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Coca-Cola ignora discussão sobre o bisfenol-A

Clientes e acionistas da empresa pediam a divulgação das medidas usadas pela empresa para retirar o químico que é usado como verniz interno nas latas de refrigerante

Diante das recentes pesquisas que associam o bisfenol-A (BPA) à doenças e distúrbios no organismo humano, acionistas e investidores da Coca-cola protocolaram diversos pedidos na tentativa de saber como a empresa está lidando com o temor de consumidores em relação à substância.

Segundo notícia publicada no FoodProductionDaily.com e Washington Post, o grupo que encabeçou a proposta, formado pela Domini Social Investments, As You Sow, and Trillium Asset Management Corporation, alegou que a posição da empresa contrasta com outras do ramo, como a Eden Foods que baniu o BPA de seus produtos desde 1999. Para o grupo, a presença do bisfenol-A em produtos e embalagens pode colocar a reputação e a competitividade de qualquer empresa em risco, principalmente pelo crescente interesse público nos prejuízos à saúde causado pelo químico.

Em declaração enviada à FoodProductionDaily.com antes da votação da assembleia anual, a gigante de refrigerantes fez pouco da proposta dizendo que não achava que a informação pedida “seria útil aos nossos acionistas”.

Colocada em votação dia 21 de abril, a proposta teve adesão de 22% dos acionistas. O resultado, segundo o grupo defensor da proposta, mostra que a empresa não está preocupada em tomar medidas suficientes para tranquilizar os consumidores e acionistas sobre a segurança de seu produto. O representante da As You Sow, umas das três maiores empresas de investimento social responsável pela proposta, considerou a votação “excelente” e se comprometeu a fazer a proposta novamente para a convenção anual da Coca-Cola.

Ficando para trás – Michael Passoff, diretor sênior da As You Sow, comentou com FoodProductionDaily.com que poucas novas propostas como essa receberam de 5 a 6 por cento de apoio no primeiro ano que foram apresentadas. Isso torna o resultado da votação e o apoio à proposta do BPA bastante significativo, destaca Pasoff.

Os grupos RiskMetrics Group e Proxy Governance, a primeira e a terceira maiores empresas de consultoria do mercado de ações nos Estados Unidos, recomendaram aos acionistas votar a favor da proposta. CalPERS, o maior fundo de pensão dos Estados Unidos, votou com todas as suas 6.075.143 ações (que valem $346 milhões) a favor da iniciativa, assim como o Investor Environmental Health Network – um grupo de investidores que já foi avaliado em 41 bilhões de dólares.

Sobre o bisfenol-A – O bisfenol-A (BPA) é um elemento chave na fabricação de policarbonato e resinas epóxi – aproximadamente 3 milhões de toneladas são produzidas no mundo anualmente. Muitos plásticos que estão no nosso dia a dia, como equipamentos médicos, mamadeiras e embalagens, são feitos com policarbonato. A resina epóxi é utilizada como verniz interior de latas de alimentos e bebidas e também como selador de encanamentos. Pesquisas já associaram o BPA a uma maior incidência de problemas cardíacos, diabetes, anormalidades no fígado e também problemas cerebrais e no desenvolvimento hormonal em crianças e recém-nascidos. Alguns estudos também provam que o bisfenol é responsável pelo crescimento de células cancerígenas. A substância já foi proibida em vários países. Só nos mês de março, o BPA foi vetado na França, na Dinamarca e na Costa Rica. Nos Estados Unidos tanto o FDA quanto o EPA estão revendo as regras de utilização de plástico em embalagens de alimentos. Em Connecticut, Washington, Minnesota, Wisconsin e também na cidade de Chicago e Rockford o bisfenol já é proibido. Na Comunidade Europeia o uso do químico também está sendo reavaliado pela EFSAC.

No Brasil, A diretiva da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Brasil) é normalizada junto ao Mercosul e foi revista em março de 2008. Esta lei se baseia na da Comunidade Europeia de 2004 e define como 0,6 mg/kg o limite de migração máximo permitido em embalagens para alimentos e bebidas. A Anvisa ainda considera esse número seguro e não se manifestou sobre novas pesquisas e discussões em andamento nos Estados Unidos e Europa.

Fonte – Rory Harrington, FoodProductionDaily.com de 22 de abril de 2010 / Washington Post / O Tao do Consumo

Imagem – fabbio

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