skip to Main Content

Pratos vazios

Em especial na Science, cientistas pedem mudanças radicais na produção agrícola, de modo a suprir a demanda por alimentos em um cenário com população crescente, falta de áreas cultiváveis e aquecimento global.

A estimativa é que a população mundial chegue a 9 bilhões em 2050. Mas, enquanto o número de pessoas não para de crescer, o mesmo não se pode dizer do total de áreas cultiváveis, de água potável e de outros recursos fundamentais para a sobrevivência humana.

E aqui no país da malandragem, os mafiosos plantam comida para fazer combustível e agora plástico. Se isso não for uma insanidade, é muita bandidagem.

Como é que podem ter a coragem de usar terra fértil e água potável para plantar algo que não seja comida? O lucro sempre está acima de tudo e o empresário e o governo só se preocupam com o agora, sem vislumbrar o futuro terrível que nossos descendentes encontrarão ao nascerem numa terra sem recursos naturais, jogados no lixo pelos seus antepassados.

A edição desta sexta-feira (12/2) da revista Science aborda o tema da segurança alimentar em uma seção especial, com reportagens e artigos produzidos por dezenas de cientistas de diversos países. As conclusões não são boas.

Mesmo com os avanços científicos e nas tecnologias agrícolas, o número de pessoas desnutridas já passou do 1 bilhão. Em um cenário como esse, como fazer para alimentar o mundo sem exacerbar problemas ambientais e, ainda por cima, tendo que lidar com a questão das mudanças climáticas?

Para o painel de cientistas que participou do especial, a resposta está na adoção de medidas radicais na produção de alimentos. Os pesquisadores pedem aos líderes mundiais que “alterem dramaticamente suas noções a respeito de agricultura sustentável de modo a prevenir uma fome de dimensões catastróficas até o fim deste século entre os mais de 3 bilhões de pessoas que vivem próximas à linha do equador”, destacam.

Os pesquisadores clamam que os governantes “superem os conceitos populares contra o uso da biotecnologia agrícola”, particularmente com relação a culturas modificadas geneticamente, de modo a produzir mais em piores condições, e que os países tomem como base de suas regulações no setor os mais avançados trabalhos científicos.

É sabido que a transgenia não aumenta a produtividade de nenhuma planta, a única coisa que aumenta é o lucro do fabricante da semente que detém a patente de um organismo vivo. Um absurdo. E ainda para piorar, causa a extinção de plantas nativas.

O que tem que ser feito agora é sim usar plantas que se adaptem ao clima, mas através de cruzamentos entre as plantas mais resistentes ao calor e falta de água e não criando plantas Frankenstein. Temos que resgatar sementes que já já crescem há milênios em lugares com clima inóspito para adaptá-as à nossa realidade.

“Estamos diante de uma queda de 20% a 30% na produção agrícola nos próximos 50 anos nas principais culturas entre as latitudes do sul da Califórnia e da Europa e a África do Sul”, disse David Battisti, professor da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, e um dos cientistas que participaram do especial na Science.

A produção nas mais importantes culturas agrícolas declina drasticamente quando as temperaturas médias passam dos 30º C, apontam. E as projeções são de que o fim do século, nas regiões tropicais e subtropicais, será de temperaturas mais elevadas do que as mais altas registradas atualmente.

“Estamos cada vez mais preocupados por não saber o que é preciso fazer para alimentar uma população crescente em um mundo que não para de se aquecer”, disse Nina Federoff, conselheira para ciência e tecnologia da secretária de estado norte-americana, Hillary Rodham Clinton, outra autora do especial.

Mesmo sem o fator aquecimento global, segundo Battisti, alimentar uma população que crescerá 30% em 40 anos seria um desafio imenso. “Precisaríamos dobrar a produção atual de grãos nos trópicos”, disse. O problema, afirma, é que o clima mais aquecido reduzirá a produtividade, uma vez que a temperatura elevada reduz a eficiência do processo fotossintético.

Os cientistas estimam que o aumento na temperatura, a queda nas chuvas e o aumento da ação de pestes e patógenos poderão derrubar a produção de alimentos nas regiões tropicais e subtropicais do planeta em pelo menos 20% até 2050. Ou seja, mais gente com muito menos comida.

Os outros autores do especial destacam medidas para tentar enfrentar a situação, tais como desenvolver sistemas que permitam produzir mais com menos terra, energia ou água e reduzir a poluição associada com os pesticidas agrícolas.

Battisti aponta que a chamada “revolução verde” na agricultura resultou em um aumento de 2% na produção anual nos últimos 20 anos, especialmente por meio do uso de novas variedades de plantas e do melhor uso da fertilização e da irrigação.

Mas, apesar desses avanços, há pouca – ou mesmo nenhuma, em muitos lugares – nova terra disponível para plantio. Por conta disso, mais inovações são necessárias para lidar com esse panorama adverso.

“Precisamos de muitas ideias criativas, de um melhor casamento entre biotecnologia e agricultura e de melhor coordenação entre esforços públicos e privados por todo o mundo. Temos que pensar nas demandas de longo prazo por alimentos e nas ramificações ambientais e sociais de como iremos produzi-los”, disse Battisti.

Esqueçam a biotecnologia, temos sim é que diminuir a população mundial através de um rígido controle de nascimento. Ainda temos nos países pobres, inclusive no Brasil casais tendo 10 ou até 15 filhos e isto é um absurdo. Por que ninguém cita esta solução tão simples? Um casal ter mais que dois filhos atualmente é no mínimo imoral e inconsequente.

Não é necessário ser um gênio para entender que não podemos ter filhos como no início da humanidade, que o planeta não tem recursos naturais suficientes para todos, então tenhamos menos humanos para nos adaptar aos recursos naturais do planeta. Os governantes tem que assumir sua responsabilidade sobre o controle populacional e esterilizar quem já tiver dois filhos – vasectomia, implantes subcutâneos e outras soluções permanentes -, caso contrário, os seres que ainda não nasceram neste planeta sofrerão as consequências deste descaso por parte dos governantes.

O assunto é tratado sempre como algo impossível de ser resolvido, mas vamos pensar um pouco. O solo está ficando cada vez menos fértil, mesmo com adubos químicos. O país joga fora todos os dias 100 mil toneladas de restos de comida que se fossem separados do lixo reciclável e do rejeito, poderiam ser compostados e transformados no melhor adubo já inventado, o adubo orgânico, que não deixa resíduos no solo, não mata microorganismos bons para as plantas e que na verdade é o adubo ideal para o solo.

Não faz muito tempo as pessoas jogavam no solo o resto de cascas, sementes, folhas e raizes das plantas, permitindo que o solo se recuperasse. Hoje tudo que é produzido vem para a cidade para alimentar a população, mas o que não é utilizado vai para lixões e os poucos aterros existentes no país, não sendo aproveitado para recuperar o solo.

Outras soluções são diminuir o consumo de carne, ter hortas nos quintais que hoje estão com cimento, hortas comunitárias nas praças das cidades. Soluções existem aos montes e não é uma só que irá resolver o problema, mas todas juntas, mas parece que tem gente que quer complicar o assunto ao invés de sugerir as soluções óbvias e que também são as mais simples.

O artigo Radically Rethinking Agriculture for the 21st Century, de Nina Federoff, David Battisti e outros (10.1126/science.1186834), pode ser lido por assinantes da Science (Vol. 327, 12/2/2010) em www.sciencemag.org.

Fonte – Agência FAPESP de 02 de fevereiro de 2010

Foto – val’sphotos

Este Post tem 0 Comentários

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Back To Top