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Ser “verde” requer mudanças, diz Tensie Whelan

Considerada uma das 100 pessoas mais influentes em ética nos negócios pela revista Ethisphere, presidente da Rainforest Alliance quer tornar os produtos sustentáveis mainstream

“Se nos preocuparmos com o futuro de nossos filhos e netos, não temos escolha. Precisaremos mudar a forma como produzimos e consumimos”

De forma tímida, a certificação sócioambiental vem chamando atenção de grandes empresas, que enxergam neste atestado de produção sustentável a chance de se diferenciar da concorrência e acessar mercados mais exigentes. Mas ainda é preciso fazer o fruto desse trabalho – os produtos verdes – caírem nas graças dos consumidores.

No ramo há mais de duas décadas, Tensie Whelan afirma que a solução para tornar o “verde” mainstream é simples – e de mão dupla: “As empresas precisam fornecer e levar aos consumidores escolhas sustentáveis. E os consumidores têm que incentivar as empresas a fazer essas escolhas”, diz. Reconhecida como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo em ética nos negócios pela revista Ethisphere, Tensie é presidente da Rainforest Alliance, uma das organizações de certificação agrícola e florestal mais respeitadas do mundo.

A entidade, que completa 25 anos em maio, já certificou o equivalente a 160 milhões de campos de futebol em florestas voltadas para o manejo sustentável em 80 países. No Brasil, duas das maiores empresas do ramo de papel e celulose, a Suzano e a Kablin, contam com o selo. Tensie era uma das presenças mais aguardadas no Fórum Brasil Certificado, que vai até quinta (12) em São Paulo, mas por questões de saúde não pode vir. Ela falou de Nova York com EXAME.com. Confira alguns trechos da entrevista.

EXAME.com – O que define um produto verde?

Tensie – É um produto sustentável, aquele que é produzido de uma forma que é boa para as pessoas e boa para o planeta.

EXAME.com – Quais são os obstáculos para produtos verdes se tornarem mainstream?

Tensie – As resistências são várias. Primeiro, a sociedade está acostumada a produzir produtos de maneira que não protegem as pessoas ou o ambiente. O desafio aqui é encontrar uma nova forma de fazer negócios. Um segundo obstáculo é o fato dos consumidores terem se acostumado a pagar um preço baixo por produtos que nem sempre refletem os custos reais de produção, tanto em termos de salários dos trabalhadores, quanto de uso de água, solo, proteção da biodiversidade e outros serviços ambientais.

EXAME.com – Há uma crença disseminada de que ser verde é caro e difícil. Mas, de fato, os produtos sustentáveis costumam ter preço mais salgado que um convencional…

Tensie – Não necessariamente. Observamos que a produção sustentável pode aumentar a produtividade e qualidade e, além disso, reduzir os custos (por usar menos produtos químicos e recursos e gerar menos resíduos, etc). O problema é que muitas vezes os produtos convencionais são tão baratos, mas tão baratos, que a única explicação para eles custarem pouco é porque são produzidos explorando trabalhadores e o meio ambiente.

Precisamos ter em mente que ser verde requer mudança. Quanto mais abraçarmos essa ideia, mais fácil e menos cara ela será. E se nós nos preocupamos com o futuro de nossos filhos e netos, não temos escolha. Teremos que mudar.

EXAME.com – Em que setores do mercado a certicação sócioambiental está ganhando mais atenção e por quê?

Tensie – A mudança está acontecendo mais rápido no setor de alimentos porque as pessoas pensam mais sobre o que comem do que sobre outros produtos. Além disso, alguns dos problemas de segurança alimentar têm deixado os consumidores mais sensibilizados e atentos para a necessidade de saber de onde seu alimento vem. Por isso, é mais fácil conseguir a atenção do consumidor.

Pelo menos uma em cada dez bananas do mundo são certificadas (15%) pela organização, mais 3% do cacau e do café e quase 7% de todo o chá consumido [a marca Lipton é uma das que leva a certificação verde].

EXAME.com – Qual os papel das empresas, governos e investidores nesse processo?

Tensie – É um papel simples e fácil. As empresas precisam fornecer e levar aos consumidores escolhas sustentáveis. E os consumidores têm que incentivar essas empresas a fazer essas escolhas. No site da Rainforest Alliance é possível encontar uma lista de produtos cerificados.

EXAME.com – Os consumidores costumam ser céticos em relação às empresas que se dizem verdes, mesmo quando elas realmente estão fazendo a coisa certa. Como quebrar essa postura defensiva?

Tensie – As pessoas não fazem reclamações nem desconfiam quando há uma terceira parte envolvida, ONGs e insituições independentes que avaliam as práticas dessas empresas e dão seu parecer. A certificação é o atestado de que os produtos e serviços de determinada empresa são diferenciados, por terem a garantia de que são produzidos de forma socialmente justa e com baixo impacto ambiental.

Fonte – Exame de 11 de abril de 2011

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