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Uma peça de roupa pode libertar milhares de microplásticos numa só lavagem

Para onde quer que os cientistas olhem, estes parecem encontrar microplásticos que contaminam o meio ambiente – nas praias, nos pomares, no gelo do Ártico e agora, nas roupas que usamos.

Poliéster, nylon, acrílico e outras fibras sintéticas – todas estas são formas de plástico – representam cerca de 60% do material utilizado no fabrico de roupas. As fibras de plástico sintético são baratas e extremamente versáteis, o que permite a elasticidade e respirabilidade durante o calor, e o conforto e robustez das roupas de inverno.

Como os microplásticos são tão pequenos – e muitos deles acabam no fundo do mar ou na crosta oceânica- é difícil obter valores precisos deste impacto no meio ambiente. Contudo, um relatório da União Internacional para a Conservação da Natureza de 2017 estimou que cerca de 35% dos microplásticos que entram no oceano vêm através dos têxteis sintéticos. O relatório, citado pelo site ”Vox”, também destaca este como um problema global: os têxteis sintéticos são mais comuns nos países em desenvolvimento, que muitas vezes não têm instalações robustas de tratamento de águas residuais para filtrá-los.

Fonte: Christina Animashaun / Vox

Essas fibras, apesar de terem os seus benefícios para os consumidores, contribuem para a poluição dos oceanos de uma maneira subtil, mas decisiva. As estimativas variam, mas os tecidos ao serem lavados na máquina podem libertar centenas de milhares de misturas sintéticas apenas na primeira lavagem. Essas pequenas fibras, ou microplásticos – com menos de 5 milímetros de comprimento, com diâmetros medidos em micrómetros (um milésimo de milímetro) – podem demorar, mas chegam eventualmente ao oceano e atualmente, ainda não existem filtros suficientemente finos nem dentro das máquinas, nem nas estações de tratamento dos esgotos, que possam travar a passagem destas fibras.

Fonte: Christina Animashaun / Vox

Os microplásticos podem ser tóxicos para a vida selvagem, mas também podem agir como esponjas que absorvem outras toxinas na água. Pior, podem ser ingeridos por todos os tipos de vida marinha e acumular-se na cadeia alimentar. Um estudo recente descobriu que cerca de 73% dos peixes capturados nas profundezas do oceano no Atlântico Noroeste tinham microplásticos nos organismos.

Um artigo na Environmental Science and Technology estimou que “uma população de 100 mil pessoas produz aproximadamente 1,02 quilos de fibras por dia”. São 359 quilos de fragmentos individuais de microplásticos libertados por ano.

Soluções apontadas

Como podemos resolver este problema? Imogen Napper, uma cientista marinha da Universidade de Plymouth, refere que as soluções para serem eficazes têm que ser “acessíveis para todos”. “Muitas vezes, um consumidor consciente e amigo do ambiente é um consumidor com recursos. Não podemos esperar que todos saiam e comprem palhinhas de inox ou garrafas de água totalmente em vidro”, argumenta.

Mark Browne, um cientista ambiental da Universidade de Dublin, argumenta que a solução está nas máquinas de lavar roupa, e que é por aí que se deve começar. “As máquinas de lavar roupa precisam ser desenhadas para reduzir as emissões de fibras para o meio ambiente; de momento elas não são”, explica.

Contudo, o cientista refere que os fabricantes de têxteis também podiam produzir tecidos que libertem menos partículas, as empresas de vestuário podiam optar por essas soluções e os consumidores deviam ser mais conscientes.

Fonte – Green Savers de 27 de fevereiro de 2019

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