico comum, qual o impacto ambiental relacionado à produção deste material?

LJS: Primeiro, esta é uma resina plástica ‘’comum’. Como vimos antes, a origem da fonte de carbono tem uma influência muitíssimo restrita em relação à poluição no universo do plástico. E vale a ressalva de que o petróleo que hoje está sendo demonizado, por não ser renovável, como a essência do problema da destruição ambiental feita pelo plástico, também é de origem natural como a cana. E já nos demos conta da poluição que o plantio de cana, em monocultura, causa? Mas isso é outra história.

NBE: Levando em conta a logística envolvida no processo de produção do plástico “verde”, para conduzir a matéria-prima até o Rio Grande do Sul e depois levar o produto final para as outras regiões do país, considerar este um material “ecológico” seria uma contradição?

LJS: Acho que por tudo o que vimos, este tal plástico JAMAIS será verde! E é uma ofensa chamar qualquer coisa que se relaciona a plásticos de ‘ecológico’. Isso é tão grave para todos nós como qualquer outra manipulação perniciosa organizada. Nos últimos tempos tem se falado em outros dois pontos também muito discutíveis que são o tal plástico ‘biodegradável’ chamado de oxibiodegradável e o plástico que seria originário de reações químicas totalmente diferentes das que temos empregado e que seriam realmente biodegradáveis. Mas não é isso que estamos agora tratando, portanto fica no ar este questionamento.

NBE: Qual a sua opinião sobre a utilização de recursos públicos para apoiar esta iniciativa?

LJS: Olha, este é o outro lado da tragédia que envolve poder econômico imiscuído com poder político e expressão da democracia. Parafraseando o que vimos antes, o resto, sem pretensão, me parece que seria ‘politicalwashing’! Para não dizer, trágico! Acho que esse dinheirão deveria ser justamente aplicado em tudo o que está na contramão desta visão de mundo… ‘modestamente’, no que acredito ser uma ‘eco-cosmovisão’.

Fontes – Nosso Futuro Roubado / EcoAgência Solidária / eCycle /  Nosso Bem Estar

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