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Verniz interno de latas feito com bisfenol A reage com alimentos e cerveja

Estudo revela como substância usada no revestimento interno de enlatados aumenta a exposição de humanos a interferentes endócrinos

Pesquisadores da Holanda e Grã Bretanha descobriram que resíduos de bisfenol reagem com açúcares, proteínas e outras pequenas moléculas como, por exemplo, o etanol da cerveja. A pesquisa publicada no Journal of Agricultural and Food Chemistry, de março de 2010, explica que essa reação do bisfenol dá origem à formação de novas moléculas que podem ser absorvidas pelo corpo e prejudicar o sistema endócrino.

O bisfenol encontrado nas latas é do tipo badge (abreviação para bisfenol A diglicidil éter). Assim como o bisfenol A, o badge também interfere no bom funcionamento do organismo. Estudos científicos já associaram o bisfenol A à doenças como o câncer de mama e de próstata, distúrbios no coração, obesidade e hiperatividade. Além disso, os pesquisadores também apontaram problemas para os fetos, afetados durante a gestação, e para crianças pequenas que podem ter suas funções endócrinas prejudicadas.

O novo estudo avaliou a reação do badge em dois tipos de alimentos enlatados, atum em óleo de girassol e purê de maçã, e em três tipos de cervejas. A descoberta revela como é crítico entender a extensão da migração de químicos de revestimento de embalagens alimentares para o conteúdo interno da lata e para compreender o que acontece com esses compostos ao interagirem com alimentos e bebidas.

“Este estudo é importante por causa das implicações para a segurança alimentar”, diz Evan Beach, cientista químico da Universidade de Yale. De acordo com Beach, a União Europeia baseia sua regulamentação no quanto o badge pode migrar para alimentos a partir de sua reação com a água. Mas só 26% das moléculas de badge que desapareceram da lata foram encontradas na água. “O que significa que o restante continuava nos alimentos e na cerveja, contaminando-os.”

Há dez anos a indústria japonesa retirou voluntariamente o BPA do revestimento interno de latas e com isso conseguiu reduzir em 50% a exposição dos consumidores ao bisfenol A. Canadá, Dinamarca, França e Costa Rica, além de cinco estados americanos, três cidades do estado de Nova York e a cidade de Chicago restringiram o uso de BPA em certos produtos infantis como mamadeiras e no revestimento interno de latas de leite infantil.

No Brasil, a Anvisa afirma que recentemente discutiu com os países membros do Mercosul o uso de aditivos em embalagens e equipamentos plásticos. “O limite estabelecido foi o de 0,6 miligramas do produto para cada quilo da embalagem. Dentro desse parâmetro, a substância não oferece risco para a saúde da população”, disse, em nota.

A utilização do bisfenol A para a fabricação de recipientes de plástico, como mamadeiras e copos para bebês, está sendo questionada pelo Ministério Público Federal (MPF). De acordo com informações da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, divulgadas nesta segunda-feira, foi instaurado um Inquérito Civil Público para investigar os efeitos nocivos à saúde das pessoas expostas à substância. Segundo o MPF, o objetivo do inquérito é solicitar a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informações sobre a regulamentação da utilização do bisfenol A, além de um levantamento de estudos sobre os aspectos que podem trazer danos à população.

Alternativas – Pesquisadores já identificaram vários substitutos para o BPA no revestimento interno de latas. Algumas empresas como Eden Foods, fabricante de produtos naturais e orgânicos já oferecem enlatados BPA-free. A General Mills, outra grande empresa americana do ramo de alimentos, começou a vender tomates em latas sem bisfenol. Também existem outras embalagens livres de BPA, como o vidro e alguns plásticos não tóxicos. Essas substituições mais seguras ajudariam a quebrar o ciclo de contaminação química e a enorme quantidade de problemas de saúde associadas à exposição crônica e diária ao BPA.

Texto – Environmental Health News / Greenbiz / Science Daily / O Tao do Consumo

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