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Por que a mudança do clima não é vista como um problema moral?

Uma das razões é sua natureza abstrata

Um estudo na Nature Climate Change tenta esclarecer porque a humanidade, enquanto formada por seres morais, não percebe a mudança do clima como um erro moral de nosso tempo que precisa ser corrigido.

As razões incluem a natureza cognitiva e abstrata do problema, assim como a preferência dos humanos por um otimismo irracional e pelo fato de que preferem evitar uma admissão de culpa. Os pesquisadores que conduziram o estudo oferecem seis estratégicas psicológicas para lidar com estes desafios.

O uso de valores morais existentes é uma boa primeira estratégia, já que com relação à natureza e ambiente eles são tidos como entranhados em diversas culturas. Um estudo na Science Daily discutiu como certos valores culturais em alguns povos predispõe as pessoas a um comportamento voltado para a sustentabilidade. Se as pessoas reconhecerem que as necessidades de sustentabilidade devem ser priorizadas sobre ganhos de curto prazo, o mesmo se pode esperar também da mudança do clima como problema moral. Isto é importante para as metas de priorizar a sustentabilidade e a mudança do clima como imperativo moral.

A estratégia de “perdas versus benefícios” envolve fazer com que as pessoas assumam sua responsabilidade de contribuição à questão, e talvez sua culpa. Isto pode não funcionar bem para algumas pessoas, mas a meta permanece a mesma: reconhecer a mudança do clima como imperativo. A terceira estratégia é explorar o fato de que as pessoas tendem a ter uma ligação emocional com as coisas que valorizam. A quarta estratégia, de compensação, reforça a anterior, pelo fato de que o melhor meio de motivar pessoas não é atraí-las como alguma recompensa externa, mas fazer com que elas tenham um motivo interior para chegar a uma meta estabelecida. Todos os bons professores e líderes sabem disso: recompensas externas, por mais glamurosas que sejam, raramente motivam os esforços de longo prazo.

As duas últimas estratégias psicológicas, expandir a identidade grupal e sublinhar as normas sociais positivas, podem ser estabelecidas com firmeza apenas se as anteriores forem seguidas. Reconhecer a mudança do clima como uma questão de julgamento moral não ocorre em um quadro de grupo: um indivíduo deve tomar sua própria decisão e reconhecê-la. Mas o problema como imperativo, no entanto, é grande demais para qualquer pessoa individualmente. Uma vez que seja reconhecido, o desenvolvimento natural da consciência pessoal é comunicá-lo para um todo maior do qual o próprio indivíduo é parte. Como o clima é um fenômeno global, as duas últimas estratégias podem funcionar em um curto espaço de tempo.

Isto tudo pode parecer complicado, mas não é. Como seres intelectuais, os humanos têm o poder de entender seu mundo e o que está acontecendo é muito claro: é apenas quando nos tornamos humanos, com todas as nossas defesas e negações em jogo, que as coisas podem ficar um pouco complicadas. Parece que para a maioria de nós entender a mudança do clima como um tema é fácil, mas reconhecê-la como uma realidade não é, finaliza o Environmental Blog.

Fonte – José Eduardo Mendonça, Planeta Sustentável de 05 de novembro de 2012

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