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É hora da Europa dar um olé no bisfenol-A

Um conselho internacional foi montado com oito pesquisadores importantes, que juntos declaram que a proibição do bisfenol pode claramente ser justificada com o que existe disponível em pesqusas científicas

O bisfenol-A (BPA) está com os dias contados. E não só no Estados Unidos, mas agora na Europa também onde uma crescente hostilidade vinda de consumidores e cientistas preocupados com seus riscos se uniram para dar o empurrão final necessário para sua proibição. Até a alguns meses atrás parecia que a ansiedade que cercava o BPA era exclusividade dos Estados Unidos e do Canadá, com alguns estados proibiram o produto utilizado em garrafas de policarbonato e como revestimento interno de enlatados. Enquanto isso, o assunto era pouco discutido por consumidores na Europa que pareciam satisfeitos com as garantias dadas pelos órgãos reguladores de alimentos. Porém nos últimos meses a oposição ao bisfenol A vem crescendo.

Mas por quê? Quase todas as agências reguladoras estavam determinadas a manter sua posição que o BPA não apresenta nenhum risco à saúde no nível de exposição atual. Manter-se fiel à ciência e longe da retórica sentimentalista é a melhor maneira de garantir alimentos seguros. E a ciência garantia que o bisfenol-A era seguro. Isso era o que diziam.

Jogo de pôquer – O primeiro arranhão nos argumentos aparentemente impenetráveis veio em janeiro de 2010 quando a FDA (US Food and Drug Administration) declarou que o BPA não apresentava riscos à saúde e simultaneamente pediu que sua utilização fosse aos poucos descontinuada em embalagens alimentícias. Também aconselhou um estudo mais aprofundado em substâncias que contêm o BPA.

Após algumas semanas, a França considerou que o uso de BPA era preocupante e julfou necessárias mais pesquisas. A Dinamarca foi um passo a frente e no mês passado proibiu temporariamente o bisfenol- A em embalagens alimentícias para crianças de 0 a 3 anos até que fosse provado que ele não apresenta riscos à saúde. O jogo que parecia ganho pelas empresas químicas e agências reguladores, parecia estar indo para o outro lado. A diferença na filosofia de proteção aos consumidores, quando falamos de alimentos, entre os Estados Unidos e a Europa pode também fazer que mudanças sejam mais rápidas. Nos Estados Unidos, é necessário ser demonstrado que a substância é prejudicial à saúde. Ou seja, produtos podem ser vendidos até que se prove o contrário. É claro que isso funciona bem na justiça humana, no entanto esse sistema é questionável quando se está lidando com uma substância potencialmente tóxica que pode prejudicar milhares de pessoas.

Já na Europa, usa-se o princípio de precaução, onde é possível proibir uma substância se houverem suspeitas de que é prejudicial à saúde. Ou seja, as indústrias precisam provar que a substância é inerte. Essa abordagem é exatamente a que foi usada na Dinamarca quando a proibição foi adotada e também na França que, além do projeto de lei da proibição, deu início a sua própria investigação sobre o BPA. É relevante dizer que as duas agências reguladoras estavam procurando basear suas decisões em estudos científicos. Na semana passada, um jornal da Inglaterra publicou vários artigos sobre os potenciais perigos do BPA mostrando claramente que o assunto está em pauta para consumidores. Um conselho internacional foi montado com oito pesquisadores importantes e juntos declaram que com o que existe hoje em dia disponível em termos científicos a proibição do uso do bisfenol A é justificada.

Qual o próximo passo da EFSA? E qual sera a decisão da EFSA que até não mostrou nenhum indício que pretende mudar sua posição anterior sobre o BPA? O corpo da EFSA é puramente científico – não é ligado a arena política. Mas sabe que existe uma dimensão política em todas as decisões que tomar. A Conferência internacional sobre o BPA que foi organizada no mês passado foi sem dúvidas uma tentativa genuína de compreender melhor os novos estudos e contou com a participação de especialistas de vários países, mas a reunião também pode ser vista como um exercício em busca da unanimidade. É de conhecimento de todos que a agência precisará do apoio de todos quando publicar seu próximo relatório sobre o assunto. O veredito está previsto para sair em junho. Mas independente do que a agência decidir, o BPA talvez seja recusado pelos próprios consumidores se eles decidirem que os riscos são muito grandes. Se a EFSA reafirmar sua confiança no BPA a indústria plástica persuadira seus oponentes a concordar e seguir a linha que os especialistas definirem já que é com eles que contamos para termos as informações mais recentes. Mas no final, o cliente sempre tem a razão e, se indústrias não ouvirem, arriscarão ganhar a batalha do BPA mas perderão a guerra.

Fonte – Rory Harrington, FoodNavigatorUSA.com de 12 de abril de 2010 / O Tao do Consumo

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