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A vida sem sacolas plásticas

Proibição da distribuição e da venda de sacolinhas no comércio da cidade de São Paulo impõe mudança de hábitos; entre as alternativas estão sacolas retornáveis e caixas de papelão

A lei que proíbe a distribuição e a venda de sacolas plásticas no comércio de São Paulo, aprovada pela Câmara Municipal na semana passada e logo sancionada pelo prefeito Gilberto Kassab (PSB), pôs os consumidores em uma encruzilhada. Se por um lado a retirada de circulação das sacolas traz benefícios, como a redução dos entupimentos em bueiros e do plástico descartado no ambiente, por outro impõe ao paulistano dilemas cotidianos. Como transportar as compras? E se não houver uma sacola retornável à mão? E o lixo doméstico, como descartar?

Para Eduardo Jorge, secretário do Verde e Meio Ambiente de São Paulo, é questão de hábito. “O que está sendo questionado com a lei é o uso excessivo das sacolas descartáveis. As cidades que já adotaram leis semelhantes, como Jundiaí e Belo Horizonte, mostram que o comércio soube se adaptar e a população aceitou a medida” diz Jorge.

Grandes redes do varejo se preparam para atender ao consumidor. No Grupo Pão de Açúcar, que engloba as redes Extra e CompreBem, os consumidores poderão adquirir sacolas retornáveis – os preços variam de R$ 2,99 a R$ 9,90 – ou solicitar aos funcionários caixas de papelão para transportar as compras.

Ligia Korkes, gerente de sustentabilidade do grupo, diz que a demanda por caixas de papelão gratuitas pode ser maior que a quantidade de embalagens disponíveis. “Pode faltar caixa e vamos avisar os consumidores.”

Fora da capital, a rede também venderá sacolas biodegradáveis, feitas com amido de milho, a R$ 0,20 a unidade. Mais rígida, a lei paulistana não permite a comercialização de nenhum tipo de sacola plástica. Agora sim Kassab, ou pode comercializar todas as sacolas com ciclo de vida útil controlado ou nenhuma delas, nada de privilegiar sacola feita de comida.

Experiências

Nove meses após o acordo com os supermercados que previa a extinção das sacolinhas plásticas, Jundiaí comemora a redução do envio para o aterro sanitário de 80 toneladas de plástico por mês, o que representa 720 toneladas no período. Os cálculos são da Associação Paulista de Supermercados. A adesão foi de 99% dos supermercados, que deixaram de distribuir 176 milhões de sacolas.

Agora, a cidade se prepara para estender a restrição à distribuição das sacolas para outros segmentos do comércio. Pesquisas locais apontam que 75% da população aprovou a medida.

No Estado do Rio, a legislação que estimula a redução do uso de sacolas plásticas, fiscalizada desde julho de 2010, não atingiu a eficácia esperada entre os consumidores, de acordo com balanço da Secretaria do Meio Ambiente. Cerca de 70% das lojas de grande porte cumprem a lei, mas a maior parte dos estabelecimentos deixa de oferecer o desconto de R$ 0,03 a cada cinco itens a quem não utilizar as embalagens. Desconto não convence ninguém, principalmente porque o desconto é tão pequeno que não dói no bolso. Tem que cobrar pela sacola e cobrar muito, só assim as pessoas entenderão que sacola faz mal, nem que a mensagem que eles entendam seja: sacola faz mal para o bolso, hahaha.

Mais branda que a lei paulistana, pois apenas estimula a substituição de sacolas comuns por embalagens reutilizáveis, o texto aprovado na Assembleia Legislativa do Rio em 2009 obriga os estabelecimentos a oferecer os descontos, vender embalagens mais resistentes e estabelece a troca de 50 sacolas plásticas por 1 kg de arroz ou feijão.

“Houve redução significativa do número de sacolas plásticas utilizadas, mas esperamos mais. A eficácia da lei poderia ser maior se a população se conscientizasse e exigisse o desconto em vez de utilizar a embalagem comum”, diz José Padrone, da coordenadoria de combate a crimes ambientais da Secretaria do Ambiente. / COLABORARAM BRUNO BOGHOSSIAN e ROSE MARY DE SOUZA, ESPECIAL PARA O ESTADO

Ninguém muda de habito sem pressão, as pessoas são acomodadas, preguiçosas, tem que existir lei que multe, que cobre, só assim ocorre a mudança.

Perguntas e respostas

1. Como transportar as compras, já que as sacolas plásticas agora estão proibidas em São Paulo?

Antes de ir às compras, consumidor terá de se programar e levar uma sacola retornável, que pode ser feita de lona, plástico, tecido ou qualquer outro material. Outra opção será levar um carrinho de feira; carregar uma mochila para transportar as compras ou pedir, nos supermercados, que as compras sejam acondicionadas em caixas de papelão. Se estiver de carro, o consumidor pode levar os itens até o porta-malas do veículo no próprio carrinho do supermercado.

2. E se o consumidor estiver desprevenido, sem uma sacola retornável à mão?

Nesse ponto, a lei aprovada em São Paulo restringe as opções dos consumidores, que não poderão comprar sacolas descartáveis, como ocorre em outras cidades. A opção será comprar uma sacola retornável (há modelos a partir de R$ 2,99 nas lojas do Pão de Açúcar, por exemplo), pedir a caixa de papelão ou transportar os itens na própria bolsa ou mochila que estiver carregando. Depois de algumas vezes esquecendo a sacola, certamente o consumidor terá aprendido a lição e não se esquecerá mais, principalmente porque este esquecimento tem um custo, o custo de adquirir uma nova sacola retornável.

3. A restrição às sacolas plásticas é válida também para feiras livres?

Alimentos vendidos a granel, como é o caso de hortifrútis comercializados em feiras livres e supermercados, poderão continuar sendo embalados em sacos plásticos descartáveis. O mesmo vale para alimentos que podem verter água – como carnes, peixes, laticínios -, que podem ser embalados com sacolas descartáveis. Aí a lei falha, pois deveria exigir que onde fosse impossível banir a sacola plástica de uso único, que essa obrigatoriamente fosse fabricada com material de ciclo de vida útil controlado, para aproximar o ciclo de vida da embalagem ao ciclo de vida do produto contido na embalagem. E mesmo onde seja imprescindível o seu uso, que a sacola com ciclo de vida útil controlado seja taxado, com o valor de 20 centavos, para desincentivar o seu uso.

4. A lei proíbe também sacolas descartáveis de papel?

Não, a lei aprovada em São Paulo proíbe sacolas de plástico. Não há qualquer restrição em relação às sacolas de papel, mesmo que sejam descartáveis. Sacola de papel é sacola com ciclo de vida útil controlado e deveria ser taxada, com preço de 20 centavos, para impedir seu uso indiscriminado, assim como o uso de qualquer sacola, pois ela também demanda terra fértil e água potável para ser fabricada e esses são recursos naturais preciosos, que não deveriam ser desperdiçados para se plantar sacolas.

5. Quando a lei passa a valer?

A legislação foi publicada no Diário Oficial em 18 de maio, então ela já está vigorando. No entanto, a lei ainda precisa ser regulamentada, o que deverá ser feito até 31 de dezembro pela Secretaria do Verde e Meio Ambiente de São Paulo. O comércio se prepara para banir as sacolas plásticas somente a partir do dia 1.º de janeiro de 2012. Aleluia! Já passou da hora!

6. A restrição às sacolas plásticas valem só para os supermercados ou contempla outros tipos de estabelecimento comercial?

A restrição vale para todo tipo de comércio – shopping centers, farmácias, lojas de roupas e calçados, etc. Lojas do comércio popular, como as da Rua 25 de Março, já estão discutindo qual solução será dada aos consumidores: só nas 3,5 mil lojas da região, estima-se que sejam utilizadas 250 mil sacolas/dia. Esses estabelecimentos poderão continuar oferecendo sacolas de papel, ou poderão oferecer sacolas reutilizáveis para venda. Imagine a quantidade de sacolas de papel na 25, não queremos nem pensar, solução estúpida, tem que ser sacola retornável. Ainda bem que as sacolas de papel não aguentam muito peso e portanto não serão a solução ideal.

7. Pesquisas apontam que 100% dos consumidores utilizam as sacolas plásticas descartáveis para colocar o lixo doméstico. Com a proibição, quais são as alternativas?

Os consumidores terão de comprar sacos específicos para descartar o lixo. Esses sacos são encontrados em supermercados e são mais resistentes, além de serem, na maior parte das vezes, feitos com plástico já reciclado. Já existem opções de sacos para acomodar o lixo feitos de plástico de matérias-primas renováveis. A empresa Embalixo, de Campinas (SP), está produzindo sacos plásticos de cana-de-açúcar para embalar o lixo. A vantagem ambiental, explica o diretor da empresa, Rafael Costa, é que, diferente do petróleo, o material absorve CO2 da atmosfera. Sai por R$ 0,14 a unidade.  Então tá, agora saco de lixo feito de comida, comida direto para o lixo, aiaiai. Saco de lixo tem que ter ciclo de vida útil controlado para não ficar 500 anos poluindo o planeta e ser fabricado com material reciclável para incentivar a cadeia da reciclagem, mas nunca com comida. Ah, você sabia que o saco de cana demora 500 anos para ser biodegradado, sumir da face da terra? Qual a vantagem em seu uso? Nenhuma, exceto a vantagem financeira que a máfia do plástico leva.

Outra opção será utilizar os sacos plásticos que continuarão a ser distribuídos (como os usados para embalar alimentos a granel ou que podem verter água) para dispor o lixo produzido em casa. Há ainda consumidores que estão usando jornal velho, dobrado em uma espécie de origami, para acomodar o lixo da pia da cozinha e do banheiro. Não esqueça o FLV, aquele saco de frutas, legumes e verduras, que continuará a ser distribuído, onde você coloca em cada um 1 maço de salsinha, 1 maço de cebolinha, 1 pimentão verde, 1 pimentão vermelho … enfim, são enormes e podem ser utilizados no lixo de banheiro e cozinha, para não irem direto para o lixo sem terem sido reutilizados.

Outro detalhe, se você fizer a separação do lixo para reciclagem você economizará 75% com sacos de lixo, pois o material reciclável corresponde a 75% do volume do lixo gerado e pode ser acomodado em embalagens retornáveis, como grandes sacos de lixo que voltam para você colocar novamente material reciclável, saco de ráfia, as caixas que você receberá no supermercado … enfim, opções não faltam, se você estiver preocupado com o preço do saco de lixo. E o saco para o lixo não reciclável – cozinha e banheiro – pode ser o FLV, como comentado anteriormente.

8.Qual o custo do saco de lixo?

Cálculos feitos pelo Sindicato dos Trabalhadores Químicos e Plásticos de São Paulo e Região apontam que, com a compra dos sacos de lixo, o consumidor terá um gasto mensal extra da ordem de R$ 11.

9. Quais impactos ao meio ambiente as sacolas descartáveis podem trazer?

Feitas de petróleo, as sacolas plásticas descartáveis podem demorar até 400 anos para se decompor no meio ambiente. Descartadas de forma incorreta pela população, entopem bueiros nas ruas e prejudicam a drenagem urbana. Podem ainda acabar em rios, lagos e mares, prejudicando a vida aquática. Peixes, aves, tartarugas e baleias morrem ao ingerir as sacolas por engano. A extração e o refino do petróleo utilizado para fabricar as sacolas descartáveis também são emissores de gases de efeito estufa, que agravam o aquecimento global. Cuidado, pois sacolas de uso único feitas de cana demoram 500 anos para se biodegradarem, mesmo sendo feitas de material orgânico, muito cuidado com as mentiras que a máfia do plástico conta. E sacolas feitas de comida – batata, mandioca, milho, arroz, trigo … – roubam comida do prato de humanos para serem utilizadas por meia hora. É literalmente, jogar comida no lixo. A melhor opção é a sacola retornável, carrinho de feira, qualquer opção que seja reutilizável.

10. De que modo a proibição pode ajudar a diminuir esse impacto? É realmente necessário banir as sacolas ou uma ampla campanha de conscientização resolveria o problema?

Só na cidade de São Paulo, estima-se que sejam usadas 650 milhões de sacolas/mês. No Estado são 2,5 bilhões/mês. Esse volume deixará de ser descartado incorretamente na cidade e reduzirá o volume de lixo que vai para aterros. Na avaliação do Instituto Akatu, ONG que incentiva o consumo consciente, as duas medidas devem caminhar juntas. “A criação da lei aliada à veiculação de uma campanha tem importância política: o cidadão percebe que tem obrigações, mas não está sozinho. As empresas e o governo também as têm” diz a ONG, em nota. Uma coisa que nos diverte muitíssimo é ver este número de 2,5 bilhões de sacolas por mês só no estado de São Paulo, significando 30 bilhões de sacolas por ano só no estado de São Paulo. Número finalmente vomitado pela associação de supermercadistas, número que sabíamos ser verdadeiro mas que era escondido a sete chaves pela máfia do plástico para esconder o lixo que geravam anualmente. Desde o ano passado a plastimorte, o braço pseudo ambiental da máfia do plástico estava com uma lengalenga de ter diminuido de 20 para 12 bilhões o número de sacolas plásticas de uso único fabricadas anualmente no país, desde 2008, esqueçendo que existem seres pensantes, que iriam contestar, acreditando que uma mentira dita muitas vezes acabaria sendo tomada como verdade. Não funcionou máfia, vocês foram descobertos.

Para entender

Diferentes tipos de plástico no mercado

Reciclado – Fabricado com plásticos usados e descartados. A maioria dos sacos pretos de lixo é desse material.

Plástico de cana – O “plástico verde”, feito de cana-de-açúcar, foi desenvolvido no Brasil pela petroquímica Braskem. Embora de matéria-prima renovável – ajuda a absorver carbono da atmosfera no processo de produção -, leva o mesmo tempo para se decompor que o plástico feito de petróleo. Leva 500 anos para se biodegradar e ainda usa terra fértil e água potável para ser produzido.

Biodegradável ou bioplástico – Feito com matéria-prima renovável, como milho ou mandioca, decompõe-se mais rapidamente na natureza. Em até seis meses, esse tipo plástico é decomposto. Outra vantagem da matéria-prima de origem vegetal é a substituição do petróleo, que produz mais gases de efeito estufa em sua extração e refino. Então, pois é, bem … vamos ter que comentar, não dá para deixar passar. Pessoal, gente, consumidor, cidadão, pare de acreditar em contos de fadas! Ninguém planta nada à mão, são usadas máquinas para preparar a terra, semear, passar adubo, veneno, colher, transportar a comida e este processo usa o que? Petróleo, gente, petróleo! São usados terra fértil e água potável para plantar comida – milho, mandioa, batata, arroz, trigo, qualquer alimento que gere amido pode potencialmente ser roubado dos nossos pratos para fazer sacola de uso único – e depois roubar esta comida da humanidade para fabricar sacola que será usada por meia hora e depois descartada imediatamente e se essa sacola não for para um local de compostagem – outra lenda urbana, praticamente não existem composteiras no país – liberará metano na sua decomposição, essa sacola inviabiliza a cadeia de reciclagem, pois não pode ser reciclada com plástico convencional, ao contrário da sacola oxibiodegradável. Essa sacola, por usar a mesma terra que seria usada para plantar comida, aumenta o custo da comida. Esta sacola de comida é um crime contra a humanidade.

Oxibiodegradável – Bastante difundido no comércio brasileiro, esse tipo de plástico é feito de petróleo e recebe um aditivo químico que acelera o processo de degradação das moléculas: o plástico pode se desfazer em 18 meses. Mas as substâncias químicas persistem no solo e na água. Aiaiai, dai-nos paciência. Esse plástico com ciclo de vida útil programado é a melhor solução para as aplicações onde o plástico é indispensável, como já comentado em parágrafos anteriores. A FUNVERDE apóia esta tecnologia desde 2005, após o recebimento de todos os laudos internacionais e nacionais que comprovam a sua eficácia e segurança ambiental.

Enfim, parabéns ao estado e à cidade de São Paulo, Parabéns ao Kassab por desafiar a máfia do pástico e deixar sampa mais bonita e segura para seus habitantes, os de hoje e os de amanhã.

Benvindas as sacolas retornáveis e mais um estado do Brasil!

Fonte – Estadão de 22 de maio de 2011

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