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Quanta poluição atmosférica gera a produção da resina da sacola de São Paulo? Sustentabilidade, parte 3

Os impactos na atmosfera, aquecimento global, gases efeito estufa, emissão de fuligem e danos a flora e fauna. Estes são mais alguns dos impactos para produzir 51% de resina plástica de polietileno da sacola plástica não degradável de São Paulo. A mesma sacola plástica que vai para no lixo ou será largada no meio ambiente com poucas chances de ser coletada pelo deficiente serviço de limpeza pública.

Saiba mais sobre os impactos da produção do Etanol utilizado na produção da resina da sacola a partir da cana de açúcar permitida pelo prefeito de São Paulo, abaixo.

Atividade agrícola

Qualquer atividade agrícola que emprega recursos naturais, como água e solo, e usa insumos e defensivos químicos, como fertilizantes e praguicidas, provoca algum impacto ambiental. Contudo, é possível reduzir quaisquer impactos, ao fazer planejamento, ocupação criteriosa do solo agrícola e emprego de técnicas de conservação para cada cultura e região.

A produção de cana-de-açúcar provoca os seguintes impactos:

  • redução da biodiversidade, causada pelo desmatamento e pela implantação de monocultura;
  • contaminação das águas superficiais e subterrâneas e do solo, devido ao excesso de adubos químicos, corretivos minerais, herbicidas e defensivos agrícolas;
  • compactação do solo, devido ao tráfego de máquinas pesadas durante o plantio, tratos culturais e colheita;
  • assoreamento de corpos d’água, devido à erosão do solo em áreas de reforma;
  • emissão de fuligem e gases de efeito estufa, na queima de palha, ao ar livre, durante o período de colheita;
  • danos à flora e à fauna, causados por incêndios descontrolados;
  • consumo intenso de óleo diesel nas etapas de plantio, colheita e transporte;
  • concentração de terras, rendas e condições sub-humanas de trabalho do cortador de cana.

Dentre todos os impactos ambientais gerados pela agroindústria da cana-de-açúcar, o mais conhecido e mais discutido ao longo dos anos tem sido a queima da palha, método usado para facilitar a colheita. Mesmo com a Lei Estadual 11.241, de 2002, que veta a queima de palha de cana, ao ar livre, as regiões urbanizadas das cidades paulistas de Piracicaba, Ribeirão Preto, Araraquara, Catanduva e Jaú convivem com as queimadas desde a intensificação do Proálcool (Programa Nacional do Álcool), em 1975.

Aliada aos riscos de prejuízos econômicos, danos à fauna e à flora, as queimadas são responsáveis pela emissão de gases justamente no período de estiagem, quando as condições de temperatura, umidade e velocidade dos ventos são desfavoráveis à dispersão dos poluentes. Assim, a má qualidade do ar pode prejudicar a saúde.

O surgimento da legislação estadual que restringe as queimadas deve-se à:

  • desligamentos freqüentes de linhas de transmissão e de distribuição de energia elétrica;
  • efeitos estéticos indesejáveis causados pelas fuligens;
  • acidentes ao longo das rodovias;
  • incômodos ao bem-estar público;
  • incêndios descontrolados em matas e fragmentos florestais;
  • possibilidade de mecanização progressiva da colheita;
  • pressões, cada vez maiores, da sociedade civil.

A Lei 11.241, de 19/09/2002, regulamentada pelo Decreto Estadual 47.700, estabelece a proibição da queima em 100% dos canaviais mecanizáveis paulistas até o ano de 2021. A partir de 2006 até 2011, 30% da área deve ser colhida sem queima. Para as áreas não mecanizáveis, isto é, com declividade superior a 12% e/ou menor que 150 hectares, o término da queima ocorrerá em 2031. Nestas áreas, até 2011, pelo menos 10% devem ser colhidas sem queima. A União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), com base na safra 2006/2007, estima-se que 42% da colheita de cana foram mecanizadas. Entretanto, não há garantia de que tenha sido colhida mecanicamente sem queima.

Atividade industrial

Nas usinas de açúcar e álcool, o processamento da cana é feito com uso intenso de água. São empregados, também, reativos químicos e biológicos, como soda cáustica, cal, ácidos e leveduras. Como resultado do processo, são produzidos: açúcar, álcool e proteínas de levedura, além de uma série de resíduos sólidos, líquidos e gasosos (Figura 1 e Tabela 1).

Fig. 1. Produtos e resíduos da indústria canavieira.
Fonte: Lora (2000).

 

Fontes de poluição das águas e do solo

Tabela 1. Principais resíduos da produção de açúcar e álcool.

*Tonelada de colmo **Demanda bioquímica de oxigênio
Fonte: Lora (2000).

É prática comum incorporar grande parte dos efluentes líquidos à vinhaça para disposição no solo por meio da técnica de fertirrigação. Assim é feito com as águas geradas no processo de fabricação do açúcar e álcool, como as águas da lavagem de pisos e equipamentos, e as das purgas dos lavadores de gases, por exemplo. A vinhaça, resíduo do processo de destilação do álcool, é gerada à razão de 12 litros por cada litro de álcool e apresenta: temperatura elevada, pH ácido, corrosividade, alto teor de potássio, além de quantidades significativas de nitrogênio, fósforo, sulfatos, cloretos, entre outros. Seu despejo em rios e lagos provoca o fenômeno de eutrofização e morte dos peixes (Figura 2).

Fig. 2. Processo de eutrofização de um lago.
Fonte: Raven et al., adaptado por Langanke (2008).

O processo de eutrofização consiste no excesso de nutrientes, sobretudo os nitrogenados e fosforados, nas águas superficiais, o que promove um elevado crescimento de algas e outras espécies vegetais aquáticas. A morte e o apodrecimento desta flora aquática provocam um grande consumo do oxigênio dissolvido na água, levando à mortandade de peixes por asfixia.
As principais fontes de efluentes e produtos que provocam a eutrofização são:

  • esgotos;
  • fezes de animais domésticos, em particular de bovinos e suínos;
  • fertilizantes;
  • efluentes de certas indústrias, como as de: papel e pasta de celulose, destilarias para a produção de álcool e bebidas alcóolicas, abatedouro e processamento de produtos de origem animal, produção de açúcar, curtumes, entre outras.

A vinhaça é utilizada na agricultura há décadas, porém seu uso de maneira intermitente e desordenada tem gerado sérios problemas de poluição do solo e dos lençóis freáticos. Em 2005, a Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) publicou a Norma Técnica P4.231, que regulamenta a aplicação e destino da vinhaça. Foram estabelecidas restrições nas proximidades de núcleos urbanos e áreas de proteção permanente. A impermeabilização de canais e reservatórios de acumulação também é obrigatória.

A utilização de água na usina também pode causar impactos ambientais, como o rebaixamento do nível dos lençóis freáticos e nascentes. Com isso, as usinas tem que implantar técnicas de reuso da água, através de estações de tratamento de água (Figura 3,) construídas exclusivamente para esse fim. Outro ponto é o destino dos resíduos gerados pelos empregados da usina, uma vez que na zona rural não há rede de coleta de esgoto. Atualmente, aceita-se que esse esgoto seja tratado de forma aeróbica e misturado à vinhaça.

Fig. 3. Estação de tratamento de água.
Foto: Rogério Haruo Sakai.

Em relação às águas subterrâneas, é feito uso intensivo do Aqüífero Bauru e do Aqüífero Guarani no setor industrial e sanitário, nas áreas administrativas. A escassez de água, verificada em diversas regiões, forçou muitas usinas a explorarem cada vez mais as águas subterrâneas. Diversos poços perfurados muito próximos entre si provocam acentuado rebaixamento do nível dinâmico nos períodos de estiagem

O uso da torta de filtro, lodo obtido com a clarificação do caldo da cana, também pode contribuir com a poluição ambiental, dependendo da forma como é utilizada. Para cada tonelada de cana moída obtém-se cerca de 25 quilos de torta de filtro. Após a separação industrial, o resíduo é acumulado em áreas ao ar livre, diretamente sobre o solo, para armazenamento temporário até seu destino final, na adubação da cana.

A torta de filtro, juntamente com a vinhaça, tem largo emprego em canaviais como fertilizante e composto orgânico, respectivamente. Porém, não há registro destes insumos junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e não há estudos que tenham determinado as taxas de aplicação mais recomendadas para evitar a contaminação do solo e águas subterrâneas. Para prevenir a contaminação por resíduos de torta de filtro, é recomendado que as atuais áreas de compostagem ao ar livre sejam providas de base compactada e impermeabilizada com geomembrana de Polietileno de Alta Densidade (Pead).

A queima da palhada – para o corte – e do bagaço da cana nas caldeiras da usina libera grandes quantidades de material particulado (fuligem), que, em zonas urbanas próximas aos canaviais, causam problemas respiratórios, sobretudo em crianças e idosos, uma vez que o período de queimada coincide com o período em que a umidade relativa do ar está mais baixa.

O material particulado está associado aos resíduos de cinzas, fuligens e outros materiais. Ele provoca efeitos estéticos indesejáveis em virtude de sua cor escura e causa incômodos ao bem-estar da população, devido à sua precipitação em ruas e residências. Além disso, a inalação de material particulado penetra nos pulmões e diminui a capacidade respiratória.

Em relação ao óxido de nitrogênio, não há, no Brasil, tecnologia disponível para seu controle. Na presença de compostos orgânicos voláteis e intensa radiação solar, o óxido de nitrogênio gera o ozônio. As caldeiras fabricadas atualmente promovem a queima do bagaço em suspensão, isto é, em queda, o que limita a temperatura dos gases e gera, conseqüentemente, quantidades menores de nitrogênio.

Fontes consultadas

LANGANKE, R. Eutrofização. Disponível em: . Acesso em: 5 ago. 2008.

LORA, E. S. Controle da poluição do ar na indústria açucareira. Itajubá: STAB, 2000. 74 p.

Boletim do Instituto IDEAIS de 26 de outubro de 2015

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