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A Ambev lança a primeira garrafa de PET 100% reciclado

A Ambev, maior empresa de bebidas do país, lança a primeira garrafa de PET 100% reciclado — e com isso tem a ambição de mudar o status do plástico no Brasil

Quando o assunto é reciclagem no Brasil, não há disputa em relação a um fato: a latinha de alumínio é a estrela. Mais de 98% do que se consome dela no país volta para a indústria. Um feito que é impulsionado, sobretudo, por seu valor: 1 tonelada de alumínio prensado vale hoje 3.100 reais. 70 latas de alumínio pesam 1 quilo, portanto, são necessárias 70.000 latas de alumínio para 1 tonelada de alumínio.

Outros materiais, porém, não têm o mesmo status. Um exemplo são as embalagens de plástico PET. Seu índice de reci­clagem é de 57%. Por esse motivo, um volume enorme do material ainda vai parar em lixões ou é simplesmente descartado em terrenos baldios e rios. 1 quilo de garrafas PET equivale a 16 garrafas de 2.5 litros ou 20 garrafas de 2.0 litros ou 24 garrafas de 1.5 litros ou 26 garrafas de 1.0 litro ou 36 garrafas de 600 ml.

No início de novembro, no entanto, a Ambev, maior fabricante de bebidas do país e também uma das maiores consumidoras de PET, deu um passo com a intenção de conferir ao plástico, no médio prazo, a mesma atratividade que atualmente tem a lata de alumínio. A empresa começou a introduzir no mercado o guaraná Antarctica de 2 litros em uma garrafa de PET que é 100% reciclado.

Ou seja, se até então essas garrafas de guaraná já eram verdes na cor, agora elas ficaram verdes mesmo, porque serão feitas de embalagens de PET descartadas.

A corrida da Ambev para lançar a garrafa PET 100% reciclado começou em 2009, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), depois de oito anos de discussões, permitiu que o PET reciclado fosse usado em embalagens de alimentos e de bebidas. A Coca-Cola, sua principal concorrente, conseguiu fazer barulho primeiro ao lançar, em 2011, uma embalagem produzida com 20% de PET pós-consumo.

A Ambev demorou mais tempo para encontrar fornecedores aptos a dar conta do desafio. Até o final deste ano, 12% das embalagens PET de 2 litros do guaraná Antarctica serão 100% recicláveis. Para 2013, a meta é chegar a 20%.

Isso significa reintroduzir no mercado 66 milhões de garrafas PET descartadas — ou sete piscinas olímpicas do material prensado que poderia ser destinado a aterros. “Com isso, vamos aumentar a demanda pelo PET e estimular a reciclagem desse material”, diz Ricardo Moreira, vice-presidente de refrigerantes e não alcoólicos da Ambev.

Não há questionamentos no mercado quanto ao mérito ambiental da nova embalagem da Ambev. Além de contribuir para uma geração menor de lixo, a fabricação de uma garrafa PET reciclada demanda 70% menos energia e 20% menos água do que a de uma garrafa feita de material virgem.

As dúvidas pairam sobre quanto a iniciativa pode realmente influenciar a cadeia de reciclagem do material. Afinal, diante do volume total de PET consumido atualmente no país — foram 514 000 toneladas no ano passado —, as sete piscinas olímpicas da Ambev perdem impacto.

Para Auri Marçon, presidente da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), a empresa terá de usar um volume bem maior de PET reciclado se quiser realmente fazer a diferença no setor. Além disso, há o fato de que, hoje, o gargalo na cadeia de reciclagem do plástico não está na falta de destinos para o material pós-consumo, ainda que a descoberta de mais um deles seja vista com bons olhos.

A indústria têxtil, por exemplo, é responsável por 39% do volume reciclado. “O problema da reciclagem do PET é a falta de coleta seletiva”, afirma Marçon. “Por causa disso, em algumas épocas do ano, as recicladoras chegam a ficar com ociosidade de 30%.”

A direção da Ambev afirma que a estratégia de criar uma nova demanda para o PET pós-consumo vai ajudar a elevar o preço desse material no mercado e estimular a coleta. Atualmente, a tonelada da resina PET vale cerca de 1 600 reais.

Moreira também não teme que a empresa sofra com a falta do material, uma vez que espera receber parte importante do volume necessário diretamente das 134 cooperativas de catadores que apoia.

Quando o assunto é o aumento nos percentuais do material pós-consumo usado depois de 2013, porém, as declarações do executivo são vagas. “Queremos expandir a garrafa PET reciclada para todo o portfólio de guaraná Antarctica até 2014”, diz ele. A Ambev é uma empresa conhecida por ter metas agressivas para absolutamente tudo e por se esmerar em cumpri-las. Espera-se que a regra valha também para a PET verde.

Parabéns à iniciativa da Ambev. Claro que eles sozinhos não conseguirão reciclar 100% de todas as PETs do país, mas eles ousaram, foram os primeiros a fazer de verdade e agora o governo e os cidadãos tem que exigir que todas as indústria sigam o exemplo e assim fica resolvido mais um problema ambiental sério, o descarte incorreto das PETs pós consumo.

Lembrando sempre que o ideal é o uso de embalagens retornáveis de vidro, nunca usar PET. Mas, se não houver outro jeito, que ao menos seja reciclável.

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